Poemas : 

DISPARADA

 
DISPARADA


Passam por mim em disparada.
Oiço-lhes o tropel. Voz muda.
As mãos não chegam às rédeas
A vontade não serve para nada.

A velocidade das cavalgaduras
Atordoa meus olhos. Fere.
Ficam no ar os riscos da sua passagem,
Manchas que atravessam as ruas.

Onde quer que vá é o atropelo.
São belos, vários pelos becos
Sob o sol, lua, amor e medo.
Não obedecem nada. Desespero.

Deliro em minhas janelas
Vendo-os riscar os dias.
Assustam-me nas noites
Quando passam. Mazelas.

Não encontro um sequer rocinante.
São sempre altivos, bravios, indômitos
Nada os detém, voam sem pousa
Estrebaria. Não lhes sei rumo nem nomes.

Um dia pensei tratar-se de tropilha
Que tivessem direção definida
Seguindo algum tropeiro ou dono
Mas é apenas cavalaria.

Observo a marcha forçada da bestiagem
Sem atinar com o sentido das idas e vindas
Como circulassem à minha volta em mostra
Do seu poder, fúria ou da pelagem.


Atônito, tendo dar sentido à manada
Dos anos que passam em disparada
Como se fossem cavalos sem brida
Todos os dias da minha vida.


Pax et lux

 
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jgmoreira
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Enviado por Tópico
AnaMariaOliveira
Publicado: 24/03/2012 06:53  Atualizado: 24/03/2012 06:53
Super Participativo
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Mensagens: 158
 Re: DISPARADA
Há criaturas que vivem sempre fora da manada. São os inadaptados, os ansiosos, os curiosos, os que cortam as normas, os que fazem revoluções.

A postura da manada nuca fez sentido.

O sentido adquire-se na solidão do caminho!


Abraço

Ana Oliveira