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Ao fundo

 
Um balão que
enche, enche, enche
sobe ao céu e arrebenta:

E ao lado um pássaro voando
E ao cimo um sol de tom dourado
E ao lado o tempo vai parando
E ao fundo um rio corre apressado
E ao lado um sol alaranjando
E ao cimo um céu já bem estrelado
E ao lado um corpo já quedando
E ao fundo o teu corpo suado
 
Ao fundo

MAGIA

 
MAGIA
 
 
Temos agora a emergir
do nosso rio de saudade
a magia
de uma emoção inesquecida
entornada
em nossos corpos à exaustão
naquele dia
prioridade minha e tua, então...



momento aquele
a nos entorpecer feito vinho
degustado em pequenos goles
até o final do ato
é lascívia que não se esquece!


(Ah!... Temos razão pra essa saudade!).


tudo somado e multiplicado
é coisa que não se explica
e o que fica?
esquecimento interdito
onda revolta que corre nas veias
frêmito que detona o peito
sentimento não dito
desejo que vem à tona
carícias e beijos
à mancheia...


nós dois já sabemos
bem e tanto
que por mais que tentemos
nada dissipará aquele encanto!


Maria Lucia (Centelha Luminosa)
 
MAGIA

Do mar ao rio

 
Do mar ao rio
 
by Betha M. Costa

não sobra mais amanhã,
no mar hoje feito rio,
aonde canta a cunhã,
onde morreu o desvario...

nas noites e dias de frio,
foi santa e deusa pagã.
da vela, a cera e o pavio,
a iluminar seu mor fã.

de diva cruel sem elã,
lança-se em fé e delírio,
ao alienista e seu divã.

das tintas na pele ao afã,
ao despertar pela manhã,
todo um mar é agora rio!

Imagem do googele
 
Do mar ao rio

RIO SUJO

 
Trancão, rio sujo!
Tu causas alergias
Aos mais desprotegidos.
Tu és rio um sujo
Tu és um rio sabujo!
Mesmo as palavras que são ditas
Para tratar a despoluição
Essa palavras caem na água
Água cheia de excrementos dos porcos
Que deslisam no teu leito
Que vêem de longe e vão ao Tejo
Continuando a poluição,
Tu és rio que não desejo.
E que fazem os responsáveis?
Nada, são todos amigos
Que passam o tempo
A olhar para o umbigo

A. da fonseca
 
RIO SUJO

*Minh'almas*

 
*Minh'almas*
 
Oh mar das minh’almas porque rio hei-de chorar?
Se as tuas águas me lavam,
As dores que este mar me quer banhar,
Pintando com sal os corações que amavam,
Nas sensações que estes elevavam.

Oh mar que me respondes tu?
Se o teu sal não me quer largar…
Dizes que o meu amor é um sonho cru,
E que só tu tens o direito de me amar,
Tu que me lavas a alma ao querer afogar.

Oh mar das minnh’almas que sonhos sonhar?
Se as tuas ondas me trazem sempre de volta,
À realidade que tento matar,
Nas ondas azuis e brilhantes desse teu mar,
Que embalam falantes músicas de aliciar.

Marlene Carneiro

O meu Blog: http://ghostofpoetry.blogspot.com
 
*Minh'almas*

Este meu mar

 
Este meu mar
 
Nasci num qualquer Fevereiro
num Domingo gordo
de um Carnaval de outros tempos

Trago a face rosada das papoilas
a fragrância a rosmaninho nos cabelos
na alma que esvoaça nestes campos

Não me vejo camponesa…
sou uma gaivota livre, em céu aberto
Sinto-me um pouco deste mar,
Sou parte deste povo e destas gentes

Há um céu de fogo
nas salinas do meu Sado
Um pôr do sol alaranjado

Mas, há um rio que me afaga
E me devolve a paz à alma
Sempre que o sinto, aqui, tão perto

Não me fascinam luares desbotados
nem neblinas com a marca de outros céus
em mim adentra a coragem destas águas
são meus os ventos e o curso das marés

Teço sonhos na esteira dos verões
e entranho-me no sal da tua pele
é longe da agrura dos invernos
que me renovo a cada nova primavera
Guardo um outono na gaveta das quimeras

Já sufraguei a poesia em cada verso
Por onde passo...
há sempre um mar de liberdade
uma história feita de amor e caravelas

Maria Fernanda Reis Esteves
51 anos
natural: Setúbal
 
Este meu mar

Chover na tua pele...

 
Agora que a noite se faz na tormenta
chover na tua pele
é um rio que corre desenfreado
como se de uma torrente de lava
irrompesse no teu ser
desagúe-me na tua foz
muito menos feroz
para que nasça de novo
e te percorra, rio acima
 
Chover na tua pele...

Razão

 
Razão
 
Desistir da razão?
Um dia talvez,
Quando a noite chover,
Os pingos bater no chão,
A água correr como um rio,
Em direção ao vazio da alma.
Sumidouro de ilusões e sonhos.
Não há razão para se ouvir a chuva,
Mas há uma razão para cair,
Sobre a noite, e molhar os telhados.
Por que não os pensamentos, e...
Levá-la para o mar,
E assim, sem razão, navegar,
Sem portos de chegada,
Ou partida.

imagem e poema de airton para sobreira
 
Razão

~1~

 
gémea
da água

águia e meia

luz oblíqua
estampada
no relevo
da infância

metáfora
na carne do tempo

primeira
e última esplanada
de presságios

- onda!!
 
 ~1~

Rio sem mar

 
Não há rio sem mar
Não existo sem te amar
 
Rio sem mar

É que o Sonho?!

 
É QUE O SONHO?!

Não quero perder-me na pressa
Quero acertar-me com a Vida
À nascente a àgua já não regressa
Entrega-se ao mar decidida.
Que vida é esta?
Que às vezes me deixa sem chão
Sobressaltada?!
Só meu corpo trémulo me resta.
Fruto amadurecido, caído,
No chão da estrada.

Já fui tempestade, furacão
Agora um suspiro de pouca duração!
Que me digam, ainda que seja atroz
Que a vida já não é vida!?
Digam rindo, mas deixem-me depois a sós,
Façam-no! Façam-no duma forma brutal
E repetida.
Não vos levo a mal!
É que o Sonho?! Ainda por aqui se esconde!?
Na alma vive já só a saudade,
O coração, se anda, nem sei por onde.
E a Vida?! Pode já não ser verdade.

rosafogo

Cito palavras da Poeta e amiga STEREA que li num comentário e que me levaram a postar.

-Tentando podar a minha árvore-alma com respeito e dedicação faço das palavras o sabor que me aprouver... e sirvo-as, para quem mas tomar com alma.

Sou mesmo uma mosca difícil de enxotar!

rosafogo
 
É que o Sonho?!

"Palavras..."

 
"Palavras..."
 
"Palavras..."

Perco-me quando escrevo...
Me perderia de qualquer forma.
Afinal, tudo é perda...
E calar é muito mais...
Escrevo porque preciso.
Escrever é como droga.
Vício do qual não me abstenho,
e no qual vivo.
É como veneno necessário.
Se compõe de fragmentos
do sentimento.
Nos recantos dos sonhos é colhido.
Das margens bucólicas
dos rios da alma.
Essas águas deixo escorrer
por meus dedos.
Não quero o silêncio...
Por isso...
Que meu coração jamais se cale.
E o que eu não ouso dizer...
Isso ele fale.
E que o faça claramente.
Nunca com ambigüidade...
E sejam suas palavras, como rio
Que incógnito nasceu,
Cuja maré alta transforma em foz.

Glória Salles
 
"Palavras..."

Conversas do rio de da lua

 
"Porque fui tão frio?"
Perguntou o rio.
"Porque já não sou mais sua!"
Disse a lua...

"Mas eu tanto te amava..."
O rio continuava
"Seu amor não continua?"
Perguntou a lua...

"Meu amor não é passado!"
Disse o rio contrariado
"Mas parecia estar morrendo!"
Era a lua dizendo...

"Mas, ainda te amo..."
Disse o rio, imponente e arcano,
"Se amasse não correria"
A lua disse em ironia

"Boba, só corro porque meu amor é teu!"
O rio sorrindo respondeu
"Como podes amar correndo?"
Perguntou a lua sofrendo...

"Amo correndo porque é o que sei fazer"
Falou o rio tentando fazer-se entender...
"Disso eu bem sei..."
Disse a lua para seu rei

"Então sabes que o amor não se escolhe..."
Disse o rio como quem se recolhe
"É, começo a perceber..."
Disse a lua, altiva mulher...

"Podemos nos amar então?"
Disse o rio, com seu coração...
"Claro, minha alma é tua!"
Sorrindo declarou-se a lua...

"Se tua alma é minha, então tu és da minha vida a rainha!"
Sussurrou o rio com voz docinha
"Então beije-me meu amado!"
Disse a lua de sorriso arreganhado...

"Pensei que não ia pedir!"
Disse o rio a sorrir...
"Nem pedir precisaria, sou tua, beije-me e vamos esquentar essa noite fria!"
Encerrou a lua com maestria!

Para Bruna Froés

Esse é um poema bem simples, feito com uma base quadrática, onde eu tentei relatar uma conversa entre dois amados, utilizando algumas metáforas bem conhecidas... Perdoem-me as passagens mais longas, é que as vezes o sentimentalismo me explode de uma forma acima do normal...
 
Conversas do rio de da lua

Um Rio no Teu Olhar (sonetilho)

 
Um Rio no Teu Olhar
by Betha M. Costa

Perdoe por eu ter me perdido,
Nas águas do seu morno olhar,
De louco amor ter esquecido,
Ser o destino do rio o mar...

Maior loucura da minha vida,
É mesmo sem saber nadar,
No rio do afeto, tez suicida,
Lançar-me ao ponto de afogar.

Não existe afago no olhar frio,
Que você lança para mim
De dentro do peito vazio...

O sentimento por um fio,
Choro pela aridez sem fim,
De um rio seco: morto no estio.
 
Um Rio no Teu Olhar (sonetilho)

Quem sou eu?

 
Na última quinta feira, passei a madrugada no soro, em uma clínica, sentada confortavelmente em uma poltrona verde, reclinável. O motivo: uma intensa crise de labirintite. A causa: stress.
Em 2007, tive muitos problemas. Somatizei muitas coisas e só agora, o corpo chegou ao seu limite, me forçando a procurar ajuda médica. Descobri que meus triglicerídios e colesterol estão alterados, além de estar também com uma alteração na pressão arterial, o que me obriga a tomar, pelo menos, 1/4 de Rivotril em momentos mais tensos.
Eu costumava não pensar, quando era mais nova. Agora, chegando aos 42 anos (nem tão nova, nem tão velha), me pego esmiuçando meus pensamentos, procurando respostas e mesmo sem tê-las, continuo me indagando sempre e sempre.
O que alimenta o stress? Meus medos. O stress é um monstro que come aquilo que eu dou: lamúrias, lembranças do passado mal resolvidas, auto-piedade...
Concluí que preciso mesmo me tratar (detesto frequentar consultórios médicos!). O principal não é o tratamento físico. Esse pode ser resolvido ou com medicamentos ou dieta, mas o que me deixa curiosa é como vai ser o meu tratamento interior.
Penso em quem realmente sou. Como eu me permiti tornar-me o que sou. Meus temores, meus sonhos, meus desejos, meus segredos, meus arrependimentos, meus pensamentos... tudo se torna uma carga que é só minha.
Quando começa a pesar, algo está errado. O meu erro foi carregar a carga tempo demais, achando que era a minha obrigação, tendo em vista as escolhas erradas terem sido feitas por mim, então, obviamente, eu teria que arcar com as consequências.
De certa forma, sim. Não se tira um prego da madeira sem deixar marcas, entretanto, assumir as más escolhas já é o primeiro passo da cura. Errei sim, graças a Deus, errei! Sou humana e por isso posso continuar caminhando de cabeça erguida. Eu sobrevivi.

" As piores correntes não são as que atam os corpos dos homens, mas as que atam a mente deles."

Tive um 2007 difícil em várias áreas? É verdade, tive. Foram dias complicados, genuínos, os quais eu vivi dia a dia. Todos os sofrimentos foram consequências de más escolhas... mas e daí? Escolhi errado, mas entendo agora que não preciso continuar escolhendo errado o resto da vida.
O passado é passado porque já passou. Simples. Fato.
É preciso uma reformulação mental, uma higienização na alma.
Entender que o dia de hoje é único e que existe um futuro a ser construído, e ele será construído em pilares que eu vou criar. Se forem frágeis, tudo ruirá.
É preciso manter as coisas boas dentro de mim e as coisas ruins, do lado de fora. E sem stress em tentar descobrir o que é bom ou o que é ruim. Sim, porque, quem é estressado, a mais simples decisão se torna uma batalha terrível!
Let it be!
Deixemos o rio correr... a vida se desdobra a cada segundo e é isso que devemos aproveitar. Só temos uma.
 
Quem sou eu?

A vida é como um rio

 
Viver desejando o passado, não serve... O passado só existe na nossa mente e nas imagens. Para a vida não existe passado nem futuro. Para a vida só existe o presente. Ela segue em frente transformando o amanhã em hoje, sem se importar com o ontem. O ontem não existe mais. E nós ficamos tentando situar-nos no tempo, entre um passado bom e um futuro incerto. Quando o passado foi bom, ficamos tentando repeti-lo sempre. Mas a vida segue adiante, a vida não se repete. Tem certas coisas que nós achamos que está acontecendo novamente, mas para a vida nunca é a mesma coisa. Sempre existe alguma modificação (para melhor ou para pior) que nós não percebemos.

A vida é como um rio que dá voltas e voltas, mas nunca volta a se encontrar. Ele pode voltar para a mesma direção, nunca para o mesmo ponto em que resolveu virar. E, muitas vezes, quando ele volta para a mesma direção, já não é o mesmo rio. Pode estar com outro nome, pode estar mais caudaloso, por culpa dos afluentes, pode estar poluído... Assim mesmo é a vida. Ela pode dar voltas. Mas nunca volta ao mesmo ponto, porque o tempo já é outro.

A.J. Cardiais
27.01.2012
 
A vida é como um rio

Escola

 
Escola

Lembro que numa manhã cavalgavas
Em um lindo cavalo naquela estrada
Eu só via a ti e não pensava em nada
E tu, eu acho que sequer me notavas

Passaste sobre a pontinha daquele rio
E chegando à escola, viraste à direita
Na porta da escolinha fiquei à espreita
Mas não paraste com o meu assovio

Seguiste em frente e eu fiquei olhando
E na volta com seu cavalo marchando
Sequer olhou para o lado da escolinha

Então, eu mandei todo mundo entrar
Porque as aulas eu teria que continuar
Pois com tu poucas chances eu tinha.

jmd/Maringá, 06.05.20
 
Escola

Lugares

 
Lugares
 
Os lugares estão,
Ocupados por fantasmas.
Numa sofá, no vão da escada.
Repletos de histórias,
De atmosfera.
As pessoas partem, mas
Permanecem os retratos em
Momentos felizes, em...
Eternos descontentamentos.
Os sentimentos estão ali, acolá,
Em qualquer parte sobrepostos,
Sobrecarregados, saturados.
O rio leva apenas as águas,
Mas não as memórias.
Sedimentadas entre os seixos,
Reflete o sorriso distante,
Na superfície num dia de Sol.
Lugares escuros na noite,
Estão entre as taças de vinhos,
Na toalha manchada, numa nota
Deixada na mesa pro garçom.

Poema e imagem do autor
 
Lugares

Onde me levas, rio que cantei

 
Onde me levas, rio que cantei,
esperança destes olhos que molhei
de pura solidão e desencanto?
Onde me leva?, que me custa tanto.

Não quero que conduzas ao silêncio
duma noite maior e mais completa.
com anjos tristes a medir os gestos
da hora mais contrária e mais secreta.

Deixa-me na terra de sabor amargo
como o coração dos frutos bravos.
pátria minha de fundos desenganos,
mas com sonhos, com prantos, com espasmos.

Canção, vai para além de quanto escrevo
e rasga esta sombra que me cerca.
Há outra fase na vida transbordante:
que seja nessa face que me perca.
 
Onde me levas, rio que cantei

A Porta do Rio!

 
No ímpeto do rio descontrolo-me e afundo. Entro num outro mundo, de silêncio, de acalmia que tanto seduz, pela magia do inesperado…
O corpo molhado não pede calor, limita-se a deslizar pela corrente sem fim. Os olhos, bem abertos, apreciam a vida que os outros seres têm.
Braços e pernas não exercem qualquer movimento, nem de luta, nem de fuga. Inertes deixam-se ir…
Um dia voltarei ao paraíso para acabar o sonho do meu desejo. Para concluir as pequenas coisas que deixei inacabadas e para poder amar a vida que inconscientemente deixei fugir sem um pleno desfrutar.
Passei a porta que nos divide e assim separa, encontro-me do outro lado onde tudo é novidade. Não consegui iludir esse destino tragicamente marcado.
Por ora, limito-me a assumir que tragicamente morri…
 
A Porta do Rio!