Poemas : 

naquela gare

 


sem sono, sem ter aonde ir
o trem passou e nem o vi
foi e levou todos os sons da noite
seus ecos últimos num distante doppler
fora de alcance
o que me resta senão aguardar
aqueço as mãos com um sopro
elas ganham vida no banco
são as mãos de um pianista morto
fazendo peripécias inaudíveis
num espetáculo digno de esquilos
quem liga?
próximos, os jornais velhos não servem
pra leitura ou coberta
não há sons que não minha respiração
ou é um murmúrio no vento?
a noite é mero borrão escuro
só sei-me os olhos abertos
porque fechados não congelam
como agora


 
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fotograma
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 05/07/2013 12:53  Atualizado: 05/07/2013 12:53
 Re: naquela gare
*Gosto da sonoridade da tua escrita, tipo, não usas as rimas perfeitas, mas as palavras vão se harmonizando no encadeamento do poema.
Parece coisa de 'ouvido'....também faço isto.
Quanto ao que passas nos versos sempre me chega forte e complexo, por vezes simples e claro....sei que gosto da riqueza da tua escrita, em todos aspectos.
Originalidade me alcança.
Um beijo R.
K*


Enviado por Tópico
RayNascimento
Publicado: 06/07/2013 11:26  Atualizado: 06/07/2013 11:26
Membro de honra
Usuário desde: 13/03/2012
Localidade: Monte Roraima - tríade fronteira Brasil/Guyana Inglesa/Venezuela - - Amazônia - Brasil
Mensagens: 6544
 Re: naquela gare
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Fotograma,
Amei o que li, obgda por partinhar.
Versos harmoniosamente inolvidável
Parabéns e, que a notívaga madrugada
Seja para ti um papel acarbonado
Coberto pelo manto da paz...
Para que possa ouvir a mais bela sinfonia
Ouvida por tu'alma atemporal...

Ray Nascimento