COMO O GUME DE UMA VAGA
Falo assim porque sei,
o que é a solidão,
navegante sem destino,
letícias e desenganos,
bandeira afagando o vento.
Como o gume de uma vaga,
penetrando o sentimento.
CANTAR, MAS O QUÊ?
Cantar, mas o quê?
A dor de estar só?
O mal que se sente?
Ou o ser, simplesmente?
Sofia
INICIAÇÃO
Amar é como o tempo, as estações,
O ciclo e o acaso, senão a intempérie.
Por vezes acontece a inércia,
Ou o escorrer do tempo entre os dedos,
Como se os dias fossem só segundos
E os anos nos faltassem para viver.
Mas a sabedoria dos astros nos ensina:
O meu horóscopo és tu.
POR VEZES ACONTECE...
Céleres os dias, breves as noites,
para o muito que há para alcançar.
Nas viagens que fazemos companheira,
plo mar que só distingo ao navegar.
Por vezes acontece, um súbito momento
em que o grito dificilmente se sustém,
e quem ali estiver na amurada
há-de sentir na voz que se anuncia,
por entre o vento suão e a nortada,
que o ser existe, o pensamento, a ira,
o desespero, o sonho e a loucura,
que tudo vale a pena, enquanto a vida dura.
Sofia