Poemas, frases e mensagens de Jacydenatal

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Jacydenatal

Só para os iniciados, só para os loucos

 
Só para os iniciados, só para os loucos

Nas brumas de maya, minha’lma te buscava.
Entre explosões de átomos, ansiava por este encontro.
Sabia que existias e que ao alvorecer
De mais um Dia de Brahma, nos encontraríamos...
Com quantos elétrons tive de me unir,
Quantos tive de repelir, antes de te encontrar...
Agora que te encontrei, talvez não seja ainda o “agora”, o verdadeiro encontro...
Mas sei que existes e dentro de alguns evos,
Este momento será perfeito.
Hoje eu sei que, quando desejo a matéria,
É apenas a imperfeição dos sentidos, o responsável...
São as nuances mais sutis de sua alma que busco...
Enquanto espero, sonho.
Sonho, com o nosso reencontro,
Num mundo perfeito, em cores e sons,
E neste novo mundo, viveremos num eterno êxtase...
E o amor e nós seremos “Um...”
E em meu louco delírio
Te amo, com o amor de evos vindouros
E mesmo te tendo tão perto te quero, pro futuro...
- E por que não agora?
Meu corpo pergunta;
Cortaríamos as arestas e viveríamos, neste mundo de agora um amor de futuro...
E continua: Não existe tempo, nem espaço, E este amor será sempre,
Antes sem formas,
Perdido na imensidão, do cosmos
Entre poeiras de átomos...
Hoje, como um desejo físico,
E uma aspiração de sentimentos, Intelecto, psiquismo...
Amanhã, numa fusão completa de almas, com o Todo.
 
Só para os iniciados, só para os loucos

Hoje

 
Hoje

Hoje, apenas hoje
Eu queria ouvir o som do silêncio.
Caminhar ao lado do mar
Não ouvindo, apenas sentindo
O murmurar suave ou o grito de suas ondas.
Hoje, apenas hoje queria olhar a folha que cai
E imaginar seu som dentro do silêncio, do Universo.
Hoje apenas hoje, gostaria de moldar
O voo tranquilo da gaivota,
Na manhã que nasce.
Hoje, apenas hoje, queria eternizar
O instante em quê o botão se abre
Se transformando em rosa.
Hoje, apenas hoje
Eu queria sentir em meu rosto
Gotas de chuva como se fora bálsamo,
Misturando-se com minhas lágrimas,
Para confortar minha alma.
Hoje, apenas hoje,
Eu queria brincar de ser sempre feliz.

Jacy de natal
 
Hoje

Cotidiano de Mulher

 
Mulher no nosso tempo...
Em tempo, acorda as três e trinta,
As pressas faz café, arruma a marmita,
E deixa a marca do beijo no filho que dorme.
Leva nas mãos a Bolsa e os sapatos,
Que só coloca quando no ponto de ônibus.
Espremida entre outras tantas,
Finalmente desce e se amassa,
Outra vez, junto ao povo do Metrô.
As nove, sorridente encara a faxina,
Que tem pela frente.
Ouvindo Pagode ou cantando em Inglês.
As seis, se correr,
Chegará com tempo pro supletivo.
Finalmente a aula termina,
Despista o Ficante,
Quer chegar a casa mais cedo.
Com sorte o filho ainda não dormiu.
Coloca no colo, a criança, que dorme.
E pela hora lhe dá um beijo sem cor.
Lava a louça, prepara comida e,
Finalmente com tempo, se joga no sofá.
Esta mulher, que pode ser eu ou você,
Chora, vendo o último capitulo,
Da novela na TV.

Jacydenatal
Rio, 06-11-2013
 
Cotidiano de Mulher

A chuva

 
A chuva
A noite surgiu,
Com ela você...
Sorriu pedindo desculpas,
Pelas roupas molhadas,
Coladas ao corpo,
Cabelos em desalinho...
Lá fora a chuva cai
Iluminada por raios
Que se entrelaçam
Soltando faíscas...
Aqui dentro, uma mesa,
Dois copos vazios
A espera do vinho...
Duas mãos se tocando
Meus olhos sedentos
Mergulhados nos seus,
Se perdendo em brumas,
Num momento tão breve,
Que termina em adeus...
 
A chuva

Lapso

 
Lapso

Acho que esqueci
Da cor de mel dos seus olhos.
Parece quer foi numa tarde
De outono, de azul infinito,
Que você chegou...
Quase não lembro,
Do calor dos seus abraços, e
Do beijo roubado,
Na sombra da lua.
Não tenho certeza,
Mas, houve muitos silêncios,
Solenes em dias de chuva.
E quase sempre, esqueço-me de lembrar
Que já me esqueci de você.

Jacy de natal
 
Lapso

Convite

 
CONVITE

Vem, que preparei com amor, o nosso leito
Vem, nossa música, já começou...
Vem, pois já cobri de mel e flores
O meu corpo...
E iluminei com estrelas coloridas,
O nosso quarto, e lá fora
A lua te espera, para guiar teus passos
Vem, pois meu ser
Em chamas, busca o teu abraço
E minha boca, por sugar a tua
Minha alma, sem pudor, deseja
Se fundir a tua, em louca orgia
Vem, pois o amor urge
E não é bom, fazê-lo, esperar...

Jacydenatal
 
Convite

Jogo de Damas

 
Jogo de Damas
Na manhã cinzenta,
O dia parece espriguiçar-se...
Nas folhas dos jasmineiros, o vento
Arrasta-se, numa moleza brincalhona,
Espalhando perfume,
Pela janela aberta, do meu quarto;
Enquanto eu observo a vida que passa...
Num jogo lúdico de claro escuro,
Vejo você em mil poses.
O rosto forte, os olhos mansos, imensos...
A boca pequena, semelhante a pétalas, amanhecidas
Se abrindo úmida num sorriso...
O jeito suave de andar e inesperadamente
Voltar e me tomar nos braços...
As horas silenciosas, reverentes
Ouvindo jazz...
Claro é você, o sonho...
Escuro o abismo, a dor
A solidão...
 
Jogo de Damas

As meninas - Uma história de mulheres...

 
Quase meia noite e Alícia ainda estava pesquisando para o artigo semanal, estava atrasada... Olhou sem entusiasmo o aviso de nova mensagem. Automaticamente abriu a caixa de entrada e lá estava em prioridade alta.
Olá, lembra de mim, acho que não... Já faz tanto tempo... Sou Nandinha e fui sua vizinha
Nos anos 70 na cidade de (...). Lembrou agora? Descobri seu e-mail num artigo, de uma revista. Não sei se vc gostaria de me encontrar... Eu gostaria muito.
Alícia leu outra vez a mensagem, seria alguma brincadeira... Não, ninguém sabia nada sobre Fernanda, era um segredo só dela. Bom se não era brincadeira então o destino estava lhe pregando uma peça. Indecisa não sabia se deletava ou respondia, uma coisa tinha certeza não dava para ignorar. Levantou foi até a cozinha e bebeu um copo de água gelada não conseguia pensar direito e ainda estava com o artigo pela metade... Não voltou ao computador foi até a sala e se aninhou na poltrona, Nicole, sua gata, passou o pêlo macio em suas coxas, sentiu um arrepio gostoso, sorriu e a empurrou delicadamente para os pés; a bichana, bocejou, mas obedeceu. Alícia ficou ali no escuro como que temendo o confrontar-se com a luz... Tanto tempo se passara mais de quarenta anos... Fechou os olhos e mais que lembrar deixou que as emoções a invadissem...
Alicia se via agora menina quase adolescente o vestido simples feito pela mãe denunciando o corpo de menina se transformando em mulher. Sentia o olhar indiscreto do homem do armazém e ouvia o cochichar das vizinhas perguntando se ela já era moça; não sabia ao certo do quê estavam falando e era tímida demais para perguntar alguma coisa para mãe... Até que Fernanda viera morar ao lado de sua casa. Dois anos mais velha que Alicia, Fernanda, a Nandinha, era esperta já vivera na capital e era a mais nova na casa de quatro irmãs, órfãs; viviam sozinhas. E isto foi motivo de fofocas das vizinhas que não achavam certo, mulheres, tão jovens viverem sem alguém para tomar conta. Mazé a mais velha, fora emancipada, para poder ficar tomando conta das irmãs o que tentava fazer o melhor que podia. Nandinha era linda, negra de pernas longas, boca carnuda e olhos puxados. A voz era rouca e olhava as pessoas de frente, não tinha vergonha de nada. Alicia era o oposto, envergonhava-se dos seios e quase não falava com ninguém tinha vergonha de tudo. Apesar das diferenças ou talvez por isso as duas se entenderam de cara, lembrou.
Alícia ficava fascinada com a forma que as vizinhas alizavam os cabelos: usavam pentes de ferro que esquentavam e cuidadosamente passavam nos cabelos. Depois os prendiam, ficava horas observando as vizinhas se cuidarem.
Fernanda foi estudar numa escola perto da sua e numa manhã ao sair da aula ela estava a sua espera. Alicia ficou contente, pois sempre voltava sozinha era muito tímida e não tinha amigos... A partir daí só voltavam juntas. Espontânea, Nandinha passava o braço em volta de sua cintura que apesar da vergonha, Alicia não se esquivava e até ganhou coragem ela também enlaçando à amiga. Um dia, Nandinha, resolveu encurtar o caminho e entraram por uma ruela na verdade um atalho que de um lado era um muro alto da casa do dentista e do outro um terreno baldio onde as pessoas jogavam lixo. Alicia estava um pouco assustada, mas Nandinha a abraçou ainda mais e Alícia não sabe se proposital, ou não, ao abraçá-la subiu um pouco a mão e lhe acariciou o seio. Foi um toque suave e rápido Alicia não reclamou e Nandinha fingiu que não tinha percebido. A noite Alicia virou na cama revivendo a sensação gostosa que a carícia da Nanda lhe proporcionara. No outro dia foi repreendida duas vezes pela professora por não está prestando atenção na aula. Ao sair ela já estava a sua espera, não soube explicar porque o coração batia tão rápido... Saíram abraçadas e Alicia ainda ouviu uma colega de sala comentando com a outra, estas aí parecem até mulher macho, se comportam como namorados... Alicia ficou vermelha e Nandinha se voltou e deu uma banana pra elas... Naquele dia à volta pra casa não teve o mesmo encanto. Ao chegar ao portão de casa Nandinha puxou sua mão e perguntou; você vai deixar duas meninas bobas estragar nossa amizade? Ela balançou a cabeça em resposta, tinha vontade de chorar. Quase não jantou estava sem fome, à mãe perguntou se tinha alguma coisa ela falou que não apenas estava um pouco cansada. O pai colocou a mão em sua testa – tem nada não, deve ter corrido muito na escola. Já estava saindo da mesa quando ouviu a voz da Nandinha – Boa noite dona Jujú, posso falar com Alícia? Claro minha filha. – Alicia, ela falou; você pode ir lá em casa um pouquinho me ajudar a fazer uma redação, é que estou sem idéia e tenho de entregar amanhã. O pai foi quem falou: - vá Licinha, mas não fique até muito tarde, ta bem. – Obrigada, seu Carlos ela volta logo prometo. Alicia acompanhou a amiga e ao chegarem à Rua, Nanda foi logo dizendo - Inventei esta história de redação pra poder falar a sós com você. Mazé e Fátima foram pra aula e Nita ta com dor de cabeça, foi dormir cedo.
Falar o quê perguntou. Acho que você ficou triste com o quê as meninas falaram sobre nós duas, não foi? – Eu não sei Nandinha, mas acho que tem alguma coisa errada comigo. – O quê você acha que é errado me conta, sou sua melhor amiga... – Fico com vergonha. – Vem cá. - A outra pegou sua mão e a levou até o quarto. – Este é seu quarto? – Não, o meu é junto com a Nita, mas ela pediu pra não fazer barulho por isso este é melhor para conversarmos. Alícia sentou e a outra a puxou suavemente para mais perto e passou o braço sobre seus ombros. Alicia estava tremendo. - O que você tem ta doente? – Não, eu acho que tou com alguma coisa que nem sei direito o quê é. Sabe ontem quando sem querer você tocou o meu seio, me deu um troço, um formigamento...
Outro dia também quando eu estava olhando o por do sol na nossa janela você chegou por trás de mim e colou seu corpo no meu foi mais forte ainda, senti você toda grudada parecia que estava se roçando de propósito foi tão bom que eu queria que o tempo parasse. Sentia seu perfume e me arrepiava quando você falava baixinho, fechei os olhos parecia que estava sonhando. Parecia não ter nada por baixo do vestido e depois ainda me deu um cheiro, dizendo que eu cheirava a água de banho. Mesmo morrendo de medo de chegar alguém dei um jeito no corpo para senti-la melhor. Por isso quando aquela chata da Letícia nos chamou de mulher homem, achei que todo mundo tava percebendo o que eu to sentindo. Quando você saiu fui correndo ao banheiro, pois pensei que estava ficando moça, me sentia molhada, mas não era regra como você falou que é, quando a gente vira mulher. Será que tem alguma coisa errada comigo? – Não sua boba você é linda e saudável só muito bobinha e não foi sem querer que passei a mão no seu peito eu tou louca por você, mas não queria assustá-la. – Mas é errado, você é mulher como eu, pensei que só por rapazes a gente sentisse essas coisas... - Não, você pode sentir isso por rapazes, mas às vezes sentimos este desejo por pessoas do mesmo sexo, e não é errado é amor. Posso beijar você? – Alicia não respondeu estava chorando. - Nanda primeiro beijou seus olhos que tinha gosto de sal, ela não fugiu, depois a abraçou com força e beijou-a. Depois do beijo Alicia quis ir embora outra não deixou. Ficaram abraçadas como se o tempo não existisse. Alicia pegou a mão de Nanda e levou até seus seios... – Timidamente Alícia passsou a imitar a amiga e descobriu entre caricias o prazer delicado das mulheres.
Amavam-se nos lugares mais inusitados e o desejo parecia aumentar a cada dia. Quinze dias se passara desde a conversa quando Alicia descobriu ter se tornado finalmente moça. Correu a casa da amiga queria que ela fosse à primeira, a saber. - Vem comigo ao banheiro quero que você veja uma coisa; - baixou a calcinha e outra viu uma rosa de sangue... Nanda a ajudou a banhar-se lhe cedeu às próprias toalhinhas ensinando como ela deveria fazer de agora em diante. Nita veio perguntar se precisavam de algo, mas Nanda falou que não, ela ajudaria à amiga. Sozinhas, Nanda aproveitou para mimá-la com beijos. Acariciou-lhe o ventre perguntou se não tivera cólicas e foram juntas contar a novidade pra dona Jujú que ficou feliz, pois já estava pensando em levar a filha ao médico, pois dentro de dois meses ela faria 14 anos. Nanda pediu para Alícia ficar em sua casa, pois seria bom repousar e se ficasse com dona Jujú os irmãos não lhe dariam paz.
- Vá minha filha, mas comporte-se e não se preocupem com o almoço levarei para vocês, falou aliviada. - Com três filhos pequenos não sobraria tempo para cuidar da mais velha. Foi um dia de sonho para as duas, não foram à escola Nanda cuidava de sua Branquinha, era assim que chamava Alícia, com o desvelo de mãe esta, porém tinha exigências de amante. Assim que Nita saiu para escola Alicia Pediu que Nanda se despisse e amou-a de todas as formas, nunca tiveram a oportunidade de amar sem sustos e isto as deixava eufóricas. Em algumas mulheres o mêstruo as deixava com mais fogo era o que parecia acontecer com Alícia e Nanda fez a amante todos os desejos e descobriram nos beijos que trocavam o gosto uma da outra.
Na escola as meninas não falavam com a Alicia, ela, porém não se importava estava feliz, Fernanda fazia tudo que ela queria e ela retribua com toda paixão. Em casa ninguém desconfiava de nada, apenas Nita brincava com a irmã, olha lá sua mulherzinha ta chamando ou coisas assim, Nanda não dava ouvido. Você está é com inveja por não ter uma amiga tão inteligente e bonita. Amiga é? Eu sei a amiga... Nanda tinha medo que ela falasse algo para Mazé, mas parece que Nita não dava importância a essas coisas... Só gostava de zoar ou então não tinha certeza... No aniversário de Alicia, Nanda lhe deu um par de brincos feitos de conchas de um rosa alaranjado que ela mesma fizera. Alicia ficou encantada, ao entregar-lhe, Nanda sussurrou: são da cor dos seus mamilos... Estava dentro uma pequena caixa desenhada com o signo de câncer.
A menina vestia um vestido rosa e colocara um pouco de batom. O pai comprara uma radiola para ocasião e toda família estava presente. Umas tias da mãe vieram também e estranharam a presença de Fernanda que parecia tão íntima da sobrinha. Achavam que as duas pareciam por demais íntimas. Interpelada, dona Jujú, tomou as dores de Nandinha, pois dizia não existia alguém mais dedicado a sua filha que a aquela menina órfã. As tias eram maldosas e preconceituosas.
A festa terminou sem incidentes apesar de Nanda ter ficado um pouco enciumada, pois vira um amigo do primo de Alicia se insinuando, pra ela. Teve medo de perdê-la, ela estava se tornando uma mulher muito bonita.
Tudo se precipitou quando duas semanas depois faltou energia, as pessoas ficaram nas calçadas conversado e Alicia e Nanda aproveitaram a escuridão para namorar... Seu Pedro o vizinho da frente presenciou quando Nanda a possuía em plena calçada... Foi o maior escândalo. Alicia foi para casa de uma tia no interior e apenas por altruísmo dos pais pode se despedir da amiga que estava inconformada. Ao voltar da casa da tia não mais encontrou as órfãs, elas haviam mudado e não deixaram endereço. – Alicia não voltou a escola foi morar com a vó, na capital.
Ninguém jamais tocou no nome de Fernanda e ela guardara as lembranças e a caixinha com os brincos única lembrança material da amiga. Não tivera outros casos com mulheres Nanda fora à única.
Agora não sabia se queria levantar o véu que cobrira o seu passado.
Agitada resolveu responder. Precisava enfrentar o destino, que teimava em confrontá-la.
- Apertou a tecla responder e soltou a mensagem.
Claro que lembro. Como você está?
Podemos marcar um almoço o quê você acha?
A outra respondeu: perfeito final de semana ta bom pra você?
E marcaram um almoço na casa de Nanda, ficariam mais a vontade.
Alicia acordou cedo foi ao salão fazer as unhas não queria pensar em nada iria a este encontro e certamente se decepcionaria com a amiga e finalmente esqueceria o caso.
Às 13 horas em ponto o porteiro interfonou: - Dona Fernanda a senhora Alicia Lemos está aqui na Portaria. – Alicia ouviu aquela mesma voz rouca sensual; - Pode deixá-la subir Ricardo, é uma velha amiga. – A segurança de Alicia a abandonou naquele momento. O coração batia acelerado. Olhou-se no espelho do elevador e gostou do quê viu. Uma jovem senhora vestida com um vestido simples de meia estação a elegância se dava pelo blazer de corte perfeito que dava uma aparência mais andrógina. O sapato quase sem salto realçava suas belas pernas. Estava perfeita. Ajeitou o cabelo e apertou os lábios para unificar o brilho do batom. Pegou o elevador e em segundos estava diante de uma mulher alta esguia que a olhava com ternura... O mesmo sorriso a mesma espontaneidade as mesmas mãos nervosas e ágeis. Não sabe dizer como, mas estavam se abraçando entre lágrimas como se o passado fosse ontem. – Minha Branquinha, como você está linda. Deixe-me olhá-la, meu Deus como você é bela. Alicia sorria não se importando se o rímel escorrera pela face... – Venha. - Pegou a pequena bolsa de Alicia que só então se lembrou das flores, esquecera na mesa da portaria... Ah! Nandinha esqueci as flores, na portaria. – Não se preocupe eles entregam depois. - Nanda era um tantinho mais alta que ela, passou o braço em volta de seus ombros, como no passado... - Esperei tanto encontrar você um dia... Apesar de não ter deixado a vida me parar nunca esqueci a menina de olhar sonhador olhando o por do sol...
Casei com um homem muito bom tive dois filhos que moram na França o pai era de lá. Tenho uma netinha linda, fui eu que lhe dei o nome, é minha outra Alicia. Estou viúva há cinco anos. E você o que faz além daqueles artigos lindos e inteligentes que escreve? – Eu. – falou Alicia; também casei não tive filhos e estou divorciada há dois anos. Moro com Nicole, fez uma pausa como quando era adolescente para ver a reação da outra, que como no passado ficou séria. –E quem é Nicole? Minha gata angorá, as duas riram. – Foi a única fêmea que tive depois de você. – Falou séria. – Por quê? Não gostou da experiência? – Acho que tive medo de me decepcionar, falou.
- Ta com fome? – Ainda não. - Bebe alguma coisa? - Sou fraca pra bebida, só se for um licorzinho. – Ótimo, tenho um aqui que trouxe de Mauá, é de rosas, quer experimentar? – Sim, mais depois fique quieta quero ter um pileque de você. Quero saber tudo de você... – Nanda voltou com duas taças de licor, o cheiro era delicioso... – Tim Tim- ao reencontro, falou. - Alicia olhou dentro dos olhos da outra - Ao recomeço. – Você parece muito determinada, sorriu Nanda. Já não somos adolescentes, sou uma senhora com netos.
– Isto seria obstáculo? - Perguntou Alicia. - Não meus filhos sabem de tudo sobre nós e meu marido sempre soube que nunca o amei como amei você. Acho que por isso moramos tanto tempo fora do Brasil, ele tinha medo. Era um homem maravilhoso. Mas precisamos ir com calma são quase quarenta anos... - Por isso mesmo, - falou Alicia. - Não quero perder mais tempo. Quando recebi seu e-mail pensei em deletar e continuar como estava, a vidinha que levava tava boa. Depois que decidi reencontrá-la não sabia ao certo o que encontraria se queria recomeçar se ainda restaria alguma coisa do passado... Foi só olhar o seu rosto sentir seu abraço pra entender que eu ainda era a mesma menininha apaixonada por você. – Vem cá, hoje é você que está falando pelos cotovelos. - Alicia se deixou levar pro futuro, o amor, para vida. Às 19 horas o interfone tocou as duas se assustaram e sorriram cúmplices, já não precisavam sentir medo. Nanda levantou ainda era bela, o corpo se tornara maduro os seios mais fartos o cabelo agora liso não com pentes de ferro e sim com novos métodos caiam em cascatas pelas costas de ombros marcados... – Alicia pediu baixinho: espera, não vá, me deixa amar você, perdemos tanto tempo... E acariciou e beijou aquele ventre não tão firme mais ainda sedutor e lentamente abriu a rosa negra a sua frente e sorriu quando o corpo derrotado se vergou a urgência do amor.
Já passava das 23 horas quando finalmente Nanda atendeu o interfone. – Não, Não ouvimos. Ah as flores, minha amiga, falou que você pode levar para sua namorada. Sei, não é namorada é sua mulher. Leve assim mesmo ela vai ficar feliz. Toda mulher gosta de rosas... Boa noite.
Voltou à mesa e cochichou ao ouvido de Alicia: e eu tenho uma mulher que além de uma bela rosa possui dois botões de rosa alaranjado que parecem conchinhas, e são meus.
 
As meninas -  Uma história de mulheres...

O Mar

 
O Mar

Como alma de mulher
Ele se transforma...
Mil cores, sutilezas incontidas,
Força que arrebata em
Ondas de caricias.
Beleza que emociona
Na Constancia dos afagos,
Mistério que se esconde e
Irrompe numa luta mortal
Se aprisionado...
 
O Mar

Labirinto

 
Labirinto

Como uma pipa tremulando, ao vento,
Buscando na imensidão do azul, não
Se sabe o quê, também eu, numa
Ânsia de desejo, loucura, paixão e morte,
Percorro estradas... Crio rotas,
Busco atalhos (...), me perco em labirintos,
Desafio abismos, atropelo e sou atropelada,
Percorro desertos, penetro à escuridão
De cavernas gélidas, tenho medo...
Saio do rumo para reencontra-me,
Sem você (...), plena de dor e solidão.
 
Labirinto

Urgência

 
Preciso de tempo
Preciso de tempo, para ouvir todas as músicas,
Percorrer todos os caminhos,
Esmiuçar meu coração,
Velejar todos os mares,
E experimentar todos os vinhos.
Preciso de tempo,
Para cantar todas as canções,
Me apaixonar em todos os idiomas,
E atravessar todas as estações
Tendo você em todos os meus sonhos.
Preciso de tempo
Para debruçar-me pelas janelas do mundo,
Tocar todos os instrumentos,
Desbravar todos os livros
E amanhecer todas as manhãs.
Preciso de tempo
Para viver cada minuto como se fosse o último,
Enlouquecida de paixão,
Eternizando na memória,
Cada momento vivido,
Antes de morrer.
Ah! Como preciso de tempo!

Jacy Rocha
 
Urgência

Ouvindo Mozart

 
Ouvindo Mozart

Me lembro de um tempo,
De folhas caindo, envoltas
Em filamentos de chuva.
De arpejos de notas
Em sons cristalinos.
De um vento suave,
Se infiltrando dentre frechas.
Me Lembro de cheiros,
De terra molhada,
De sussurros de saias e sedas
E vislumbro ainda
Um belo sorriso
Que não sei de quem.
Recordo ainda um sentimento sutil,
De paz e tristeza de algo perdido,
Que nunca esqueci...
Que tento deter, mas que desliza
Como vagas lembranças,
Que não sei de quê (...).
Só sei que me lembro...

Jacy de natal
 
Ouvindo Mozart

Desacerto

 
Existe tempo em que a mente empobrece,
O coração caminha por becos escuros,
A alma transita numa angustia, de quase morte...
É como se o cansaço do mundo inteiro
Repousasse por sobre os ombros.
A dor que se instala no peito,
Por entre gemidos abafados,
Não tem motivo, é somente dor e
Tão antiga que se perde,
Dentre os soluços da memória...

jacy rocha
 
Desacerto

O Espirito

 
O Espírito...

Suada, coração aos pulos, a menina subia os degraus de dois em dois, finalmente chegou ao quarto cheirando a mofo e cera. Sobre uma cama antiga, estava o corpo da mulher com uma vela nas mãos, e cercada por pessoas que choravam. Enfiou-se por entre elas para ver de perto a cena.
Correra tanto, para encontrar Dona Fininha, morta. Curiosa, perguntou se fazia muito tempo que ela morrera, uma velhota respondeu:- Agorinha. - A menina pensou; que falta de sorte, mas mesmo assim, ficou investigando se haveria algum pombo por ali, não viu nada... Desapontada saiu sem ser percebida, precisava correr até em casa, pois certamente o almoço já fora servido e sua mãe não gostava de esquentar comida, ela teria de contentar com um prato frio... Já era a terceira pessoa que ela tivera noticia que estava nas últimas e sempre chegava atrasada, estava quase desistindo... No dia anterior a decepção fora ainda maior. Falaram que o seu José não passaria daquele dia, e ela ao sair da escola dera um jeito de ir até lá. A casa dele ficava no alto e de longe já se enxergava as janelas, grandes, sempre abertas, a entrada da casa era do lado, pelo alpendre, mas estava fechada. E ela não conseguia alcançar a janela para ver o que ocorria lá dentro. Pegou dois tijolos que estavam ali perto e fez um degrau para ficar mais alta. Se equilibrando na ponta dos pés agarrou o portal e se deparou com uma cena Dantesca. De pé, completamente nu, ao lado de uma bacia grande, seu José se apoiava numa cadeira enquanto sua mulher esfregava um pano por todo seu corpo. Ela ficou como que hipnotizada olhando aquele corpo velho, todo enrugado. De alguma forma o homem percebeu que alguém o olhava, pois se voltou aos gritos. - Sai daí menina danada. Vou contar pra sua mãe... – Com o susto ela se desequilibrou caindo pesadamente, arranhado os joelhos. De longe ainda ouvia os gritos do homem. Ah! Aquele ainda demoraria muito pra morrer... A outra foi um anjinho, uma menina de cabelos claro, tão magrinha, devia ter uns dois anos. Quando chegou a casa, a mãe da criança a confundiu com outra menina que ao que parece tinha ido pedir flores para enfeitar o caixão, teve que fingir que não conseguira as flores. A mulher ficou mais triste, ainda...
No dia seguinte estava na aula, quando a diretora, entrou avisando que sua colega, Tininha, precisava ir para casa, pois a vó dela, estava nas últimas... Zuleica quase não acreditou será que agora ela conseguiria ver finalmente o que sua prima Cléo lhe assegurara. Esperta pediu a professora para ir junto com Tininha. A professora sem saber de suas intenções até a elogiou, dizendo que ela era uma boa amiga. Que era assim que todos deveriam agir quando em situação semelhante. As duas saíram rapidamente e Zuleica foi fazendo perguntas a colega, se a vó, já estava doente há muito tempo, se era velha, essas coisas... Chegaram a casa de Tininha onde algumas pessoas aguardavam silenciosas, o desfecho.
Zuleica se esgueirou junto com a colega até o quarto, onde encontrou a mãe de Tininha se debulhando em lágrimas. A mulher pegou as duas meninas pelas mãos e as levou até o leito.
Zuleika quase desmaiou olhando aquela velha senhora que de boca aberta tentava respirar soltando gemidos que não pareciam humanos. Apesar do medo se manteve firme, mas quando num último engasgar a velha finalmente morreu, pois para os mais experientes ela já não respirava, colocaram até um espelho a menina não viu mais nada, a não ser o alivio naquele rosto sofrido. Sem entender o estava ocorrendo perguntou pra mãe de Tininha: O espírito já saiu? Como se não vi o pombinho? Uma senhora ao lado curiosa quis saber o porquê, da pergunta da menina. – É que minha prima Cléo me falou, que quando uma pessoa morre, o Espírito sai e se ela for boa uma pombinha branca sobe aos céus e se ela for ruim a pomba fica no meio das pessoas sem ter pra onde ir... A mulher sorriu diante da ingenuidade da menina e falou. – Filha nós não podemos desvendar os segredos de Deus, e certamente sua prima estava lhe pregando uma peça.

Jacydenatal
18/11/213
 
O Espirito

Amor...Absinto

 
Amor, absinto...

Insensatez! Grito ao coração.
Entre estrelas cadentes, ou decadentes, sei lá (...)
Sade, sussurrando, em meio à música, me consola
Enquanto, qual poeta “maldito”
Deixo o Absinthe, rasgar em fogo
Minhas veias...
E como blasfemo exijo:
Quero o amor tempestade,
Em pleno mar...
Não gosto de amores fáceis,
Que se dissolve em Deo Colonia
E na mesmice dos dias iguais.
Gosto do amor rédea solta,
Que nos arrasta pro gozo ou infortúnio.
Do amor quero tudo,
Prazer, lágrimas, gozo
Quero o amor que se traduz: Vida.

Jacydenatal
 
Amor...Absinto

Te amo

 
TE AMO

QUERO FALAR TE AMO
BAIXINHO AO TEU OUVIDO...
CAUSANDO ARREPIOS
FAZENDO BATER MAIS FORTE
O CORAÇÃO...
QUERO FALAR TE AMO
VENDO NOS TEUS OLHOS
NÁUFRAGOS DE SONO
OS PRIMEIROS RAIOS
DA MANHÃ...
QUERO FALAR TE AMO
E TE FAZER PARAR
ENCABULADA...
ESQUECENDO O STRESS
PARA PENSAR EM NOS
QUERO FALAR TE AMO
E TÊ-LA ADORMECIDA
JUNTO AO PEITO
A PERCEBER, EM SONHOS
O MEU AMOR...
 
Te amo

Paquera virtual

 
Paquera Virtual

Caí na cilada do teu sorriso,

Estampado, no perfil do Face...

Apressada, te adicionei ao meu coração.

E de tanto curtir acabei por te seguir

Em páginas de relacionamentos virtuais.

Criei um Blog tentando chamar tua atenção

E virei escritora de novelas;

Fui descoberta pela televisão,

Entro nas casas, em horário nobre,

Só não consigo

Compartilhar teu coração.





Jacy de Natal
 
Paquera virtual

Pêndulo

 
Num movimento continuo minha alma,
Oscila, entre o profano e o Divino...
Percorro esses mundos diferentes,
Mas que se completam...
Como Dante desceu aos infernos,
Enveredo nas profundezas da paixão.
Excita-me, o desejo de perder - me,
Nos labirintos da luxuria e do prazer
Buscando algo (que julgo perdido), mas que não sei o quê!
É como se dentro do abismo de mim mesma,
Existisse um universo de sensibilidade a ser despertado...
Cores, sons, gozo e dor se misturam numa dança
Grotesca e sensual...
E depois desses delírios de loucura,
Minha alma em alivio alça vôo,
Buscando o abraço suave da centelha divina
Que existe em cada um de nós...

Jacydenatal
Rio, 17/05/2012
 
Pêndulo

Se...eu fosse poeta

 
Se...eu fosse poeta

Se eu fosse poeta
Cantaria em versos, solenes
Toda tua beleza...
Compararia teu riso
A cascata de luz e sons cristalinos,
A tua pele macia, aos brancos
Lírios do vale
Teus olhos ao brilho dourado
Do topázio imperial.
Teus lábios, a pétalas
Úmidas do orvalho da manhã...
Tua voz a doce sinfonia dos anjos.

Certamente, Afrodite esconderia
Os seios, diante da beleza dos teus
E o rei Davi, não eliminaria, apenas
Urias, e sim, todo o exército,
Para conquistar teu amor...
Salomão escreveria o “Cântico dos Cânticos”
Só para te agradar... e seria condenado como idólatra,
Não por adora Astarte e sim, por cultuar
Tua beleza...

Mas como não sou rei, nem poeta
Posso apenas, depositar sob teus pés
Um coração cada vez mais apaixonado,
Que nem sequer me pertence, pois se fez
Eternamente, teu.
 
Se...eu fosse poeta

Cristais da morte

 
Cristais da morte.

Almas perdidas em busca de amor,
Vislumbram mundos de sombras,
Trazendo nos olhos, lírios de fogo (...),
Agarrados a pedras sem cor...
Colhem no terror da noite,
Estrelas cadentes em turbilhões escuros!
Onde o desespero grita de pavor...
Em momentos fugazes,
A certeza da morte amedronta seus espíritos...
E nos abismos do vício, almas perdidas,
Como vampiros, preferem não olhar o sol
E em andrajos, recusa a mão, que lhes oferece vida...
 
Cristais da morte

jacydenatal