Sou mulher
Sou mulher, normal
Temperamental
Nem Fiona, nem sereia
As vezes, mulher e meia!
outras, menina carente
Mãe leoa,mulher loba
as vezes boba;
tenho a alma transparente
Muitas vezes sou dura
visto armadura de ferro
grito, berro
pra esconder minha fragilidade
Sou mulher teimosa,
às vezes caprichosa
dona das minhas verdades
desprovida de vaidades
Sou mulher,amante,amiga
por amor compro uma briga
Esfacelo-me, desfaço-me
em mil pedaços
E me recomponho em laços
Sou mulher à moda antiga
que espera um convite pra sair
que chora nos filmes de amor
ou quando recebe uma flor
Sou apenas uma mulher
intensa, extensa
as vezes leve, as vezes densa
sem perder a essência
de ser
simplesmente
mulher...
Menina do Rio®
Uma carta de amor
Escrevo-te tomada pela emoção, reavivando em minhas lembranças
pedaços sem cor da nossa história .
Distante agora, recordo momentos com um estranho desvelo.
Tua voz doce e colorida como se colhesses o mel na flor.
A minha alma em tuas mãos . Num gesto insano de ansiedade quisera
eu ouvir de ti que a saudade te acompanha e faz morada em teu peito.
És o meu sol, a luz dos meus dias e se tua ausência é meu castigo
estou condenada a viver na escuridão
Quem dera ser a noite que te envolve embalando teu sono e saciar
tua sede em minha boca, sussurrando palavras doces como se o
vento as soprasse de mansinho...
Meu desejo é seguir-te ainda que numa estrada de espinhos.
E se pudesse ser o pó da estrada por onde andas e erguer-me ao
teu passar, numa nuvem dourada...
Seria a tua musa e tu – o meu poeta imortal, a que entregaria
a minha alma e o meu amor.
Esta carta é o reflexo do que sinto agora, distante, tendo a alma
fustigada pela dor, pela ausência de teus beijos e de teu imenso amor...
Lamento o meu destino, ao perder-te por não saber ler além do teu olhar...
Amantes ao luar
Olho-te sob a luz da lua
na fresta que vem da janela
entreaberta
onde as cortinas esvoaçam
ao leve toque da brisa
Gosto quando ficas assim
neste silêncio contemplativo
como se me olhasses
e me visses por dentro
Porque sou o que
minh'alma espelha
Gosto quando me abraças
numa doce carícia
e me afagas os cabelos
E quando suspiras
ao compasso do meu peito
onde te aconchegas
fazendo ninho
E no toque de teus dedos
desfaço-me de meus medos
e me entrego
E nessa hora
a lua sob um céu distante
esconde-se tímida
pois a noite é dos amantes
e à luz da lua
toma-me que sou tua...
(by Menina do Rio)
Um falso querer
Não espero que me entendas
Quero de ti apenas uma palavra
que solta ao vento suave, me leve,
onde meu sonho encontra abrigo
Não quero que me acompanhes
Mas apenas sentir, que estás aqui
dentro do meu coração
onde mora o desejo
e onde a paixão se esconde tímida
não querendo se revelar
mas deixando a porta entreaberta
sempre à espera
Não me negues o teu carinho
pois ao encontro dos nossos olhos
o brilho mágico da ternura, navega
feito barco perdido na imensidão
do oceano
Não, não quero que digas nada
A voz do silêncio fala mais alto
aos meu ouvidos
traduzindo os sentimentos do coração
que a razão ignora
E se é pra fugir, fujas da amargura
de se perguntar como teria sido
quando um dia olhando pra trás
não encontrares pretexto pra não
teres vivido...
A tua espera
Quando a noite desce na cidade
e retorno à casa em meu cansaço
penso em ti numa louca saudade
De prender-me entre os teus braços
E no vazio em solidão me vejo
lembrando o eco do teu riso doce
a tua boca, o teu gosto, o beijo
recordo-me como se hoje fosse
Ah! se tu viesses ter comigo agora
dançaria em teus braços, linda e louca
cantaria versos de amor sem fim
E enquanto a noite dormisse lá fora
perdia-me nos aromas de tua boca
Morria por ti se vivesses por mim
Não há mais verdades...
Minto a mim mesma
ao dizer
que não reconheço tua voz
nem a cor de teus olhos
Que as palavras antes ditas
se foram, espalhadas ao vento
Que teu sorriso perdeu-se
por ai
Esses anos de intenso amor
eram quimeras
Sonhos
que as manhãs dissipavam...
Minto a ti
ao dizer que nem sei mais o teu nome
Outros nomes ocuparam-me a mente
Mergulhei em outros olhos claros
e naufraguei em outras bocas
E que rasguei teus retratos,
apaguei teus escritos
para não pensar mais...
E pouco me importa
que te role uma lágrima
pois não chorarei
mais por ti
Minto a ti
Que a paixão era
uma fantasia
Só queria provar a mim mesma
que podia ter-te
como um brinquedo novo
até que viesse
o próximo Natal...
Depois
te colocaria numa caixa
junto a tantos outros
para doá-los
a quem nunca teve
um brinquedo
Minto-me
que sou feliz
E rio de mim mesma
como uma hiena
faminta...
Não há mais verdades...
Amor perdido
Quantas vezes penso em ti, nesse muro infernal
que nos fez separados, nessa parede que não me
deixou tocar-te, sentir-te...abrir meus braços
pra te enlaçar...
Só eu sei desta dor que me sufoca, que me rasga
as carnes abrindo feridas...
Das noites vazias, das lágrimas secadas
no travesseiro
Só eu sei o quanto me custa estar aqui presa
e o quanto me atormentam os beijos que não tive,
as mãos que não me tocaram...
A angústia de viver uma eterna espera de algo
que nunca acontece, que vai se perdendo e o que
se perde nem eu sei, pois para perder é preciso
ter e eu não tive...
Dói meu coração e minha alma numa dor infinita
e sem nexo.
Queria fugir, me esconder, como se possível
fosse sair dela e fazer com ela se dilacere
por si só. Queria arrancar do meu peito qualquer
vestígio teu, queria algo que me tomasse por
inteiro, pra não ter que pensar, queria dizer
que não te quero, que tu eras só uma ilusão,
um fantasma a atormentar-me como se eu tivesse
que resgatar minhas culpas, queria dizer que
meu corpo não te clama, que não chamo por ti
em devaneios na escuridão do meu quarto quando
a noite se abate sobre mim...
Me perco em pensamentos confusos, em sonhos
que me levam sem rumo pelas noites.
Tanta coisa eu queria dizer, mas só o silêncio
pra ouvi-las e o vento pra levá-las...
E o que sou
Eu escrevo poemas
De amor, de saudades, de dor
Muitas pessoas que me leem se identificam,
porque eu escrevo o que elas estão sentindo.
Elas emocionam-se, choram...
É a dor delas, a minha dor, a dor do mundo
Dos amores, talvez nunca vividos
mas...sempre sentidos
Aristóteles disse:
O historiador e o poeta não se distinguem um
do outro pelo fato de o primeiro escrever em
prosa e o segundo em verso. Diferem entre si,
porque um escreveu o que aconteceu e o outro
o que poderia ter acontecido.
Eu particularmente discordo!
O historiador escreve o que se vê; o que é
nú aos olhos de todos, enquanto o poeta
escreve o que se sente. Porque nem tudo o
que se vê é o que está ali. Quem me vê, não
me lê...
Lembranças
Amei muito!
No começo, um amor bonito, cheio de
encanto e ternura. Quanta emoção
contida! Quantas expectativas de beijos
e afagos! Meu corpo tremia só de te
imaginar. Dormia imaginando-me no teu
abraço, o desejo pulsando quente e mesmo
sem ter-te ali, eu era feliz. Era feliz com tão
pouco que me davas porque me alimentava
da ilusão de que um dia te teria inteiro. Mera
ilusão! Porque fostes apenas isso. Ilusão. Dos
meus olhos cegos pela paixão. Dos meus
sentidos que te buscavam loucamente em meus
devaneios. Dos meus dedos que tateavam no
escuro no afã de tocar-te a pele. Sonhos... que
foram despertando quando vi-te a face na luz
da realidade. E ainda assim amei-te, porque
esse amor já estava em mim. E sofri. Foi maior
o tempo do sofrimento do que da alegria. Porque
precisava escavar a terra dentro de mim e
arrancar-te as raízes. Ficou a dor, o buraco vazio;
e a muda que plantaste um dia em mim, ali do
lado arranacada, secando . Quantas vezes a
olhei sangrando e tantas vezes lhes acariciei as
folhas murchas e por muitas vezes voltei a
regar-lhes na esperança de vê-la de novo brotar,
mas uma planta arrancada não brota. O teu
vazio ainda existe; a ferida ainda dói mas estou
me curando. As raízes, deixarei ao sol pra que
seque e quem sabe um dia farei com elas uma
bela fogueira. E tu, meu amor...tu continuas a
correr ao vento, saciando-te em qualquer fonte
até que a vida dentro de ti escoe, o cansaço te
adormeça e as lembranças te entorpeçam,
porque é só o que terás de mim - lembranças...
Menina do Rio
Chama
Pulsa quente a chama acesa
liberta e presa entre as cortinas
Dos meus sonhos de menina
onde perco-me a olhar
a maré vazante sentada no pier
entre o por do sol e o mar
pensamentos ondulando ao vento
contemplo o horizonte à frente
perdido entre as vagas das nuvens
que se movem lentamente
e a noite desce mansa
com seu manto escuro, quente
enquanto uma lua fogosa
surge em forma de desejos
Oh! sedução que me afaga
e me toca ao ventre
ao pensar em teus beijos
e chego a ver-nos em lençóis macios
de pura seda amassados
de nossos corpos amantes de outrora
E nesse momento
o pensamento voa como um soneto
feito à revelia, em tua memória...
(menina do rio)