Poemas : 

O corpo (Ossip Mandelstam)

 
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O corpo me é dado – e com que fim,
Meu corpo único, tão de mim?

Pela alegria chã de respirar,
Silenciosa, a quem devo louvar?

Sou jardineiro e sou flor – cativo
Na prisão do mundo sozinho não vivo.

E já nos vidros da eternidade
Cai meu calor, meu sopro respirado.

Nela se grava um desenho pra sempre,
Irreconhecivel de tão recente.

Escorra do momento a água turva –
O desenho amado não esbate à chuva.

Ossip Mandelstam (1891-1938), poeta russo, perseguido e preso por Stalin, na Sibéria.

Imagem: Pinturas da Sibéria: Homem pensando de ALYCONE.
 
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AjAraujo
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