Contradição
Contradição... o que é?
Flores que se vão com o vento sem que suas raízes saiam do chão
em sua eterna prisão, há um momentinho de gozo
um segundo eterno, vagabundo moderno
briza do zumbido das abelhas
fúria do estampído que se assemelha
ah... e ae vem o vento, e o polen voa
e mesmo presas ao chão
mesmo sem libertação
as flores voam
como nuvens no verão
como o berço da imaginação
como ar de contradição
como o espasmo da exclamação.
Apenas
Olho nessa tela colorida
Colorida até o brilho perdido
E vejo apenas a ferida
E a dor presente e amiga
Amiga sorridente, destemida.
Hoje eu morri por você
Hoje eu sorri sem querer
E apenas senti sem sofrer
A lamina passando na rima
As cordas estourando em cima
E o corpo, inerte na sina
Sina de apenas sentir drenando
O sangue, o sopro, o fogo.
E o frio sobra, por nada.
Apenas fui praguejando
Na minha testa a morte em logo
Mais escura, inodora, calada.
Estranhamente não estou me incomodando
Cansei-me dessa ilusão, desse jogo
Estou confortável na minha morada
Na minha morada sou o fantasma
E apenas protejo aquilo que amo
E apenas arpejo nesse véu de engano
Logo me calo, e apenas respiro.
Por que hoje eu morri por você
Hoje, eu sorri sem querer.
E apenas disse apenas sem saber
Que nada mais eu quero
Estou feliz em apenas ser.
só isso ^^
Julia
Que lugar...
paredes azuis e brancas
portas amarelas
o cheiro podre do soro
o som medonho do coro
de pobres pessoas
que procuram promessas de melhoria
saúde de outro dia
dia que nunca chega
assuntos triviais
são bocas tão normais
modestas em sua humildade
são cenas irreais
em olhos transversais
tão sem brilho, eternidade
e nesse branco escuridão
e nesse pranto solução
vejo um brilho
advindo da vastidão
vastidão dos olhos de uma criança
prata brilhante, brilho, luz
um brilho desigual, surreal
um anjo animal
no meio do hospital
no seio do racional
no devaneio do meu natal
uma menina de olhos cor de prata
ela chora, ela brinca, não se empata
meu coração feliz arrebata
seu sorriso inocente
seu destino indigente
sua luz prepotente
um anjo olhos de lamina
cabelo de ventaval
claro, leve, ralo
euforia de carnaval
coraçãosinho acelerado
até quem já se esqueceu
como é ter mais que fosco
em seus olhos esquecidos
até quem já se perdeu
em seu teorema vazio e tosco
e acha que todos estão perdidos
hoje sorriu
e em seus olhos eu vi
um timido brilho de vida
mesmo que por sorte refletida
seja só a luz que emanava
dos olhos daquela criança
e nesse dia anormal
nessa peça teatral
eu vi deus
nos olhos de um anjo
eu vi deus
no sorriso de um igual
eu vi deus
de manhã, no hospital
Para uma criança especial, que eu nem cheguei a conhecer ^^
Filosofia de Getulio
A pedra é...
A pedra é o olho do morto
A pedra é, aquele que te olha torto
A pedra é quem te nega o conforto
A pedra é que não olha e passa
A pedra é o fogo da fumaça
é o velho banco da praça
A pedra é a visão que se embaraça
com a lagrima de quem chora
A pedra é, aquela pessoa que chora
é o depois, o antes e o agora
A pedra é a febre, a fome e o frio
A pedra é meu coração vazio
Perdido na saudade da minha filha
na vastidão da minha nova familia
A pedra é meu travesseiro,é meu dia sem cor
A pedra é meu mundo inteiro
A pedra é o meu amor