PARA PÔR FIM AO CASO SARAMAGO E PLÁGIO

Querida Vony,

Quando alguém é consagrado, seja em que área for, é criticado, todo mundo vai contra o autor da crítica. Ninguém está obrigado a gostar da minha poesia, claro. E eu aceito crítica. Nesta mesma crônica, escrevi que a poesia de Machado de Assis também era ruim. Tanto que Machado se arriscou pouco neste gênero. Drummond, em prosa, não foi nenhuma maravilha, embora o fizesse por questão de sobrevivência. No entanto, a obra poética de Drummond, para mim, foi impecável, exceto alguns poemas eróticos dele, publicados postumamente. A família os achou e, talvez na ganância de ganhar dinheiro, resolveu publicá-los. Quem recusaria inéditos de Drummond? Mas se fossem bons de fato, ele os teria publicado em vida. Saramago, voltando a ele, nem é conhecido como poeta. E acredito que ele próprio sabe das suas limitações em versos, tanto que desistiu da poesia.Eu nunca ofenderia um homem que,numa das vezes em que veio ao Brasil, foi extremamente carinhoso e educado comigo. Concedeu-me uma entrevista de mais de duas horas. Não se recusou a responder nada. E ele próprio falou que seu romance A Jangada de Pedra era ruim. E, se pudesse, voltaria a trás, não o publicando. Veja, também, que este meu texto crítico foi bastante lido. E, até agora, enquanto lhe respondo, só teve um comentário: o seu. Sabe por quê? Ninguém leu Seara de Vento, de Manuel da Fonseca. E poucos leram Levantado do Chão, de Saramago, porque na época, o segundo não era famoso. Nem em Portugal.

Todo o meu afeto,

Júlio