in tento
escusa sem arrependimento: meu ato continuado de lamber as tuas palavras enquanto toco o vidro que te faz rosto.
meu in tento enquanto te fixo até sentires a nudez que te deseja sem que a saibas embora a sonhes.
que eu sei.
circunstâncias.
mudos.
tu que nem olhaste para trás.
eu que nem pude olhar-te de frente.
foi sempre assim.
tu a decidires os regressos e as ausências.
eu a ter de acreditar depois de cada desistência.
como
como me vestes com as tuas palavras de onda selvagem!
mas sou areal
que se despe na ausência do teu mar.
e morro.
arrefeço.
queda.
fico-me.
sou a presença ténue de um fogo nunca visto
antevisto
enganador
em sedução
mas isso foi antes da tua pele como horizonte
antes do teu leito como terra
genuína
onde a minha semente deitada seria corpo
outro
um dia
ateado em mim ardeste - temeroso desististe
e deixaste-me assim
ténue.
qual impulso apagado que me sucumbe.
e eu com ele.
nem o teu nome.
nem o teu nome.
perdi-te muito antes de pensar nisso.
procurei-te no além da tal curva onde te deixaste esconder.
de desculpas, passos leves.
da dor, a que me fechou quem sou.
até hoje.
nem mesmo o teu nome.
nem da curva eu sei.
o caminho é agora reto.