Poemas, frases e mensagens de AlexandrinaPereira

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de AlexandrinaPereira

PROSTITUTA

 
PROSTITUTA
 
PROSTITUTA

Os olhos são rosários já antigos
A boca um inferno em convulsão
Não tem tecto onde deixe a solidão
Vagueia por entre doidos e mendigos

Apetecida? Sabe lá se apetecida!
A vida é uma história ou triste lenda
Veste o cetim do corpo em fraca renda
Nas ruas deixa a sua dor despida

Prostituta não! Ela é...Maria!
Menina que cantava e que dizia:
- Eu quero o mar , a terra e o céu também!

Deixou os sonhos à beira do caminho
Hoje é mendiga de um pouco de carinho
E sonha voltar aos braços da Mãe!
 
PROSTITUTA

NÃO IMPORTA!

 
 
Disseste-me uma vez: Amo-te tanto!
E eu... embevecida por te ouvir
A porta do Amor fui logo abrir
Para deixar entrar o teu encanto...

Eu não sei se mentias, mas que importa
Se por momentos eu fui a mais feliz?
Se a tua boca é linda quando diz:
-Somente o teu abraço me conforta!...

Já nem importa que apenas por momentos
Transforme em canção os meus lamentos
E com claves de Sol escreva os meus dias

Importa sim, que me fales desse amor
E que por mim sejas o compositor
Das mais suaves e belas sinfonias!!...
 
NÃO IMPORTA!

UTOPIA

 
UTOPIA
 
Recebi
uma bala
envolta
num poema…

Não matou ninguém,
e foi flor...

A bala que matava...
fez-se… amor!

Recebi uma criança
mutilada…

Sem nome

Sem país

Sem terra…

Dei-lhe o meu poema
contra a guerra!
 
UTOPIA

NÃO GOSTO DO MUNDO ASSIM!

 
Vivo entre amor e carinho
Mas percorro o meu caminho
Com o mundo preocupada
Para minha mágoa e pranto
Vejo uns esbanjarem tanto
E tantos pobres sem nada!
Presidentes de países
Onde os povos infelizes
Não têm trabalho ou pão
Esquecem o que prometeram
Negam tudo o que disseram
Na mais profunda traição
Comem dos melhores manjares
Têm aviões particulares
Viagens são de mão cheia
Enquanto morrem esperanças
No coração das crianças
Que são “Capitães da Areia”
Mentem com facilidade
Ostentam uma vaidade
Que os torna monstruosos
Falam de Paz e de amores
Mas conseguem ser autores
De actos tão vergonhosos
Quando é tempo de eleições
Apelam aos corações
Até prometem a Lua
Mas neste mundo de loucos
Os velhos morrem aos poucos
Vivem crianças na rua
Por isso vejo este mundo
Cada dia mais imundo
Com violência e maldade
Tem coisas belas, é certo
Mas este futuro incerto
Não me dá felicidade!
 
NÃO GOSTO DO MUNDO ASSIM!

ÁRVORES

 
ÁRVORES
 
A árvore tomba...
Não parte
A não ser que o vento passe
Com violência sem fim…
A não ser que as mãos do Homem
Lhe dê golpes violentos…
Só assim,
Entre tormentos,
A árvore irá cair.
Mas se ela tivesse rosto
Certamente ia sorrir
Com grande mágoa diria:
Eu tenho esperança
E fé!...

Porque as árvores
Também morrem
…mas sabem morrer de pé!
 
ÁRVORES

BODAS DE PRATA

 
BODAS DE PRATA
 
Caiu a prata
do céu
e nem por isso
é menos belo...

Ficou no teu cabelo,
(e no meu)
Agora...
frente ao espelho,
digo:

Estás mais bonito!

Como te amo..."meu velho"!
 
BODAS DE PRATA

AMO-TE

 
Não preciso de Sol...
tenho os teus braços!

Não preciso de Pão...
tenho os teus beijos!

Não preciso de Luz...
tenho os teus passos
que me conduzem
ao limite dos desejos!

De nada preciso!
Em ti tudo encontrei!
Nada perdi!

Para viver eu só preciso
...DE TI!
 
AMO-TE

A MINHA MÃE

 
A MINHA MÃE
 
Desprendi-me desse laço
Fiquei no Mundo e...gostei
Porque a força do teu braço
Me ensinou tudo o que sei!
Um rio doce, sem foz,
Onde navego sem medo
Como se fora a caixinha
Onde se guarda um segredo.

Aconchego de ternura
Abraço que tudo ensina
Num doce enleio que perdura
E me faz Mulher-Menina!!
 
A MINHA MÃE

ARESTAS

 
Por acaso não gostavas de viver
num mundo imaginário?
Não digas o contrário!
Imagina só!: Um Mundo quadrado,
Não redondo como a Lua,
Uma floresta virgem, só tua...
Animais dóceis, água pura, sol ameno,
Um rio calmo...sereno...
A guerra terminada,
Toda a criança amada,
em eternas festas...
E o vento de mansinho,
Polindo do Mundo todas as arestas!
 
ARESTAS

QUEM NÃO GOSTA DE SONHAR?

 
A vida é feita de sonhos
Quem não gosta de sonhar?
Os dias ficam sem graça...
E o tempo...
Ah, o tempo custa a passar!
O sonho comanda a vida
Alguém o escreveu sentindo
E quam disse não sonhar
Estava decerto mentindo.

Ha sonhos por todo o lado
E ainda bem que assim é
A vida não é um fardo,
Sonhando...temos mais fé!
 
QUEM NÃO GOSTA DE SONHAR?

DESALENTO

 
DESALENTO
 
Bato na parede
da indiferença dos Homens
Com as palavras vestidas de desalento.

Cada letra está à porta do luar
À janela do Sol
A namorar com o vento.

E o mundo...
Em bicos de pés,
Reivindica um jocoso intermédio
Entre o drama e a comédia
Com jangadas de loucura
A navegar neste rio
Onde emerge alguém que grita
Num desespero sem fim :
É este o mundo que temos!
(Numa farsa de arlequim)

E eu... que respiro poesia...
Rasgo-lhe os versos na cara
Grito a razão que me assiste
E à varanda de um só verso
Ofereço um poema triste
Tão sem interesse e perverso
Que até a mim entristece.

Mas com um Mundo tão louco...
É o que Mundo merece!
 
DESALENTO

NATAL

 
Perdoa-me criança nua
ou de farrapos vestida
triste por não teres brinquedos
ou um pouco de comida
por esta farsa de vida
que a ti te faz tanto mal
e eu, ter a hipócrisia,
de festejar o Natal.

Perdoa-me velho sózinho,
de mãos trémulas, pés dormentes,
e os Homens indiferentes
seguindo outro caminho.

Se o Natal nos traz "Amor"
traz "Ternura" e "Esperança"
porque é que uma criança
tem frio, tem fome e tem dor?

E se o Natal é "Amor"
e se o Natal é "Carinho"
Porque está naquele banco
aquele velho..."Sózinho"?!
 
NATAL

EM MIM

 
EM MIM
 
Não há cristais de gelo
no meu olhar
Nem montanhas
que eu não possa remover

Em mim
o mar tem eco
o céu tem fundo

Em mim mora este amor...
maior que o Mundo!
 
EM MIM

SOLIDÃO

 
SOLIDÃO
 
Na inutilidade das palavras
Suicida-se o tempo.

Desfolham-se os sonhos
num coração
de Outono
condenado à sede de uma vida
sem delitos.
Nem o bater das asas de uma ave
desperta o teu abandono
És oração de vento
. . .feita em gritos.

Nem o ritual da vida que te prende os pés
É sussurro do que foste . . .e do que és.

A cidade sobrevive
no traço do teu corpo inerte
que bebe do copo do silêncio
arremessado à tua solidão
nesse banco de jardim
. . . que é teu irmão.
E eu sinto-me vazia…
tão vazia que me falta inspiração!
 
SOLIDÃO

SÓ TU...E EU

 
SÓ TU...E EU
 
Parece que foi hoje
aquele dia!...

O meu vestido branco
como neve.

Subimos ao altar,
entre brumas de sonho
e de luar.

Ninguém viu
que a igreja
se iluminou,
e se transformou
...no Céu!

Naquele dia,
nada mais existia,

Só tu...e eu!
 
SÓ TU...E EU

MUNDO NOVO

 
Sonhei que em verdes campos
De papoilas salpicados
Os jovens de todo o Mundo
Não queriam ser separados
P'la cor da pele diferente
Ou pela cor do dinheiro
Clamando em nome da Paz
Amor para o Mundo inteiro.

É em nome da Verdade
Ou da Mentira inocente
Que eu canto a Liberdade
Num Mundo novo e diferente!
 
MUNDO NOVO

POEMA A UM MENINO

 
POEMA A UM MENINO
 
Menino que choras
Perdido na rua
Dá-me a tua mão
Vem olhar a Lua.
A via magoa
quem menos merece!
Tão má e tão boa
Que às vezes parece
Que não há calor
Já não há carinho
Já não há amor.

E passas os dias
Beijando cansado
As pedras da rua...
À noite dormitas
Em nada acreditas!
Tapas o olhar
Da luz do luar!

Cego está o Mundo
Que não vê em ti
O nascer do dia...
Mas...eu não ceguei
Por isso és a luz
Da minha Poesia!!
 
POEMA A UM MENINO

FRÁGIL

 
FRÁGIL
 
É sobre a ponte frágil
dos meus dedos
que a vida me confunde.

Nas horas pressentidas...
Desenhadas na cadência
de um tempo que se insinua
por entre as palavras
abismadas nas horas
consentidas.

Fragilidade esbatida
nas paredes do sonho

Tão frágil quanto eu!...
 
FRÁGIL

RECORDAÇÕES

 
A nossa vida
é um sótão desarrumado;
um velho livro perdido
ou um brinquedo esquecido
um pouco da nossa vida
por todo o lado!
Ah! E as recordações?
As lembranças da avó
misturadas com o pó
que vai tapando ilusões...

Todos temos este sótão
dentro de nós,fechadinho...
E assim vai ficando
com poeira, embora belo,
deixando o nosso cabelo
cada dia mais branquinho!...
 
RECORDAÇÕES

MENINICE

 
MENINICE
 
Num momento de doce solidão
Regressei aos meus tempos de menina
Levada ao sabor do coração
Olhei-me de tranças, alegre e ladina.
Corria pelos campos lá na serra
Apanhava amoras e comia
Com as mãos fazia música na terra
Ouvia no vento uma sinfonia.
Subia às àrvores, eram meu castelo
Via os caminhos de onde sempre vinha
Colhia flores, enfeitava o cabelo,
Era princesa...às vezes rainha!

A vida é feita de recordações
De idas e vindas por vários caminhos
São viagens feitas de mil ilusões
Como D. Quixote com os seus moinhos.
 
MENINICE