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Sem sequelas

 
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Busco a aflição das noites
para alimentar minha insônia
Pois deveras assim vivo açoites
E não morro, não debruçada,
Estagnada a espera do fim.

Olho para mim,
Deixando de fora
Tudo que ressalta aos olhos
Tento atingir apenas meu eu
Aquele que mora adormecido
Na ignorância da minha visão.

Busco o fracassado destemido
Dos inúteis dias, que não foram ressaltados
no calendário desta existência altiva.
Regalo-me na exuberância prazerosa
De me deixar amanhecer
Sem nenhuma sequela.

Enide Santos 04-01-17

 
Autor
enidesantos
 
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Enviado por Tópico
Ro_
Publicado: 05/01/2017 18:15  Atualizado: 05/01/2017 18:15
Membro de honra
Usuário desde: 25/09/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 3985
 Re: Sem sequelas

É muito linda a sua poesia,eu adorei ler!
Um beijinho!

*-*

Enviado por Tópico
Juanito
Publicado: 08/01/2017 19:31  Atualizado: 08/01/2017 19:31
Colaborador
Usuário desde: 26/12/2016
Localidade: España
Mensagens: 3097
 Re: Sem sequelas
Belo poema, estimada Enide.

Meus parabéns!!!

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/01/2017 19:53  Atualizado: 08/01/2017 19:53
 Re: Sem sequelas
O Presente sem Passado nem Futuro
Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado, já o não tenho. Pesa-me um como a possibilidade de tudo, o outro como a realidade de nada. Não tenho esperanças nem saudades. Conhecendo o que tem sido a minha vida até hoje - tantas vezes e em tanto o contrário do que eu a desejara -, que posso presumir da minha vida de amanhã senão que será o que não presumo, o que não quero, o que me acontece de fora, até através da minha vontade? Nem tenho nada no meu passado que relembre com o desejo inútil de o repetir. Nunca fui senão um vestígio e um simulacro de mim.
O meu passado é tudo quanto não consegui ser. Nem as sensações de momentos idos me são saudosas: o que se sente exige o momento; passado este, há um virar de página e a história continua, mas não o texto.

Fernando Pessoa