Poemas, frases e mensagens de Arnoldo

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Arnoldo

APENAS

 
Foi apenas um retrato que ficou na parede
Esquecido no tempo
Sufocado pelo vento
Que o dia levou

Foi apenas um olhar tímido
Que ficou perdido na puberdade
Desiludido na cidade
Que um dia sangrou

Foi apenas um braço que acenou
E ficou estendido
Porque ninguém se importou

Foi apenas uma vida que passou
Que um dia partiu para além do horizonte
Uma vida que nada levou
 
APENAS

ANDARILHO SEM CÉU

 
Às vezes tenho vontade de olhar
De correr pelo corredor sem luzes
Para enveredar pela “terra do nunca”
E colidir com os sonhos dispersados na ventania

Às vezes tenho vontade de dizer coisas verdes
De esconder-me entre os cantos do corredor
E esquecer os sonhos que perambulam no ocaso
Que está infiltrado na minha ponte de névoa

Às vezes tenho vontade de sorrir para os ventos
Ventos que sopraram minha ilusão para o azul
Sem escurecer o passeio do jardim que estava florido
Enquanto seus olhos embelezavam minhas pétalas desgarradas

Às vezes quero abrir o peito para o amanhã
Varrer as lembranças dos dias que era andarilho
Em estradas de terra batida e empoeiradas
Tentando pegar uma carona no trem
Que rumava para as estrelas sem céu
 
ANDARILHO SEM CÉU

BORBOLETA

 
Ainda que eu tiver que ver o crepúsculo
Pelo quadrado da janela
Tendo o chão gélido e molhado como colchão
Não desanimarei

Ainda que eu tiver que imprimir jornais
Na calada da noite
Para ser perseguida na calçada
Eu continuarei a panfletar meus ideais

Ainda que eu tiver que ficar com meu corpo nu
Para ser torturada
Para ser massacrada
Eu serei Minerva e firme ficarei

Ainda que eu tiver que sair do casulo
Para bater asas nas ruas de vidro
E sangrar todos os dias
Eu voarei

Ainda que eu tiver que perder minha vida
Na estrada deserta
Para vidas serem livres
Minha vida eu darei
 
BORBOLETA

PÓLEN DO MEU DESEJO

 
As ondas são leves
E não tocam o por do sol
Procuro seu caminhar na praia
Mas só vejo a sombra do arrebol

Seus encantos
São as fantasias que nutrem meu pranto
Nas horas de despedida
De carinhos e palavras não ditas

Sua voz é carinhosa como um beijo
Esplendor na minha relva
Pólen do meu desejo

Você é a pintura íntima que me seduz
Luz que clareia minha solidão
Amor que preenche o vazio do meu coração
 
PÓLEN DO MEU DESEJO

ALÉM DAS ESTRELAS

 
Sempre que olhar para o céu
Olhe as estrelas que estão lá
Lembre-se que não estão por acaso
Alguém as colocou ali com carinho
Para que sejam os olhos
Que iluminarão seu caminho

Lembre-se que esse alguém
Tem um nome: Deus
E estará com você todas as horas
Em todos os lugares
Então não se lembre Dele apenas quando chorar
Lembre também quando sorrir
Quando brincar

Então quando olhar para o céu
Veja além das estrelas
E saiba que Deus criou tudo que existe
E está bem perto de você
Está dentro do seu coração
 
ALÉM DAS ESTRELAS

POESIA DE AMOR ESQUECIDA

 
Talvez eu não queira sorrir
Apenas seguir o caminho
Para atravessar o arco-íris
E encontrar as cores do girassol

Talvez eu não seja o sorriso
Que encantou a luz em noite clara
Sonhando passear ao seu lado pelo parque
Olhando a paisagem beijada pelo orvalho

Talvez eu não mereça seu olhar
Minha ilha não está no quadro pintado
Que eu iria te presentear

Talvez eu seja só o quadro esquecido
O dia chuvoso que anoiteceu
A poesia de amor que ninguém leu
 
POESIA DE AMOR ESQUECIDA

BONECA LINDA

 
Hoje me lembrei de você
Vi uma boneca linda
Com vestido e chapéu florido com fundo branco
Parecia uma menina do campo

Fiquei ali só admirando
Acho que no fundo estou te amando
Era uma boneca que inspirava pureza
Lembrava seus olhos, sua beleza

Notei que as pessoas me olhavam
Mas no fundo não podiam perceber
Que eu estava ali pensando em você

Eu olhava a boneca
E meu coração sorria
Porque a boneca é igual a você, só me traz alegria
 
BONECA LINDA

VERSOS AO VIVO

 
Versos que escaparam na madrugada
Versos ao vivo
Vivos
Indecisos e aflitos

Versos que se mancharam
Nas esquinas das madrugadas
Nas ilusões das palavras
Que ficaram afastadas

Versos sem vida
Sem ondas
Sem amigas
Sem noites nubladas

Versos sem versos
Juntos e separados
Sempre mutilados
Sempre desamparados
 
VERSOS AO VIVO

ABISMO

 
Eu sou um grito
Um grito seco
E surdo
Você é incerteza
Liberdade
Sempre presa
Somos conflito
Sem grito
Sem ponte para atravessar o abismo
Somos amanhã sem sorte
Vida que escapa
Feito sangue
Pelo corte
 
ABISMO

AQUARELA

 
Eu pinto sonhos que nem sempre têm asas
Sonhos vividos
Sonhos esquecidos
Sonhos que poderão viver na minha tela
Na minha triste aquarela

Minha tela pode estar pintada de vazio
Silêncio vazio
Cores incolores que mostram meu rosto
Tela vazia incolor que inspira minhas cores

Eu pinto meus temores na madrugada
Onde a tempestade é a verdadeira tela
Onde a solidão disfarçada
Invade o meu quarto pela janela

Eu pinto a solidão do meu corpo
Pinto as cores da minha voz nua
Pinto meus olhos perdidos no infinito
Minha tela é meu próprio grito
 
AQUARELA

ROSAS E ESPINHOS

 
Tenho que tomar coragem e sair desse lugar
Tentar um novo encanto
Um novo canto
E voltar aprender a amar

Tenho que tentar iludir meus olhos
E ver rosas onde há espinhos
Miragens que apontam algum caminho
Para poder novamente sonhar

Tenho que parar para ler um livro
Abraçar as ondas que chegam de longe
Esquecer a dor que corta meu peito
Encontrar você além do seu horizonte

Tenho que esquecer algumas palavras
Esquecer de dizer frases que não vão com o vento
Encontrar um jeito para voltar a sorrir
Esquecer que a solução é sempre partir
 
ROSAS E ESPINHOS

BRINCAR DE ESQUECER

 
Vou tentar esquecer o que ficou pra trás
Todas as tardes vividas
As noites frias
As madrugadas esquecidas

Vou tentar saborear o vinho do porto
Lembrar que não estou morto
Ver se consigo sorrir no outro lado
Esquecer o espelho que foi quebrado

Vou tentar olhar através do vento
Esquecer as folhas secas
As poesias escritas
As frases de amor que não foram ditas

Vou tentar mergulhar nos arbustos
Olhar nos olhos que não são verdes
Vou tentar brincar de viver
Vou tentar brincar de esquecer
 
BRINCAR DE ESQUECER

OLHOS COR DE MEL

 
Tenho um rio de sonhos
Sonhos que me levarão ao céu
Que estão tão perto
Estão nos olhos cor de mel

Tenho uma vida do outro lado do rio
Do outro lado da minha vida esquecida
Perto da estrela dos meus olhos
No fundo dos olhos cor de mel

Tenho um sonho que não embeleza palavras
Que não emoldura paisagens
Que não recolhe os quadros perfilados
Na praia da ilha dos seus olhos cor de mel

Tenho um sonho
Que é o pulsar da minha vida
Que é o sereno do meu céu
Um sonho da cor dos olhos de mel
 
OLHOS COR DE MEL

QUERIA DIZER EU TE AMO

 
Eu queria dizer que te amo
Mas preferi esperar os dias
A ousadia
A ventania

Protegi seu corpo frágil
Da chuva
Do acaso
Do mormaço

Poderia dizer que te amo
Mas não disse enquanto você dobrava a esquina
Do horizonte
Da ponte

Eu queria dizer que te amo
Passaram-se os dias
A ousadia
A ventania

Não disse eu te amo
Ficarei estendido no sofá
Vivendo de fantasia
De melancolia
 
QUERIA DIZER EU TE AMO

SANGRANDO ENQUANTO A FACA CORTA A CARNE

 
Não estou mais sorrindo
O regador já não serve para lavar a alma
Não sou mais a borboleta que luta pela vida
Sou apenas minha dor púrpura e infinita

Hoje a lua se escondeu onde não havia sol
A fruta que descasquei estava sem caldo
O suco não sairá pela manhã como deveria
E a noite não brilhará antes do nascer do dia

Minha ilusão sucumbiu antes de nascerem asas
Não sou uva passa
Não sou a nata
Que ficou esquecida depois que o leite foi requentado

Minha chuva vai derramar a sede dos seus olhos
Sentirei a faca cortar minha carne
Sangrarei meu amor até desfalecer
E assim poderei te esquecer
 
SANGRANDO ENQUANTO A FACA CORTA A CARNE

SOLIDÃO

 
Eu não queria estar aqui
Caminhando numa pequena rua de chão
Cercada por tapete de neve
Dos dois lados a me observar

Não me sinto tão isolado
Pois a neve que forma o horizonte
Que embranquece a folhagem
Ainda aquece meu olhar

Sinto apenas a solidão que chega com o frio
Que rasga a paisagem
E entoa uma canção triste, tão triste
Que talvez ninguém queira cantar

Meu passado é a sinfonia que rege meu futuro
Meu futuro é escuro
Escuro como a neve sem luz
Que nem fechando bem os olhos se pode enxergar

Meu coração foi atirado na neve
Afundou sem vida durante toda minha vida
Ficou sem pedaços para o sangue poder pulsar
Ficou sem estrelas para na noite se guiar
Ficou sem esperança de um dia poder amar
 
SOLIDÃO