Vivo entre amor e carinho Mas percorro o meu caminho Com o mundo preocupada Para minha mágoa e pranto Vejo uns esbanjarem tanto E tantos pobres sem nada! Presidentes de países Onde os povos infelizes Não têm trabalho ou pão Esquecem o que prometeram Negam tudo o que disseram Na mais profunda traição Comem dos melhores manjares Têm aviões particulares Viagens são de mão cheia Enquanto morrem esperanças No coração das crianças Que são “Capitães da Areia” Mentem com facilidade Ostentam uma vaidade Que os torna monstruosos Falam de Paz e de amores Mas conseguem ser autores De actos tão vergonhosos Quando é tempo de eleições Apelam aos corações Até prometem a Lua Mas neste mundo de loucos Os velhos morrem aos poucos Vivem crianças na rua Por isso vejo este mundo Cada dia mais imundo Com violência e maldade Tem coisas belas, é certo Mas este futuro incerto Não me dá felicidade!
A árvore tomba... Não parte A não ser que o vento passe Com violência sem fim… A não ser que as mãos do Homem Lhe dê golpes violentos… Só assim, Entre tormentos, A árvore irá cair. Mas se ela tivesse rosto Certamente ia sorrir Com grande mágoa diria: Eu tenho esperança E fé!...
Porque as árvores Também morrem …mas sabem morrer de pé!
Desprendi-me desse laço Fiquei no Mundo e...gostei Porque a força do teu braço Me ensinou tudo o que sei! Um rio doce, sem foz, Onde navego sem medo Como se fora a caixinha Onde se guarda um segredo.
Aconchego de ternura Abraço que tudo ensina Num doce enleio que perdura E me faz Mulher-Menina!!
Por acaso não gostavas de viver num mundo imaginário? Não digas o contrário! Imagina só!: Um Mundo quadrado, Não redondo como a Lua, Uma floresta virgem, só tua... Animais dóceis, água pura, sol ameno, Um rio calmo...sereno... A guerra terminada, Toda a criança amada, em eternas festas... E o vento de mansinho, Polindo do Mundo todas as arestas!
A vida é feita de sonhos Quem não gosta de sonhar? Os dias ficam sem graça... E o tempo... Ah, o tempo custa a passar! O sonho comanda a vida Alguém o escreveu sentindo E quam disse não sonhar Estava decerto mentindo.
Ha sonhos por todo o lado E ainda bem que assim é A vida não é um fardo, Sonhando...temos mais fé!
Bato na parede da indiferença dos Homens Com as palavras vestidas de desalento.
Cada letra está à porta do luar À janela do Sol A namorar com o vento.
E o mundo... Em bicos de pés, Reivindica um jocoso intermédio Entre o drama e a comédia Com jangadas de loucura A navegar neste rio Onde emerge alguém que grita Num desespero sem fim : É este o mundo que temos! (Numa farsa de arlequim)
E eu... que respiro poesia... Rasgo-lhe os versos na cara Grito a razão que me assiste E à varanda de um só verso Ofereço um poema triste Tão sem interesse e perverso Que até a mim entristece.
Mas com um Mundo tão louco... É o que Mundo merece!
Perdoa-me criança nua ou de farrapos vestida triste por não teres brinquedos ou um pouco de comida por esta farsa de vida que a ti te faz tanto mal e eu, ter a hipócrisia, de festejar o Natal.
Perdoa-me velho sózinho, de mãos trémulas, pés dormentes, e os Homens indiferentes seguindo outro caminho.
Se o Natal nos traz "Amor" traz "Ternura" e "Esperança" porque é que uma criança tem frio, tem fome e tem dor?
E se o Natal é "Amor" e se o Natal é "Carinho" Porque está naquele banco aquele velho..."Sózinho"?!
Desfolham-se os sonhos num coração de Outono condenado à sede de uma vida sem delitos. Nem o bater das asas de uma ave desperta o teu abandono És oração de vento . . .feita em gritos.
Nem o ritual da vida que te prende os pés É sussurro do que foste . . .e do que és.
A cidade sobrevive no traço do teu corpo inerte que bebe do copo do silêncio arremessado à tua solidão nesse banco de jardim . . . que é teu irmão. E eu sinto-me vazia… tão vazia que me falta inspiração!
Sonhei que em verdes campos De papoilas salpicados Os jovens de todo o Mundo Não queriam ser separados P'la cor da pele diferente Ou pela cor do dinheiro Clamando em nome da Paz Amor para o Mundo inteiro.
É em nome da Verdade Ou da Mentira inocente Que eu canto a Liberdade Num Mundo novo e diferente!
Menino que choras Perdido na rua Dá-me a tua mão Vem olhar a Lua. A via magoa quem menos merece! Tão má e tão boa Que às vezes parece Que não há calor Já não há carinho Já não há amor.
E passas os dias Beijando cansado As pedras da rua... À noite dormitas Em nada acreditas! Tapas o olhar Da luz do luar!
Cego está o Mundo Que não vê em ti O nascer do dia... Mas...eu não ceguei Por isso és a luz Da minha Poesia!!
A nossa vida é um sótão desarrumado; um velho livro perdido ou um brinquedo esquecido um pouco da nossa vida por todo o lado! Ah! E as recordações? As lembranças da avó misturadas com o pó que vai tapando ilusões...
Todos temos este sótão dentro de nós,fechadinho... E assim vai ficando com poeira, embora belo, deixando o nosso cabelo cada dia mais branquinho!...
Num momento de doce solidão Regressei aos meus tempos de menina Levada ao sabor do coração Olhei-me de tranças, alegre e ladina. Corria pelos campos lá na serra Apanhava amoras e comia Com as mãos fazia música na terra Ouvia no vento uma sinfonia. Subia às àrvores, eram meu castelo Via os caminhos de onde sempre vinha Colhia flores, enfeitava o cabelo, Era princesa...às vezes rainha!
A vida é feita de recordações De idas e vindas por vários caminhos São viagens feitas de mil ilusões Como D. Quixote com os seus moinhos.