Poemas, frases e mensagens sobre memória

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares sobre memória

preternatural

 
este velho hábito de me esquecer de te esquecer
de me perder nas sombras da mente

cair dentro de mim
aos tombos
com a destreza nova de uma armadilha antiga

cair desenganada
cair no desconhecido
no infinito do nunca
do nunca que não se agarra
e, que não se pode ter

olhar a distância
desvirtuando a consciência
sentir a ausência sem tempo
em meus descompassos passos
e, querer...

...esquecer um passado cuja persistência estimula
o desenterrar da memória que perdura
e se esquece de te esquecer.
 
preternatural

Falo de coisas simples

 
Falo de coisas simples
 
FALO DE COISAS SIMPLES

Minha memória é livre
Recordar depende dela não de mim
E é nesta liberdade
Que despertam recordações sem fim.
Surgem sempre trazendo saudade
Repetem-se sem aviso,
até à exaustão.
E sempre que é preciso
Surge lembrança que parecia enterrada,
na raiva dum grito, calada.
E é maior a solidão!

Um rumor já ouvido
Um odor já respirado
E nem o coração ouve o pedido
Do meu espírito cansado.

Trepa o sol pela parede
Sonho eu com a idade dourada
Assim mato minha sede
A dormir ou acordada.
Falo de coisas simples...
Das aves que sempre regressam do mar
Trago os olhos cheios de poesia
E nesta noite escura sem luar!?
Ergo a voz a um novo dia.

Falo das rãs que coaxam canções de amor
Dos pássaros soltando trinados
E se a lembrança me causa dor?!
Ficam meus sonhos desarvorados.

Vivo ao sabor da corrente
Já não me imponho à maré
Nascida dum pobre ventre
Dele mesmo trouxe fé.
Sou flor da maresia
Meu nome é rosmaninho
Cresço de noite e de dia
Meu destino é este caminho.

rosafogo
 
Falo de coisas simples

este poema não existe

 
este poema não existe
nem sabe o que lhe calhará por sorte
mas insiste, numas palavras mais
pode até falar de morte,
ou dos sonhos que iluminam
o quarto, se me achar ignorante
deixo-o a falar sozinho
e parto...
sussurra-me ao ouvido
que é fugaz minha inspiração
que sou ave extraviada, mal amada,
e é capaz de ter razão!

agora, o poema ferve-me na memória
é grito que me chama do vazio
é lágrima seca sem história,
é vida em escassas linhas
desejos, e saudades tão minhas,
poema que ninguém sabe da existência
poema que é toda a minha essência.

natalia nuno
rosafogo
 
este poema não existe

o peso dos dias...

 
o tempo vai tecendo suas teias
suga-me a memória e as ideias,
fico descuidada e só
girando nas lembranças
vêm a mim imagens ditosas
e desato mais um nó.
passa a brisa do salgueiro
o riso do amanhecer, o rio a correr
e tudo o que amanhece vive em mim
belo, assim, da vida para a vida.

meus olhos são bagos maduros
trago neles o peso dos dias
e o desassossego dum silêncio
ensurdecedor, no coração
o fogo retido dum grande amor.

afundo o olhar, para querer decifrar
o que ainda me sustém,
se o tempo sem memória
ou, o que ainda à memória me vem.

natalia nuno
 
o peso dos dias...

ao olhar para trás...

 
já confusa fica a memória
não há esperança que a salve
vai-se apagando sem dar conta
e mais uns dias vividos
já a vida vai a uma ponta
esta é a realidade,
ao olhar para trás
surge a saudade.

foi-se o calor dos sonhos
a impetuosa fantasia
tão própria da idade
sabendo que a vida aí
- é tão nossa!
quanta saudade
de tudo o tempo se apossa.

hoje parece que esse tempo
não me pertenceu
a noite já não é surpresa no meu
rosto
sombras desvanecidas
asas caídas
no olhar o sol posto.

natalia nuno
rosafogo
 
ao olhar para trás...

ruas da memória

 
as ruas da minha memória
eram de terra batida, chovia
ainda recordo o cheiro a terra
desse tempo de nostalgia
tudo incrivelmente distante
brincávamos na rua
vivíamos sem medo
a aldeia era minha e tua
e a amizade o segredo,
banhávamo-nos no rio
para aguentar o calor de verão
e no inverno à lareira vencia-se o frio
café ao lume, fatia de pão
na mão...
ouvia-se o vento
enquanto a tempestade passava
e com Deus no pensamento
pedia-se em oração
e a tempestade amainava.

tudo era simples assim
o pai tratava da horta
e a mãe dos filhos e do jardim.

havia fotos penduradas
na parede
antepassados que não conhecia
olhava-os dia após dia
«dali ninguém os arrede
que à avó são familiares
tios, avós, pais, e netos
ali nas fotos aos pares»

tempos de poucos afectos
de reprimidas emoções
de sufocados desejos
também de desilusões
alimentando-se ansejos

mas recordar me alimenta
guardo sempre esta vontade
e nesta manhã cinzenta
de silêncio vazia, chega a mim
a nostalgia
tudo lembro com saudade.

natalia nuno
rosafogo
 
ruas da memória

Lágrima serena

 
Seguro nas mãos a memória moribunda
De asas lindas no horizonte arriscado
E lá ao fundo uma palavra vagabunda
Junto ao azul um laivo de sangue derramado

E o teu nome, num por de sol violento
Fundeando meus versos num amor morto
Escurecendo o azul, tornando-o cinzento
Seguindo o seu voo, num voar absorto

Beijando a estima num abraço profundo
Deixo-a partir num sonho, ou numa pena
Pois tu, amor, já foste todo o meu mundo

Agora és natureza, obra d’arte algo obscena
Sucumbindo num minuto, talvez num segundo
Ao som de um suspiro de uma lágrima serena
 
Lágrima serena

“Quem sabe... amanhã” - Soneto

 
“Quem sabe... amanhã” - Soneto
 
“Quem sabe... amanhã” -Soneto

Às vezes penso, nasci na contramão da vida
Quando o desencontro abissal toma minha razão
Meu invólucro, expõe esse deserto sem guarida
E na memória dos meus olhos, tanta explosão

Explosão de sentimentos, quase uma vibração
Memória de momentos estéreis, jamais vividos
Estático, meu corpo permanece, ante a visão
De provar um futuro, agora talvez permitido

Nesse ciclo diário, maçante que vai e vem
Quase nem percebo, tão apressada e alheia
No fio da navalha, a envolver-me essa teia

Momentos intermináveis de viagem ao alem
De dentro de mim, renasce sempre um querer
Renovação do ciclo, que insiste em não morrer.

Glória Salles
 
“Quem sabe... amanhã” - Soneto

Reminiscências

 
Reminiscências
 
Há um pulsar a contratempo na reminiscência do marulhar
Abrupta a onda das memórias enaltecidas em rebentação
De cada vez que o homem se embrenha no lodo da desilusão
Há um paradigma, padrão dos descobrimentos, um imenso mar

Tamanha é a simbologia desta força, um remar contra a inércia
Um oceano de aventuras, o desbravar de novos horizontes
Novas culturas, suas gentes, seus idiomas, suas fontes
Tudo o que um olhar cativo seduz, implora e denuncia

Faz-se a montante o devir ecuménico de um fado
A esperança por dobrar, morte em forma de naufrágio
Em terra o choro, cumpriu-se o sonho imaculado

Corre a jusante o refluxo de outras eras, outras glórias
Naus de uma história, Nação dilecta, heróis do mar
Caravelas, a marca de um povo coroado de vitórias

Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
natural: Setúbal
 
Reminiscências

"Não me Digam que Não Falei" do 25 de Abril

 
 
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"Não me Digam que Não Falei" do 25 de Abril

foi ainda ontem
nesse ontem que já não existe
que um passado vago esmaeceu até ao nada
esvaziando em diluição simultânea
todos os sonhos que quase foram realidade...
o sangue arterial..., dela !,
em vermelho e verde ... escorria
como um manto gritante
onde a flor de laranjeira se agitava
em busca da vida que, tristemente, lhe escapava ...
e ... ainda... assim ...
o monumento onde ecoava a insana risada
via-a sentada , perfumada de laranjas ,
com um cravo vermelho na lapela da alma
agora, também ela, ó ironia!,censurada !
e que queixa jovem a poetisa reclamava ?
"um espelho e um canivete" ?
mátria podia ser o nome daquela revolução
em tempo de - acabaram-se os panfletos !
mas quem conhecia melhor do que ela
o poder da palavra portuguesa ?
quem sabia melhor do que ela
espelhar toda a geografia literária
desta terra lusa ?
ai ! ...
foi ... ainda ... ontem
que a morte transbordou e vazou
para o dia de hoje
seja lá como for
ó terra leva para qualquer flor
o perfume dos corações despedaçados

(enquanto o tempo espera pela grandiosa
colecção de emoções que se revoltarão ...)

Luíz Sommerville Junior, 26042014,21:56

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"Não me Digam que Não Falei" do 25 de Abril

Só!

 
a vida é caminho
que termina em qualquer parte
até que diz adeus
àquele que já de nada dispõe,
e a nada já se opõe.

com arte,
apaga-lhe as ruas soalheiras
da memória, as recordações,
a mão que a palavra desenha
tudo quanto ama
e o que resta?!
nada de onde lhe venha
- acabou-se a inquietude
por companhia o rumor do vento
e a acalmia da ternura da tarde,
nada importa já,
cruza o firmamento
leva consigo a saudade.

deixa sobre a almofada os livros antigos,
os sonhos em branco, deixa os amigos
de tudo despojada, parte como chegou,
sem nada!

natalia nuno
rosafogo
 
Só!

(Votos de Boas Festas) Cintilar

 
Existe um Natal
suspenso
- presente -
nas tuas mãos

Na boca um gosto solar
mimando a palavra
pia - amor -

Aflorando os lábios
na certeza tímida
da viagem inocente
- um sorriso -

Na memória
a véspera do sonho
- Maria e José
sem altar -

Estrela-guia percorrendo
o céu
- astronomia poética - da vida

Presente - nas tuas mãos -
azulando novos enredos
errantes - a cintilar -
 
(Votos de Boas Festas) Cintilar

Há-de restar uma centelha viva

 
HÁ-DE RESTAR UMA CENTELHA VIVA!

Falo dum sonho que é lenha p'ra me aquecer
Falo dum tempo que se está a escapar
Falo da memória que mantém vivo meu querer
E falo do meu querer que é lume a crepitar.
Há-de restar uma centelha viva!
E na lembrança aquela última vez
Por mais que a Vida se faça altiva?!
Eu não me humilho e mostro altivez.

Em meu peito trago ainda vontade
Trago saudade,o sonho dentro de mim.
Trago inquietude, quero a paz alcançar,
e não deixo meu ânimo abalar.
Quero ir assim até ao fim!
Levanto-me abandono meus dias vãos
Traço o presente com minhas mãos!
Dentro de mim há-de atinar aquilo que é
o futuro... presente que há-de vir?
- Quero sentir,
uma parcela de felicidade
Quero ser brasa ateada, não carvão!?
Adormecer docemente a saudade
E deixar falar alto meu coração.

rosafogo
 
Há-de restar uma centelha viva

pedaços de vida...

 
às vezes olho a paisagem
como quem olha quase
com um adeus definitivo,
com a nostalgia do passeante
solitário, que dela é amante.

olho tudo onde minha vida ardeu
como se fosse o último encontro
olho as ruas soalheiras
e ainda ouço o passo teu

surgem as recordações do começo
na minha impávida memória,
e ainda nelas me reconheço,
leio as gastas cartas de amor
que fazem parte da nossa história.

nos rostos que se cruzam,
rememorando vejo o teu e o meu
agora, com o ar cansado dos velhos,
quando nos olhamos nos espelhos
o tempo passou sem piedade
envoltos em esperança
invade-nos a saudade
- é o desejo d' amar!
o coração não se rende
ainda à vida nos prende.

natalia nuno
 
pedaços de vida...

"Protagonista" - Soneto

 
"Protagonista" - Soneto
 
"Protagonista" - Soneto

Parece ouvir a voz do meu corpo que chama
Entra no meu cenário, protagoniza a história
Acorda meus desejos, revive cada molécula
Depois se vai, deixando rastros de memória

Nesses lençóis que guardam nossos segredos
Nessa taça de vinho marcada pelo meu batom
No eco das suas palavras de amor sussurradas
No meu corpo, agora dolente, meio fora de tom

Só quero esse amor intenso, profundo, passional
Que não determina prazos, datas, terno, atemporal
É vento que me arrasta ao apogeu num instante

Quero esse amor que ignora minhas imperfeições
Que me ama de um jeito, que não tem definições
E das suas madrugadas, me faz desejada amante.

Glória Salles
 
"Protagonista" - Soneto

apenas a saudade

 
entre esta página em branco e eu
uma nuvem negra desce
e na memória cresce...
a nostalgia traz a noite, a incerteza
de sonhos, ainda assim,
- a vida vai fluindo!
cálida, com matizes de velhice.

cinzenta sobrevivência, às vezes
com murmúrios e tolice.

velozes correm lágrimas
em turbilhão,
despenham-se p'lo rosto
nascem rugas de solidão,

precipita-se uma avalanche de vento
e na memória crava as garras
pronta a levar-me ao esquecimento

as palavras acariciam minha boca
como a querer consolar-me,
louca, agastada na obscuridade,
fica então entre mim e esta folha
apenas a saudade!

entrego à noite minha loucura
gravito em espaço cego
escrevo sonhos de angústia e paixão
e de repente cai no vazio
a imaginação,
fica a face do silêncio
- tudo é incerteza e escuridão!

natalia nuno
rosafogo
 
apenas a saudade

ruas da memória

 
as ruas da minha memória
eram de terra batida, chovia
ainda recordo o cheiro a terra
desse tempo de nostalgia
tudo incrivelmente distante
brincávamos na rua
vivíamos sem medo
a aldeia era minha e tua
e a amizade o segredo,
banhávamo-nos no rio
para aguentar o calor de verão
e no inverno à lareira vencia-se o frio
café ao lume, fatia de pão
na mão...
ouvia-se o vento
enquanto a tempestade passava
e com Deus no pensamento
pedia-se em oração
e a tempestade amainava.

tudo era simples assim
o pai tratava da horta
e a mãe dos filhos e do jardim.

havia fotos penduradas
na parede
antepassados que não conhecia
olhava-os dia após dia
«dali ninguém os arrede
que à avó são familiares
tios, avós, pais, e netos
ali nas fotos aos pares»

tempos de poucos afectos
de reprimidas emoções
de sufocados desejos
também de desilusões
alimentando-se ansejos

mas recordar me alimenta
guardo sempre esta vontade
e nesta manhã cinzenta
de silêncio vazia, chega a mim
a nostalgia
tudo lembro com saudade.

natalia nuno
rosafogo
 
ruas da memória

Por entre os dedos

 
Por entre os dedos
 
POR ENTRE OS DEDOS

Volto teimosamente ao passado
Deixo-me entre os olivais
e a vinha
Neste amor sempre arrebatado
de suspiros e de ais
E de saudade que é minha.

Piso uvas no lagar
Escuto do sino as badaladas
São seis horas há que rezar
O terço com mãos encardidas e descarnadas.

Que importa se nada esqueço!?
Nem a foice nem a enxada
À seara de trigo regresso
Vejo-a ao vento agitada.

Há-de à memória chegar-me
Voz d'outros ventos segredar-me
Que tudo já teve um fim
Prefiro que não me digam nada
Que tenho o pavor em mim
Da lucidez desafinada.

Mas choro, choro porque sou sobrevivente
E recordação tudo o mais...
Da minha terra da minha gente?!
Só a lembrança, eles partiram
E já partiram meus pais.

Já não vejo outra saída
A vida por entre os dedos, desnorteada!
Só não sei p'ra quando a despedida
Prefiro que não me digam nada.

rosafogo
 
Por entre os dedos

Irrequieta memória

 
Irrequieta memória
 
IRREQUIETA MEMÓRIA

Qual pedra que vem destroçar
O vidro da minha janela
É relampago p'ra me atentar
Vivemos na mesma pégada, eu e ela.
Lembra-me o que quero esquecer
Faz esquecer o que quero lembrar
Se me ausento sem querer
Do meu silêncio me quer arrastar.

Trepando as muralhas da nostalgia
Logo me desarruma o pensamento
Me deixa triste, só, vazia
E a inquietação se faz tormento.

Me tira o sono quando me deito
Às vezes até me fere a alma
Deixa os olhos marejados a dor no peito
Mas quando amigas ela me acalma.
Memória cheia de ruas
Onde sempre me procuro
Grito aos quatro ventos às luas
Quando não me deixa no escuro.

Trazes-me do rio o murmurar
E cada beco da aldeia
Nas àguas doces, lá estou a mergulhar
E a remergulhar, volta e meia!
Dizes-me coisas ao ouvido
Que nem me atrevo a escrevê-las
Desse nosso mundo já perdido
Mas que não quero esquecê-las.

Quero pedir que não me mintas
Agarra-me bem sempre à verdade
E quando a morrer te sintas!?
Memória!? Choremos as duas antes...a saudade.

rosafogo
 
Irrequieta memória

Tudo Azul ao Norte

 
Tudo Azul ao Norte
by Betha Mendonça

Passou a tempestade. Calmo o norte.

Serenidade e ócio no céu sem nuvens,
Mar tépido, sem vagas de ferir a pele,
Banheira de espumas ao final da tarde,
Em sais de verão a temperar o sol.

Guardo as sensações desse momento:
Maresia a impregnar a memória olfativa,
Arrepio nos poros ao despudor dos ventos,
E na retina o azul encontro d'água e céu.

Ah! Nada sul: tudo azul ao norte.
 
Tudo Azul ao Norte