em glória ao sol negro
são aspergidos do terreno
mascada mescalina intravenosa
em círculos de fogo
e gemem corpos hermafroditas
são inalados sopros do inato
totalizados melódicos
contorcidos de dançáveis coiotes
deglutidos palpitantes lunares
eternizam o refulgente espírito
e da chama cega
nunca mais
iluminado entrave da vereda
com sombras
projectadas do negro ao negro
ejaculadas das palavras do pensamento
os gritos ensalivam
e escarram
cruzes subterrâneas
do centro ponteado nos cardiais
a translação
para a aparição que se fulmina
fixadas consciências
que vivem do intangível
e
os bailados nas lufadas de noite
que açoitam
brotam celestes
as peles arrastam esqueletos
ressuscitados
clamadores do metal e do corno
a trovoada de ventre aberto
é sorvida pelo gládio
entre baço e coração
até à última gota
de sangue
do ígneo pairado sobre negrume
golfada sulfurosa
que jorra
intrínsecos géneses de caos
e
o incandescente interior é crepúsculo
implantado em fervor
chama sombria que vive
dos obscuros vapores
noite que caminha sobre a noite
o concreto sinestésico encarnado
© Bruno Miguel Resende