Poemas, frases e mensagens de António MR Martins

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Partilhas vividas

 
Resmunguei
contigo, um dia...
rescaldo de
insensatez,
anexo de quem
porfia,
louvor que
satisfez.

Suprida a
profecia,
por cálice de
licor amargo,
êxtase, aprumo
eu saudaria,
não definido
por embargo.

Promessa continuada,
suplício ou, só, rigor...
candura inesperada
saliência de puro amor!...

Travos condimentados,
hortelã deste quintal;
registos ultrapassados
por paladar sem igual.

Olvidado num senão...
por marasmo que repele,
procuro na sofreguidão
o sabor da tua pele.

Nada enfadonho se torna
este rareado caminho,
pela luz que o adorna,
soberbo néctar, teu vinho.

Brindemos por esta via,
celebremos do mesmo modo;
registemos na poesia,
estas vinhas que eu podo!...

Findemos sem um lamento,
constância deste viver...
nuances de sofrimento,
serão para esquecer!...
 
Partilhas vividas

Às vezes

 
Às vezes
te encontro só,
mesmo que acompanhada...
nostálgica,
pensativa,
desenquadrada,
sem fulgor.

Às vezes
a penumbra
nos invade...
numa força superior
a um desejo,
que se não pode prever
ou antever,
sem rigor.

Às vezes
desmarco-me
das simulações,
destas situações
e fomento ilusões...
infundamentadas,
porque ultrapassadas
e consumadas.

Às vezes
és tão diferente...
eu paciente,
tu intolerante...
ofuscando o passado,
persistentemente,
e julgando o presente...
irrelevante.

Às vezes
eu
também pareço
não o ser!...
 
Às vezes

Beijos de cristal

 
Teus beijos...
ângulos rectos
em pleno fulgor,
sabor a alma,
preseverança e
afecto.

Teus beijos...
diversos aspectos,
rejúbilo de amor,
sensação calma,
bonança singela
após vendaval.

Teus beijos...
circunspectos,
dócil louvor
que leva a palma,
herança de ouro
de novo projecto.

Teus beijos...
supremos, directos,
de grande valor...
safira, salma,
topázio e granada
colossal.

Teus beijos
correctos,
frenéticos, suaves,
alvor, soneto,
romances arquitectos,
portas sem chaves,
talismã, amuleto,
epogeu em altos tectos.

Teus beijos
guardados,
mesmo dissimulados,
de paixão eventual,
sempre resguardados,
são peças de cristal!
 
Beijos de cristal

Aquele canto, aquela voz

 
Aquele canto,
aquela voz...

Trinados
de instrumentos
da vida,
retalhos
de letra
inventada.

Aquele canto,
aquela voz...

Partitura
de melodia
sofrida,
nuances
de música
encantada.

Aquele canto,
aquela voz...

Batuta
que comanda
a partida,
um som
sem imagem
separada.

Aquele canto,
aquela voz...

Repertório
com obra
florida,
sátira
constantemente
avaliada.

Aquele canto,
aquela voz...
como por espanto
saiu de nós!
 
Aquele canto, aquela voz

Tumultos à passagem do sistema

 
Peripécias desenvoltas
estimularam eloquências,
proferidas palavras soltas...
arcadas as consequências.
Síndroma desdenhado,
omitidas benevolências,
plano reestruturado...
aumentadas as exigências.
Trajecto reencontrado
de uma diferente forma,
apesar de transfigurado
alcançou a plataforma...
Quem do passado torna
jamais se provocará...
no sentido que adorna
os que agora estão cá.
Vindos do lado de lá,
optaram por outro caminho,
num sentido que não vá
comprometer o desalinho...
Entornado todo o vinho
por tentáculo usurpador...
definhou todo o carinho
não mais existiu amor!...
 
Tumultos à passagem do sistema

As aldeias de meus pais

 
Desfraldei tuas
paragens,
sortilégio de
recordações…
olhar-te,
só pelas imagens,
me causa
comoções…

Sinto a falta de ti…
do teu cheiro pelas manhãs,
do sol a nascer no horizonte,
do ar que limpa os pulmões,
da erva que serve de divãs,
do crepúsculo visto no monte,
do ralo a cantar aos serões!...

Nada agora me encanta,
que de ti estou distante
e não vejo chegar a hora
de te sentir campos fora,
teu afago emocionante…
terras onde o chão se aflora!...

Verdes foram teus campos,
Aldeias onde nasceram meus pais,
mudaram-se os vossos mantos
mas os sentires são iguais!...

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A convite do poeta Henrique Pedro escrevi este poema...recordando as aldeias onde meus pais nasceram, Carvalhal-Miúdo e Ladeiras de Góis (distrito de Coimbra).

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As aldeias de meus pais

Analogia de um pranto

 
Segrego
meu interno
labirinto,
fluxo de tensas
correntes,
de pressupostos
inalteráveis...
síntese de
epitáfio,
descrente,
de reflexo
desprovido
de mágoa,
mas de amargas
reticências...
tristeza subtil,
sem rumo...
sepulcro
de um pranto,
terminus ardil...
algo descabido.
 
Analogia de um pranto

Encontro-te

 
Num lugar indefinido eu te encontro...
porque te procuro!
Brilham os teus olhos...
sede de te beijar.
Movem-se os teus lábios...
desejo de te amar.

Vem,
dá-me a tua mão.
Dar-te-ei
o coração!...

Encontrando-te,
encontrei-te
para sempre!...
 
Encontro-te

Mãe solteira por destino ou acidente

 
Roubaram
o sentido
de tua vida,
por opressor
touro,
violência
inesperada
em teu
escondido
tesouro!...

Fertilizaram
teu campo
com sementes
sem luta...
ofuscaram
teu sorriso
da forma
mais abrupta!...

Transpiras
o sofrimento,
de ensaio
não conseguido,
e sem qualquer
lamento
trazes algo
que é parido!...

Renegas
o infortúnio
e segues
os teus trilhos...
te furtaram
o alimento,
que trazias
para teus filhos!...

Quase
te levam
à loucura,
por te negarem
emprego;
o sustento
não perdura...
e a ti
quem atura?...

Sacrifícios
que cumpres,
nestas águas
revoltas,
numa vida infeliz...
nunca te
deslumbres!...

Mulher
e mãe solteira,
porque o ditou
o destino,
desafias
dificuldades,
sem teres feito
uma asneira...
te ocultaram
as verdades!...

Afastada
essa dor,
no meio desta
enorme ilha...
soletras
com amor
o nome da
tua filha!...
 
Mãe solteira por destino ou acidente

Trouxe comigo a palavra

 
Trouxe comigo a palavra...

Impulsionadora do verso
que ficando na memória,
mesmo pelo seu reverso,
alterou muita da História.

Trouxe comigo a palavra...

Ferramenta do lavrador
desbravador das terras...
no seu contínuo labor
iluminou muitas primaveras.

Trouxe comigo a palavra...

Reveladora de mares e oceanos
que na pesca das Descobertas,
em muitos e longínquos anos,
culminou em portas abertas.

Trouxe comigo a palavra...

Armas dos vários movimentos
que ao longo da Humanidade
nos diversos pensamentos
assumiram a sua verdade.

Trouxe comigo a palavra...

Desusada ou até moderna
no Ensino ora utilizada,
de forma sempre mui terna,
e na mente ficou gravada.

Trouxe comigo a palavra...

Servida no banco do hospital
no melindre da operação...
em mãos de médico sem rival
restaurador na vida da emoção.

Trouxe comigo a palavra...

De um povo sempre sofrido,
relegado para a indiferença
em lugar oculto de foragido,
fora de simbólica presença.

Trouxe comigo a palavra...

Reencontrada em nós dois,
desde sempre te dedicada,
no ontem, hoje e no depois;
para a ti mulher amada!...
 
Trouxe comigo a palavra

Como é bom olhar para ti

 
Olho-te...
de soslaio ou de frente,
sensação que inibria,
sorriso sempre presente,
anseio que não esfria,
apoio permanente...
a força que acaricia.

Olho-te...
pela pessoa que és,
oceano de muitos mares,
montanhas e seus sopés,
no âmbito de soltares
grandiosidade de lés-a-lés
pelos locais que passares...

Olho-te...
sintonia na perfeição,
belo ser sem maldade,
força de abnegação,
raiz de uma verdade,
misto de satisfação,
caminho de felicidade.

Olho-te...
Do amanhecer ao fim do dia,
num ápice ou numa hora...
por ti o que faria?!...
num repente e sem demora,
o olhar que sempre queria,
a todo o tempo me enamora!
 
Como é bom olhar para ti

Para quê guerrear se a vida continua

 
Pedras não tenho
na mão,
nem te as vou
arremessar.
Dou-te um abraço
de ocasião,
sem te querer
beliscar.

Antes te dou um abraço!

Nem tudo é
como queremos,
nem sequer o
que julgamos...
mas aquilo que
fazemos.
Nem sempre é o
que desejamos.

Não é susceptível de enganos!

Desculpar não
é preciso,
nem deve ser
a intenção,
basta-me só
um sorriso...
a isso dou
valorização.

Não é necessário fantasiar!

Na vida há muita
ambiguidade,
atitudes
irreflectidas,
mas também a
felicidade
nos concede suas
guaridas.

As verdades são mais sentidas!

Não faz sentido
guerrear
com aqueles de quem
gostamos.
Dificuldades são
para tornear...
e as maleitas
despistamos.

Agarremos a vida, porque nos amamos!
 
Para quê guerrear se a vida continua

O que é ser poeta

 
Ser poeta...

É caminhar
sob as nuvens sorrateiras,
movidas na mente
dos criadores
e nos socalcos do esplendor...
curando bebedeiras.

É usurpar,
temporariamente,
a palavra,
desenvolvê-la
e acumulá-la...
e, num ápice,
oferecê-la,
enfeitada,
à comunidade.

É desenvolver
empatias
e discordâncias,
perante as frases
que constrói,
sem repulsa,
e que com carinho
sempre usa.

É adornar
gestos envolventes,
recheados de travos
de mel,
com flores (das mais belas)
engalanados,
com intenção de superar
todo o fel.

É afrontar
a consciência
de um todo...
e esta medite sobre
as injustiças,
as represálias,
as explorações
e outras sensações,
para que ninguém
caia no lodo.

É conciliar
opiniões,
no âmbito
da plenitude da escrita,
sonhando...
que ela atinja o auge
e nunca se transforme
na desdita.

É provocar
celeuma
em todas as perspectivas
e colmatar
discernimentos...
dando ao uso
das palavras
uma superior
mescla de sentimentos.

É perpetuar
a imagem
da coragem
e da dor,
no sentido
de gerar conflitos
na razão,
para que as
gerações vindouras
possam usufruír
de mais e mais amor!...

..................................................Já tantos sobre isto escreveram, já tantos sobre isto dissertaram, já tantos sobre isto já disseram, já tantos sobre isto julgaram. E já tantos utilizaram este título, ou semelhante. Mais um, eu...
 
O que é ser poeta

Simplesmente Mulher

 
Mulher
que tanto queria...
não fosses escrava
do tempo,
não agisses
por sequência,
não lutasses
por contratempo,
não fosses sujeito
por eminência!...

Mulher
que tanto queria...
pudesses sê-lo
a preceito,
pudesses ignorar
um defeito,
pudesses ultrapassar
o conceito e
proceder sempre
do teu jeito!...

Mulher
que enalteço
nestas singelas
palavras,
a quem humildemente
peço,
pela tua vivência
que agravas,
não pensando
sequer em ti,
de quem às vezes
esqueço
e por quem
nunca morri...
jamais de ti
me despeço!...

Mulher
mais belo jardim
do mundo,
suporte da
natureza,
ser sem ter
um rival...
celebras
por desengano
este dia
sem a certeza
de um dia te verem
por igual!...

..................................................

À minha mulher, à dos outros e a todas as outras...

Ninguém é de ninguém, ou seja... Alguém a ninguém pertence.
..................................................

Dia Internacional da Mulher
(Que não deveria existir... para bem da própria mulher!)

Domingo, 8 de Março de 2009
 
Simplesmente Mulher

O finar de uma flor

 
Nessa ilha de enredos,
ultimaste teu provir...
declaraste teus segredos
e deixaste de te sentir.

Do teu sol saiu a lua,
da luz a escuridão...
deixaste-te ficar nua
naquela imensidão!...

Ultraje no pensamento
originou queda de anjo,
sem permitir retrocesso.

Saiste de um portento...
deixaste de ouvir o banjo
e acabaste o teu processo!...
 
O finar de uma flor

III Encontro Luso-Poemas, em Lisboa (Hoje)

 
Teve lugar no Campo Grande, nº. 56, em Lisboa o III Encontro Luso-Poemas, que serviu para o lançamento da Antologia 2008, onde estive presente.
Cheguei, com minha mulher, por volta das 11H20 e deparei com a Pedra Filosofal e o Paulo Afonso Ramos, que laboravam no sentido de colocar os livros na banca, onde a Antologia tinha lugar de destaque. Os Lusos foram chegando e assim os fui conhecendo. Fly chegou com duas amigas (professoras), Blackbird com sua jovem companheira, Maria Sousa com seu companheiro, Valdevinoxis com sua família, incluindo seu rebento, Alemtagus. Chegou a Rosa Maria com a Carolina, do Porto e Gilberto com companheira do mesmo lado vieram. Jaber, Freudnaomorreu, João Videira Santos, Carla Costeira (no dia anterior tinha feito o lançamento do seu livro, ali), Cleo e companheiro e Amandu. Fomos almoçar e cada um escolheu o que comer, mediante o que lhe era apresentado. Conversámos, conhecemo-nos... Mais tarde chegaram José Manuel Brazão, Mel Carvalho, Mim e Paulo Gomes. Estava presente, igualmente, J. Castelo Branco, da editora Edium.
Após o almoço dirigimo-nos para a sala onde foi feita a apresentação da Antologia, pelo editor, Paulo Afonso Ramos, na mesa onde estavam Vera Silva, Valdevinoxis e Pedra Filosofal. A plateia escutou, atentamente. Freudnaomorreu improvisou três canções à capela (dono de uma linda voz), onde sobressaiu a actuação no canto lírico. Foram recitados alguns poemas, de poetas publicados na Antologia, por diversos dos presentes. Não me esqueci de Henrique Pedro e li o seu poema "À medida da eternidade" (ele não pode estar presente por causa do tempo). Em são convívio conversou-se, dialogou-se, opinou-se...
Foi um dia maravilhoso, que não mais vou esquecer.
E alguém aventou a hipótese de um próximo encontro, na primavera, em terras alentejanas. Até lá!...

..................................................

Adorei a simpatia da Magda, do Paulo, a alegria da Carla, a efusividade da Paula e da Carol, o carinho do amigo Zé, a empatia do Val e do Alem, o Pássaro Preto, o sr. Videira, a Lurdes, o Paulo, a Maria, todos ficaram na minha mente...
Gostei imenso de vos conhecer.
Beijos e abraços
..................................................
 
III Encontro Luso-Poemas, em Lisboa (Hoje)

Caminhos frutuosos

 
Ainda que as portas se fechem
e o caminho fique cerrado...
Há sempre a luz, que és tu!
E eu devo ír por esse lado...

Qual Ser superior... Anjo da Guarda
desta existência que se desenrola...
Nas virtudes que se nos deparam
numa plena vida... a nossa escola!...

Sem ti nada (ou quase nada) seria,
tal como o sou na realidade;
apesar dos contratempos!...

Sem ti nunca (jamais) imaginaria,
o conceito da pura verdade
e a felicidade... sem lamentos!
 
Caminhos frutuosos

Boatos, boatices e boateiros

 
Falar para
além do postigo,
sem medir
as expressões...
é como não
olhar o umbigo
e não filtrar
opiniões.
Empolgar
questões diárias,
sem definir
realidades...
é basear-se
em notas primárias
sem realçar
as verdades.
Palavras
ditas a eito,
sem o contexto
apurar...
é como faltar
ao respeito
e sua razão
não fundamentar.
Há muito quem
denegrir queira,
desta ou
daquela forma,
proferindo
tanta asneira,
que o ego
nos transtorna!...
 
Boatos, boatices e boateiros

Questionei a minha mente (quero fazer um soneto)

 
Afagam-se as palavras, um tanto,
escrevem-se num liso papel;
envolvemo-las com o doce pranto,
pintamo-las com um fino pincel.

Colocamo-las por frases e versos
rimadas no seu ponto final;
com paixão uns tantos terços,
culminando num amor sem igual.

Seguimos sempre o mesmo lema
na sua escrita ou na leitura,
investindo num belo poema.

Sabemos que nada disto perdura;
mas não usando o velho sistema
fizemos um soneto de alma pura!...

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Agora ando a questionar a mente, talvez em demasia!...
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Questionei a minha mente (quero fazer um soneto)

O Cavalo Lusitano

 
Registo elegante
no seu saltar,
sua montada
estonteante,
bem dotada
a improvisar.
A sua origem
vem de Portugal,
outro não há,
assim, igual...
utilizado para
o trabalho,
para o desporto
e Alta Escola...
nas lezírias
do Ribatejo
e nos montes e planícies
do Alentejo.
Rigoroso na
aprendizagem...
pelos campinos
cavalo amado,
já os Romanos
o tinham pelo melhor...
na sela estava provado!
Todos o querem
nas cudelarias,
Alter do Chão
sua razão!...
Na elegância
é um primor,
para o hipismo
é espectacular,
mas no toureio
ele é exímio...
seu rodopiar
é de encantar,
apresenta-se
na cara do touro,
sem medo, sem receio,
dando ao cavaleiro
saboroso louro.
Como é belo
seu soberbo porte,
elevativa
sua pujança,
tanto a galope
como a trote...
na cavalgada
com substância.
Como são esbeltos
estes cavalos,
preferidos pela
instância,
no decurso
de milhares de anos...
são Lusos...são Lusitanos!
 
O Cavalo Lusitano

António MR Martins
Tem 12 livros editados. O último título "Juízos na noite", colecção Entre Versos, coordenada por Maria Antonieta Oliveira, In-Finita, 2019.
Membro do GPA-Grupo Poético de Aveiro
Sócio n.º 1227 da APE - Associação Portugues...