Respiro
Respiro...
Neste lugar não consigo respirar,
por mais que tente abrir a boca,
falta-me completamente o ar...
Respiro...
Para não perder os sentidos,
para manter a compostura,
em suspiros deprimidos.
Respiro...
Para me sentir bem,
para me sentir capaz,
para ir daqui até muito além.
Respiro...
Profundamente...
sinto a brisa saudável expandir-se,
extinguir esse fogo que arde ferozmente.
Respiro...
Contigo aqui penso que estou melhor,
que a falta de ar,
era apenas a falta de amor.
Respiro...
Ecos de eternidade
Eco das montanhas que trazes contigo o sabor da brisa,
diz-nos quando voltas para o mar escorrendo o vento da manhã,
nesse portento da natureza jovialmente conservado,
no qual buscas quem te criou para lá das montanhas mais distantes,
dançando ao sabor do tempo completamente despercebido da idade que tem.
Nasceu um dia tolhido pelo frio da manhã,
bailando sob os primeiros segundos não medidos da vida desmedida,
vive ao longo da tarde em completa harmonia consigo,
acariciando todas as redondezas com o seu vivo cantar.
Seus progenitores queridos se perderam algures na escuridão de uma noite passada,
amá-los-á para toda a eternidade
seja lá o que isso for no seu relógio,
terá um?
Nos teus braços
Na tua chama deito o meu rosto,
derramas nos meus ombros o teu calor
e adormeço sob o teu crepitar
num abraço quente de ternura.
Na mente passeamos pelos vales da imaginação,
corremos mundos de poemas
ao sabor da lareira da paixão que arde de mansinho.
Paramos em cada palavra que saboreamos
como estação de serviço de textos
aberta vinte e quatro horas por dia só para nós.
Neste lugar, bem no centro do nosso universo,
onde deitamos o olhar para o céu e, (fogosos!)
rumamos ao infinito num elevar de almas.
Dou-te o meu braço ao ritmo da escrita,
pegamos na caneta, traçamos o rumo
e juntos subimos pela atmosfera
num toque de dedos enleante.
Com gestos meigos te agracio a pele
sob as roupas da poesia que nos vestem
como manto de cometas circundando Mar(te)
e levitamos para a eternidade do espaço
onde as estrelas são testemunhas do desejo...(imenso!).
Esta noite sou teu
em cada traço que desenhares com formosura
pois neles verás os meus olhos desaguando no teu olhar
como duas lagoas iluminando a íris do teu ser.
O brilho que mexe contigo,
que sempre quiseste ter.
Invoco-te dentro de mim noites a fio...
entra em mim sequiosa, sem pejo!
Como dois cúmplices do nascer de uma flor
num verdejante campo ao sol pousado,
despimos as pétalas de bela fragrância
e entornamos cada sequioso movimento um no outro
numa apaixonante enlaçar de ti em mim, de mim em ti.
Nos braços um do outro regeneramos sonhos
(de amor!)...num abraço quente de ternura.
Chuva de prata
Traje de gala aprumado,
cometa fosforescente rasgando os céus,
como vem elegante...
Brilhantes na face que reluz como dois faróis,
brilhantina escorrendo no sumptuoso cabelo molhado
sorriso de estrelas vestindo o badalar das horas.
A imponência do desdito é proscrito papel,
intendência cruel
e um rasto inerte de despertar incandescente.
Proporciona-se carepa de prata,
nos cobertores perfume intenso,
no peito a áscua do teu amor.
Inspira-me
Inspiram-me esses dedos mágicos,
que correm as letras com ternura,
inspiram-me os teus quadros fantásticos,
que pintas a aguarelas com doçura.
Inspira-me o encanto dessa conjugação...de palavras...
perdidas no alto da tua escrita,
inspira-me o correr dessas águas...
para o leito da poesia bendita.
Inspira-me o sobressair desses textos,
o exaltar dessas correntes,
inspira-me cada um dos teus gestos,
de cultura nos dias quentes.
Idade do amor
Encanta-me o teu sorriso felino,
rodeado de covinhas bronzeadas,
fecho os olhos em ternos sonhos de menino,
onde se elevam de mãos dadas nossas almas aladas.
Em verdejantes pradarias procurei pelo teu ser,
achando que não te iria achar,
depois que te encontrei ao entardecer,
são os teus olhos que quero ver ao acordar.
Corri montanhas em busca desse doce olhar,
que me saboreia tranquilamente em terrina de prata,
tacteei no escuro da noite para sentir o teu luar,
luz poética que me reflecte no escuro e me arrebata.
Quero amar-te e dar-te o meu calor,
em cada dia, faça frio polar ou sol de Verão,
quero abraçar-te e dar-te o meu amor,
em cada noite, aquecendo o teu maravilhoso coração.
Sinto-te em mim e navego nos teus pensamentos,
sente o meu carinho em ti a cada inspiração,
sinto-te em mim e partilho dos teus sentimentos,
sente o meu amor em ti a cada expiração.
Leve como a neve
Essa flor que transportas contigo,
liberta no ar intenso aroma de paixão,
eleva-me nesse anel de fogo amigo,
funde todo o meu ser neste desatinado coração.
Bóio, desmaio, levanto-me,
só vejo água à minha volta,
entre este manto líquido sorvo-me,
como poderei andar sem a tua escolta.
Num segundo afoguei-me,
não voltarei a ser aquele ser obstinado,
caído em desgraça, afogueei-me,
derreti-me inanimado.
Agarra-me, prende-me a essa esfera ardente,
antes que a corrente me leve,
num rodopio de lava incandescente,
abraça-me escaldante na tua doce neve.
O nosso sonho...
Passeio pela rua tomando o ar fresco da manhã,
contemplando árvores rústicas vindas de terras distantes...
Vejo o brotar das flores,
o verde das folhas
vejo nelas os teus olhos ternos,
a maneira doce como me olhas.
E fico a sorver deste momento etéreo,
cada sorriso teu que me embevece...
E fico a tecer deste segundo arrebatador,
cada amanhecer nos traços do sol por detrás das copas...
E fico a contemplar deste horizonte sem fim,
cada conjugação d'Arte que crias e adornas.
Pela mão me levas voando globo afora,
mostrando-me o verdadeiro mundo de sonhos.
Adormeço sobre o teu ser,
pensando em cada nota musical que elevas...com carinho.
Não me acordes...
Não te acordarei...
Apenas sonhemos juntos,
abraçados pelos laços do nosso amor
e seremos um só para sempre...
a cada refrescante manhã...
Só contigo
Calcorreio milhas no mundo do teu olhar
onde me embrenho na tua luz
que brilha ao tom da tua pele...
Entra intensa na minha alma
pelos meus olhos,
pelo meu rosto,
pelo meu corpo,
pelo meu espírito
por tudo quanto sou
como um furacão que me toma os sentidos
a cada passo que dou...
As lágrimas escorrem-me pela face,
o coração aperta
no meu peito
(clamando por ti!).
Na atmosfera de um luar
busco as tuas mãos em mim
só elas me podem dar vida
(sábia artesã de mim)
me moldar a ti.
Nos caminhos que debruaste
(com ternura)
voa pelas asas de uma flor
o desejo de te abraçar
no cruzamento celeste do amor.
Contigo,
viajar pelos céus da paixão,
navegar em oceanos de sonho,
atingir ilhas paradisíacas,
regressar e partir novamente
para lá do firmamento...
(Só contigo...)
Olhar de sereia
O mundo gira em ledas melodias de ternura
em que te sinto em mim presente
e no doce encantamento de uma aurora
a paixão que nos eleva ao expoente da noite...quente...
Guia-me com tuas mãos nos dias de tempestade
sentimos a febril vontade do coração,
abraçar-te-ei nas noites de chuva...frias...
em que a saudade desmorona quando damos a mão.
Sob a nobre cedência de um anseio
o feitiço que faz disparar o carrossel de um beijo
e nos olhos da maresia vejo o olhar de uma sereia,
olhas-te-me debaixo de um céu de estrelas...
Adoremos cada brilhante diamante de horizonte
adormecidos sob a paisagem de um ensejo
caídos em longos momentos de êxtase
somos arrebatados pelo vibrante desejo.
Contemplando o enlevo do espírito
em harmoniosos laços numa dança ao luar
seremos tudo o que o tempo quiser fazer de nós
até a noite acabar.
Amor...
Ao amanhecer desperta-me em ti
e serei eternamente teu.