Assumo: Sou uma Narcótica.
Assumo isto Hoje, porque simplesmente não sei se o poderei assumir amanhã!
Tanto que se deixa por assumir…
O amanhã não é certo.
Assumo irreversivelmente o tanto que nunca disse,
e o tudo que sempre pensei!
Mais que isso, assumo a epiderme!
Assumo aquele arrepio da espinha,
Aqueles poros envergonhados.
Isto não é nenhuma conjectura,
É apenas um qualquer acto irracional.
Vicio-me neste bicho de sentir
Arrumo de vez com o preconceito
Forro o juízo
Esse tino que me arma
Desarmo por completo o definido
Estou enleada em transparência
Completamente envolvida
Tudo porque quero
Porque definitivamente pretendo
A eloquência
Daquelas bem expressivas
E a cair de Loucura
Porque irreversivelmente assumi
Assumo
ASSUMO
Drogo-me de Insanidade, com muitas gramas de Emoção…
Ahhh que Prazer dos Diabos é esta ressaca da Diferença!
Este orgasmo de Demência!
Discurso Directo
Não queria ser mal educada com ela.
Nem sequer lhe faltar ao respeito.
E muito menos ser traiçoeira.
Por isso, e num gesto sem nenhuma subtileza,
Lhe disse:
Olha Vida, se queres Gestos, não me oprimas.
Se queres Palavras, não me ajustes.
Se queres Sentires, não me ameaces.
Se queres Olhares, não me cegues.
Se não queres nada disto, não me chames.
E se um dia mudares de ideias e quiseres isto tudo.
Não lamentes.
Porque eu estava oprimida, ajustada, ameaçada e cega!
Restou-me o olfacto para prever a tua chegada.
E passos para fugir da tua partida.
Olha Vida, se um dia lembrares de mim.
Lembra-te que um lembrar é Mente.
E se é de Mente que se trata.
Então, não queiras lembrar de mim.
Não estou em nenhuma Mente!
Estou ali.
Ali mais para aqueles lados de lá.
A fugir.
Densos. Orgasmos.
A hora de saída sempre foi o teu forte.
Nem adeus.
Nem até já.
Perdão, Corrijo!
Na hora da saída sempre te pensaste forte.
Lamento informar-te mas, na hora de saída é a retina quem vinga.
Nela corre tudo.
Suores. Frios.
Quentes. Espasmos.
Poros. Cheios.
Veias. Vazias.
Densos. Orgasmos.
Emoções. Atestadas.
Choros. Recalcados.
Fome. Insaciada.
Desejo. Oculto.
Não sou forte, nem fraca.
Mas, faço questão em mostrar a retina.
Seja na entrada.
Seja na saída.
E na porta um aviso.
Proibida a entrada de pessoas estranhas ao serviço.
-
-
-
-
Perigoso. Êxtase.
Na hora da saída sempre te pensaste forte.
E nem sequer te atreveste.
À Ousadia.
Adeus
Que não saibas que estive na estação
À espera de todos os comboios
Por aquela linha
Que não saibas que te disse que estava lá
Permanentemente
Sem medir o Tempo
Que não saibas que esperei sozinha
Que não saibas isso
Nem tão pouco da intensidade dessa espera
Nem do espanto de esperar, ainda
Mesmo que esse ainda já não seja
Insanamente já não seja
Espanto
-
-
-
-
-
Adeus