Preciso de um tempo iluminado
por sol a pino,
em que a sombra não alcance
os pequenos passos da liberdade
Um tempo sem margens,
com sede de tudo,
que corre só porque o corpo quer;
sem fardos
sem metas
sem destino.
Que o mundo permita
apenas a luz e o chão quente
da inocência
Um tempo onde o coração
é tambor de alegria
e o suor tem gosto de
descoberta.
É meu corpo que escreve os meus poemas.
Minha alma é a sucursal da minha mão.
As palavras me buscam no silêncio.
Palavras são estrelas que reclamam
o papel branco: céu, constelação.
(Os Poemas - Lêdo Ivo)