Beijo final
Visão , horizontes , ventos que sopram
Cabelos que movimentam-se sobre olhos ardentes
Viagens , mundos , pedras rolantes no meu caminho
São como trilhos de amarguras…como sentimentos sonantes
Perdas e esperanças…canções de fogo , Calor e amantes…
Crueldade dos teus lábios doces de amargo
Beleza pura da sombra do meu passado
Sabores percorrem no nosso corpo
Encadeado por dois sentidos ignorantes
Foge , esconde-te atrás da tua sombra
As árvores festejam pelo luar duma noite brilhante
Olhos de diamante de castanho dourado
A mente torturada , alma acorrentada
A lágrima escorre pelo meu olhar
Cansado me sento a chorar…
Quero-te amar , não chores , só te quero ver chegar…
Pálida dor , pálido andar , assim tento caminhar
Frio da manhã , fogueiras erguem o nascer do dia,
Brilhante é a chama que me faz levitar
Toda esta vida que pretendes continuar
Esperava por ti neste meu sussurrar
Pele mascarada de branco , não queres acordar…
Eram gritos na fria manhã , perco por não me levantar
A minha angustia tenta soltar , fujo para a rua , o cheiro do ar…
A cozinha era bela , nela tento procurar…
Peço-te que me tentes respeitar
Respiração , pensar doente , mente distante
Procuro no teu olhar que tentes alcançar
Despeço-me de ti…a estrada espera por mim , um adeus rápido , o beijo final…
Portas Infinitas
O Desespero segue pela rua dos amores que não compreendemos como a musica viaja pela nossa mente calma e solitária à procura de respostas dum novo dia estranho em infernos encontrados.
Venha-nos buscar , estamos por labirintos destroçados na mensagem e palavras que pretendemos agarrar , monstro de energia relembra as nossas recordações afastadas de gestos e danças enigmáticas , xamã e índios na viagem dos sentidos e visões psicadélicas...
Pintura nas paredes , sangue fresco escorre pelas costas da mulher ao passar as unhas afiadas num gesto dizendo...estamos vivos !
Acorda para celebrar a nossa chegada , corremos como pessoas livres e doentes em brisas pesadas , leve como será a palavra Amor...?
Entro nas portas infinitas junto ao mar , não quero esse eterno e duro prazer...prefiro a montanha e floresta acompanhado por amigos falsos que dão de beber à dor...
Pequenos e iluminados surgem pelas árvores , silencio total , o olho afina-se no escuro da noite numa cerimonia de pano vermelho...
Temos direito ao que a natureza oferece...mas que nada tem para dar , isso apenas será descoberto no nosso interior.
É o fim da noite...
Pecado Ancestral
O som vagueia pela nossa mente numa noite estagnada de inspiração...
Quarto solitário de portas imaginarias nas mais calmas saudades , animal deitado e atento a cada compasso e nota musical...alisando o seu pêlo brilhante nos olhos de diamante que surgem ao amanhecer.
A minha alma selada como um muro pesado e escuro...
Áspera de pontas salientes e curtas , desfaço-me num sonho em busca da realidade a cada canto quebrado...
Respiração duma vida , adormecemos na mais pura verdade das melodias , alimento o meu choro retraído nos sentidos do meu olhar...não voltarem a sentir o pulso da vida como nos tempos de inocência que me puxaram para um solo fundo de sangue.
Paginas dum caderno que se desfolham...olhares atentos que pisam...palavras secretas que se escondem fora dum alto e misero silencio numa sociedade que em mim se esconde.
Existem gritos da historia que não se discutem mas que ecoam nos céus da realeza , manto da escuridão que rasteja nas sombras do coração.
Distante viagem...estradas abandonadas que me guiam na tua direcção.
Morrendo de pé numa berma desprezada , seguem esqueletos abandonados para longe horizonte , destroçando caminhos imperceptíveis numa luz que nos encadeia...desfocada na serenidade dos meus dias.
Mundo escondido que não consigo alcançar , vivo da historia e dos passados ancestrais...
Numa rua me deito...
Numa rua adormeço...
Os passos da manhã numa infinita sombra que se esconde ao acordar...tu renasces , cantas , danças no meu pensamento...eu no meu abrigo pálido sempre me esconderei.
Entre o céu e a lua
Entre o céu e a lua , entre o abismo e a perda
Floresta perdida de sentimentos , as folhas que escolhem o teu caminho…
Pequena vegetação sobre pedras sagradas , a brisa do vento que te envolve no corpo…
Deitada no chão permaneces imóvel , ouvindo apenas o cantar do coração
Fechas os olhos por instantes , apenas sentes o medo como gratidão…
Abres novamente os olhos , mas apenas uma lágrima revela a tua emoção
Por momentos perguntas ao vento se precisas um pouco de solidão…
O vento responde , não tenhas medo eu estou aqui ! , sou apenas uma visão…
Que mesmo que não vejas , protejo-te na escuridão…
Com apenas alguma força , caminhas novamente sobre folhas secas…
Elas sentem os teus pés como gritos duma alma presa , silenciosa…
Agora na margem dum rio , transparece o reflexo do teu olhar
O caminho para trás desapareceu sobre o sonho do teu andar…
As Estrelas não brilham , mas o corpo permanece cintilante…
Sentes a força do teu pensar , num luar amado que te guia…
Rendes-te nas tuas sedas , apenas o corpo tremia…
Toda a imensidão duma vida que por ti sorria
De costas voltadas para o mundo apenas um dia por ti morria…
Pedaços ancorados
Pedaços ancorados nas vertigens da alma , fantasmas mergulhados nas profundezas ocultas da imaginação...
Nada se faz sentir na nossa Era , ruas desertas nas madrugadas escuras esperando os nossos passos e rumos como companhia.
O medo é o amuleto que sustem a nossa vida , pequenos percursos nos infinitos minutos que passam da nossa existência.
Por vezes é tão difícil sentir algo quando os anos ditam e condenam aquilo que construímos...
Será a mente e os ideais uma construção real do tempo ?
Serei eu no espelho da idade uma forma de ilusão?
Fixa-se o olhar , procuram-se moldes perfeitos e respostas na invencibilidade que desejamos ter.
Que será melhor...
Ter um espelho quebrado?
ou
Um espelho desfocado ?
O ar que sai de nos não chega para escrever tudo aquilo que sentimos , ele esconde-se da realidade , foge dela e afoga-se num abismo sem retorno...
Mas eu...
Quero-te encontrar na mais pura forma de inocência...
Quero o teu olhar longe do mal da humanidade...
Olharei sempre para ti nos mais belos elementos vitais da terra , tu serás sempre Fogo , Ar e Mar...uma forma atraída de Metal por mim idealizada.
Com o passar dos anos não terás mais medo da fantasia nem da realidade...pois um dia num sonho teu ao acordares , as cores da vida irão te envolver sempre na mais perfeita das mulheres.
Sinais entorpecidos
Viagem imaginaria nos corredores frios da solidão...eco de metal surgindo ao fundo da escuridão , avanço ou sento-me neste chão estilhaçado de vidros ?
Ventos cruzam a minha face pálida e uma lágrima gelada permanece imóvel no meu olhar calmo e sereno...as vozes longínquas ancoradas na prisão dos seus dias elevam-se num ar mortífero de ozono em suas espirais desconhecidas nos abismos ameaçadores do julgamento quebrado.
Brilho da manhã que afugenta a noite
solitária...torneiras cristalinas lavando a doce alma podre de dor na TV surreal da sua chuva sem cor...assim se ditam as horas impacientes dum Mundo oculto.
Passeios calcários nas raízes da terra criam trevas nos seus caminhos...caminhos esses que nos seus estreitos labirintos analisam o crescimento minúsculo dum verde a colorir...trevo da maldade que amarga o paladar da bondade.
Noite que sente os dias como os dias que sentimos na noite...fazem-se recuar os passos que damos nos sinais do suicídio lento em quartos idealizados...forca da salvação aliviada em mentes adormecidas sem coração.
A melodia é intensa mesmo para quem nada sente a morte dura em suas vidas...esboço da alegria que se desvanece com o passar dos anos como as ternas e envolvidas lembranças perdidas.
Apodreço num espaço doente por mim idealizado...
Eu busco-te mas não te sinto...
É tudo uma mentira...
Eu sou uma mentira...
É tudo ou será...morte?
Feridas negras
Demónios e Necromantes estão entre nós enquanto dormimos solitários nas florestas perdidas... Chamamentos e nevoeiros calmos espalham-se pelas terras gélidas da manhã , guerreiros no cimo de pequenas colinas surgem com as suas sombras e raios de sol enfraquecidos.
Pântanos sedentos deixam para trás os objectos da tortura , caminho lentamente por águas quentes e misteriosas...ferida de Deus anuncia ventos libertinos trazendo consigo o cheiro da peste agonizante da historia...
Corvos pendurados e seus curativos de morte...já nem covas com cadáveres nem corpos queimados anunciam a nossa chegada...mulher de olhar astuto renunciando a oração...assim por entre festins do tempo cai a noite e renasce o luar...
Nesta noite eu conheço a tristeza , sofrimento que adormece os meus sentidos...mato lentamente a espera numa impune lamina que trespassa um amor amaldiçoado...maldição dos propósitos da vida que fazem passar os meus anos.
Torno o meu coração insensível envolto de sombras e historias passadas de amor de ódio e vingança...erguemos a espada em nome de Deus tentando entender o poder da oração e salvação...bruxas de olhar assustado assim sejam relembradas nas minhas memorias queimadas !
Busco a verdadeira cega de paixão...aquela que um dia caminhara nos cantos desconhecidos do meu coração...
Sim tu !
Traição de mulher amada , pois entendo cada ferida negra do teu corpo que se aconchega num caixão de madeira velha...
Apodrece a minha alma enquanto crescem os teus cabelos de insanidade , espero mais um dia e outro dia...quando estarei junto a ti ?
Espaço fundo
Grande criador de toda a vida e Amor...penetra nos portões do fundo em cascata cheia de ternura carente.
Largo os meus passos em chão suave e escorregadio da minha ignorância e ingenuidade , pele enrugada precisa da secura dos teus lábios para formar copulas brilhantes ao ritmo da musica estridente e calma da noite dos amantes desesperados.
Nada corta este elo puro ao ouvido do século da prosperidade... , em planícies que avançam alcançando o olhar belo e perfeito da águia migratoria nos vales quentes e frios que os deuses criaram....
Na sua asa livre...não se perde na viagem , avista as presas salteadoras , garras de condão espetadas na carne fina em gritos presos de dor , rancor , vingança avassaladora na manhã dos rios envoltos nas pedras de carvão ainda em brasa...queima a nossa pele dando o brilho ao olhar.
Sem medo o pastor caminha nos montes pertencentes ao diabo , fustigado na mente básica e pau firme...uma casa solitária , o fumo da chaminé...bosque encantado e bruxas à solta voam ao cimo das árvores rindo-se sarcasticamente dos nossos passos.
Biblioteca antiga , poço fundo...
Mendigo pede esmola , madeira ruidosa das portas ao abrir os minutos desperdiçados na vasta sala transtornada...
Cheiro do pinheiro e pinhas quebradas em saco vazio , na ferrugem segue o ar pelos compartimentos da casa fria , baú das tuas recordações fechado durante o tempo em que não conhecia-te...
Caio agora no espaço negro , será abismo ?
Não tenho nada para agarrar-me , a vista não ajusta-se no infinito dos profundos círculos...tonturas criadas agora violadas pelo gigante invertebrado sempre cansado...
procuro-te...
Onde estás ?
Ancorado
A velha louca segue o nosso olhar na infinita noite que chega sem avisar...
Cruel espumar da sua boca que dita as palavras profanas aos vigiantes...
Caminha para o seu lugar numa casa escura e fria nos seus tecidos velhos aquecendo a sua alma , advinha sem chorar...
A cidade das luzes sente-se solitária , pequenos buracos nas ruas dormem os sem abrigo escondidos nas sombras...nenhum lugar é seguro , mesmo em becos estreitos consegue-se ver a luz do candeeiro.
Forma-se branca perdição , sem vida nem amor e o chão acolhe as suas mentes , torna-se tarde...agora a esperança é demente.
Nervos tensos soltam-se dos pulsos , sangue espesso nos lagos acidentados , passam as sombras envoltas no rio que transborda de saudade... , pergunto ao vento a nossa idade ?
Espaço vasto , nevoeiro intenso em pés quebrados pelo frio acolhido no teu ar queimado pelo gelo do corpo...
Galeria onde expõem pinturas , mantenho o meu olhar num rosto velho que admiro...
Neste momento estava junto a ti e os outros ignorantes á nossa volta , artitsas escravos neste século estereotipado.
Dentro do carro vagamos acompanhados por algum sentimento , mas não consigo saber se é o mesmo que sentes...
Mão sobre uma mão que não segurou com a força necessaria para amar.
Largo as preces
largo os contos assombrosos
Largo a noite que saia da tua cama e deambolava pelo corredor temivel em espelhos limpos por ti num dia.
Agarro a dor e apatia , agarro o Mundo por mim criado...renasço da noite alimentado nesta vida ancorado...
Chama---me
A Viagem é longa…todos os sentidos levam-me para estradas de prazer , dor e morte.
Olho para os ponteiros da velocidade e mantenho-me atento aos sinais da sorte… , ela não existe é apenas o destino que acompanha-me.
Percorro no escuro da solidão , a lua não se mostra…preciso da tua companhia pois a minha visão transfigura-se a cada Quilómetro que faço , tenho medo…esperas por mim…?
Preciso dum lugar para esconder-me, uma casa, um lar, preciso de fazer amor para espantar a morte.
Ao entrar em terras de saudade, o frio percorre nas veias geladas, encontrei-te finalmente! Mas a minha alma esta cansada…dizes para esperar, acendo um cigarro, mas a minha alma esta tão vazia…Dizes para entrar…, os teus corredores são frios, as portas estão fechadas… suavemente abri a principal, encontrei-te vestida de preto e vermelho, pedes para te despir peça por peça , primeiro as rendas pretas nas tuas mãos, depois o corpete, de seguida as minhas mãos geladas nos teus seios...em frente à tua fogueira sento-me a pensar…, em toda a luz e aconchego pedes-me para te beijar, mas as chamas estão difíceis de adivinhar toda a minha vida e perda de Amar.
Não peças-me para purificar, deixa meu corpo aqui ficar, pois quando a chama apagar na escuridão vou-te encontrar.
BRUXA MALVADA que me deixas-te na escuridão, escuridão mais negra que a minha própria sombra, é preferível continuar a fogueira acesa do que tentar renascer das CINZAS.....pois nelas vou-me deitar e na tua testa beijar.
ACORDA…o fim é já amanhã, passei a noite toda a olhar por entre frestas do teu quarto ,A fogueira era bela…a chama era forte , mas se apagará se não for alimentada…