Memórias De Infância
Memórias de Infância
Sinto falta
Daquele regato
Do cheiro do mato
Da lenha e fogão
Sinto falta
Da simplicidade
Daquela vontade
Daquela paixão
Das aves cantando
Do vento levando
A poeira, as folhas
E minha imaginação
Sinto falta
Da fruta no pé
Do sonho e da fé
Na minha oração
Sinto falta
Da paz que sentia
Quando a chuva caia
No pé de limão
Sinto falta
E só resta a lembrança
Da minha infância
Em meu coração
A Noite, No Meu Quarto
A Noite, No Meu Quarto
A noite, no meu quarto
Olhei pra janela
E o vidro que me refletia
Fez meu olho esquerdo
Ter a lua em sua pupila
Então tive os olhos do mundo
E podia ver estrelas, cometas,
Asteroides e galaxias
Além de onde chegava
A luneta do planetário
Então me senti Deus
Mas sem a parte ruim
Porque Deus tem que
Ouvir pedidos idiotas
E levar culpas que
Não cabem a Deus
E ouvir o pranto
Dos filhos seus
Que choram muitas vezes
Por coisas que não valem
O pranto derramado
Fui o Deus da contemplação
E contemplando a dança
De asteroides e estrelas
De brilho e beleza incomuns
Senti como é bom
Ser livre e ter
Um universo só meu
E tudo era maior
Que tudo quanto havia
Sonhado em toda minha
Ínfima existência
E foi aí que vi
Minha pequenez e
Que não podia ser Deus
Eu estava no espaço
E não era onipresente
Eu não conhecia aquilo tudo
E não era onissapiente
Eu nada podia frente
Aquela imensidão
E não era onipotente
E, apesar de ter sentido
Um amor incondicional
Como se diz de Deus
Eu não o era
Eu era só eu
Eu e só
Com meus pensamentos
E o olhar unido a lua
Ambos refletidos
Na janela do meu quarto.
Espero
Espero
Espero
Ausente
Reflito
Bocejo
Escrevo
Apago
Disfarço
Não vejo
Percebo
É tarde
Apresso
Meu passo
Não faço
Não penso
Não temo
Cansaço
Como é
Que podia
Na noite
Ou de dia
Viver
Não vivia
Sonhar
Não sonhava
E quando
Acordava
Era eu
E morria
Sobre Filhos da Puta
Sobre Filhos da Puta
Os filhos da puta estão soltos
Os filhos da puta estão a vagar por aí
Os filhos da puta não tem a cara estereotipada
Que se imagina que tenham os filhos da puta
São filhos da puta e só isso basta
A espreita,
Esperam uma oportunidade
E exploram
Sua mais intima alegria
E tudo que era bom
Vira gosma de esperança
Saúde se torna surto de dengue
E a vida para
Como a agua de seus vasos de plantas
E ervas daninhas
Cultivadas para infestar
O coração dos distraídos
A pureza de pensamento
Não existe mais
Não se envolve mais
Os braços ao redor
E só eles sabem
Da crueldade
Da maledicência
Do agouro
E do que há por de traz
Do coração pétrido
Pútrido e gélido
Do filho da puta.
O Amor Que Não Encontro
O Amor Que Não Encontro
O amor que não encontro
Anda a vagar por aí
Talvez numa nuvem
Talvez n´algum ponto
De nossos desencontros
Onde eu me perdi
Deve estar a caminho
Vindo bem devagar
Ou se perdeu na estrada, sozinho
Ou na areia onde quebram
As ondas do mar
O amor que não encontro
Me causa ansiedade
Desamor, preguiça
Falta de vontade
Pode estar na esquina
De uma rua qualquer
Disfarçado de amor de menina
Entrevado no peito
De alguma mulher
Corre meio ao escuro
Um medo que em mim persiste
De que o amor que procuro
E não encontro
Seja um amor que não existe
A Mão do Vento
A Mão do Vento
Sinto o vento noturno
Acariciar o meu rosto
Feito mão de mãe
Que consola seu filho
Como se num ato de amor
Puro e santificado
Pudesse a Mãe Natureza
Se compadecer de minha humana tristeza
Sozinhos
Sozinhos
Eu e meus pensamentos
Em prantos
Ouço ecoar no vento
Uma vóz que diz
Que te amei tanto
Que amei por nós dois
E só vi depois
Que tudo acabou
Ao Meu Eu Menino
Ao Meu Eu Menino
Puxei pela memória
E vi um tempo
No triste intuito
De me esquecer de hoje
Eu brincava,
Me divertia.
Eu me esquecia,
E me lembrava
Somente o eu
Que ali estava
Era quem de mim
Sabia, e nem desconfiava
Que eu cresceria
Em desencantos
E daquele eu
Em prantos me esqueceria.
Amor Caipira
Amor Capira
Minha frô de maracujá
Meu pé de macaxera
Da minha vida abro a portera
Pra modi ocê entrá
Tantos dia e tantas noite
Andava sem eira nem beira
Da estrada comi puera
Da vida levei açoite
Mas na noite ocê veio
Iguar quenem um crarão
Alumiô a iscuridão
Mandou imbora meus anceio
E hoje, pra alegrá a vida intêra
É só nocê eu pensá
Minha frô de maracujá
Meu pé de macaxera
Oque Aprendi Com o Amor
Oque Aprendi Com o Amor
Não aprendi nada com o amor
E ele ainda me fere
Desfere golpes contra meu peito
Castiga meus pensamentos e desanda a vida
Não aprendi nada com o amor
O amor é enganação humana
Ninguém em sã consciencia ama de verdade
Ninguém gosta de chorar e nem sentir saudade
Não aprendi nada com o amor
Sentimento estupido que promete
Tudo, até o mundo, a vida, a alma
Mas a nós, sobre ele, nada compete
O amor é chama de absoluto silencio
É tristeza e solidão quando acaba
É ciume, é possessão
É o outro errar, e a gente pedir perdão