in tento
escusa sem arrependimento: meu ato continuado de lamber as tuas palavras enquanto toco o vidro que te faz rosto.
meu in tento enquanto te fixo até sentires a nudez que te deseja sem que a saibas embora a sonhes.
que eu sei.
circunstâncias.
mudos.
tu que nem olhaste para trás.
eu que nem pude olhar-te de frente.
foi sempre assim.
tu a decidires os regressos e as ausências.
eu a ter de acreditar depois de cada desistência.
queda.
fico-me.
sou a presença ténue de um fogo nunca visto
antevisto
enganador
em sedução
mas isso foi antes da tua pele como horizonte
antes do teu leito como terra
genuína
onde a minha semente deitada seria corpo
outro
um dia
ateado em mim ardeste - temeroso desististe
e deixaste-me assim
ténue.
qual impulso apagado que me sucumbe.
e eu com ele.
incompletude.
se tem sido possível...?
queres mesmo saber
sim.
não te falo do modo.
dos dias.
dos muitos momentos.
dos ontem.
hoje.
sem pensar nos amanhã.
tem sido assim, confesso.
uma vida repleta de imagens de palavras.
gritos soltos antes da queda no abismo da incompletude.
nem o teu nome.
nem o teu nome.
perdi-te muito antes de pensar nisso.
procurei-te no além da tal curva onde te deixaste esconder.
de desculpas, passos leves.
da dor, a que me fechou quem sou.
até hoje.
nem mesmo o teu nome.
nem da curva eu sei.
o caminho é agora reto.