Poemas, frases e mensagens de Antonio Soares

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Antonio Soares

Quando meu rosto contemplo
o espelho se despedasa
por ver como passa o tempo
e o meu desgosto não passa...

Amargo campo da vida
quem te semeou com dureza?
que os que não se matão de furia
morrem da mais pura tristeza.
Cecilia Meireles

clamo

 
Clamo em gritos secos
Pela dor que em mim vive
Não sendo mais a minha aurora
Aquela que hoje é triste,
Derrubando todos os meus sonhos
Que antes eram felizes.

Clamo Em gritos secos
Pela dor que ainda insiste
Matando meu sentimento,
Que um dia já foi livre
E hoje é prisioneira
De um mundo de crendices

Clamo em gritos secos
Pelo eu que não vive,
Sendo meu eu agora
A falta do meu estar aqui
Corroendo peito a fora
Os meus olhos do amor que acaba aqui.

Clamo em sussurros secos
Fechando os olhos pra não existir
Esculpindo a navalhadas
A sensação falsa do não sentir
Calando-me sobre lagrimas pesadas,
Debruçado sobre o amor sepultado
Mergulhado nas profundezas de mim
 
clamo

(sem titulo)

 
Lábios se vão em navios.........
Ainda estou aqui tentando entender.
Já não esta mais em minha cabeça
A resposta desse quebra-cabeça.
Dia Após dia sem entender onde erramos...
...todos os dias você me vem a cabeça...
Tento fugir, mas é mais forte que á mim.
Sei que finjo não saber
Oque todos em nossa vida sabem...
...sou de carne,
Preciso de meus sonhos
Mesmo que a realidade um dia venha me acordar.
Palavras são palavras...
Compromissos são vidas quase comprometidas.
Mesmo com esperança minto a mim
(como sempre)
Que um dia você voltará
(se nem ao menos chegou)
Minha poesia se torna tão pura e simples
...lembro-me de nós.
Quando me ponho á olhar a lua
É La que eu lhe vejo, bem longe...
...madrugada fria,
Meu coração cheio de magoas e saudades congela.
Todos os dias lembro-me de você ao acordar,
Daí então, olho lá no fundo do meu coração
E me vejo só...
Somente só .
(esta tão triste lá fora como dentro de mim)
 
(sem titulo)

Triste Canção

 
Estão cantando para mim?
Nem ao menos me avisaram
Desse canto ou lamento,
Que antes de chegar o firmamento
Fez todos de joelhos balbuciar perto de mim.
É estranho esse enredo
Que ao chegar sempre me esqueço
Onde lapida o monstro devaneio,
Fugaz dança dos homens sem medo,
Que desconfio viver dentro de mim.
Não poderia ser a sorte
Pois a verdade sempre me entope,
E as causas se destorcem,
Deixando minhas palavras sem começo ou fim.

Estão todos cantando para mim?
Se nem ao menos é dia festivo,
A garoa traz com ela o granizo
E no coração a plenitude é o vazio,
(as velas estão acesas talvez para espantar os espíritos.).
Quem dirá adeus à saudade
Se sempre a vaidade renasce
No musgo da falsidade
Onde roubaremos o fruto dos Deuses.
Que se exorcize essa maldição
Da tristeza sempre se mastiga o pão
E do ódio é servida a bebida.
(Um brinde...
Saberemos nós, se essa é a despedida?)

Estão todos cantando para mim?
Não sinto mais a incrédula fadiga,
O crepúsculo traz consigo as dores e as feridas,
Que me perseguem nesse dia sem fim.
 
Triste Canção

Angustia

 
Que cantem para mim os corvos
Quando o vel da noite repousar sobre minhas angustias
E o vento sacudir meu espírito fraco e vergonhoso.
Contemplo esse canto que minha alma esala amargurada
Nos cantos vazios de meu coração
Ressonando ecos de solidão
Que minha cama...
...meus risos...
...minhas palavras não disfarção.
Não temo a noite
Pois tenho uma escuridão pior a me preocupar...
Dentro de mim,
Onde vejo ao longe uma grande lapide
Escrita com sangue meu nome,
Fúnebre, triste, gelada, incrédula vindo rumo a mim.
Meus medos de criança se foram junto a ela
Quando o mundo gritava
E as lagrimas de minha mãe se tornavão minhas.
Os anos se passão e as dores não murchão
Aflorescem no meu campo encharcado de antigas fortunas
Amassando os brotos de alegria que restavão
Sobre a guerra dos demônios e santos
Inflamada nos meus olhos, mente e garganta.
Quantas coisas perdi olhando durante anos
Somente para dentro de mim,
Velando sem aprender a rezar, pela minha alma
Que se perdeu na teia de minha vergonha.
A noite é tão magnífica...
Poucos parão para ver as estrelas
Aproveito cada segundo marcado Com medo de morrer se dormir solitário
 
Angustia

soluço

 
Derepente o escuro
Fez-se grande e profundo,
Cripitava o corpo em delírio moribundo
E o coração batia em pequenos soluços...
...desalento...desalento...desalento,
Dizia-me o pobre coração em murmúrio.
Os lábios se mechiam em espuma
Mas as palavras não vinham...
...se perdião.
Aluz dos olhos não dispersavão...
...não duravão.
E a alegria da vida se ia...
...não mais vinha.
Derepente os soluços dementes
Apagarão a chama da vida... (querida)
...o corpo ficou gelado e fúnebre
Parado ao tempo,
Imagem marcada na vida pela morte.
E ali seu corpo ficou inerte...esquecido,
Sentado com uma carta de amor em suas mãos
(ingrata e desleal carta de amor negado)
Que levou seu coração às geleras
E sua ânsia de amar as estrelas.
 
soluço

Quando...

 
Quando o homem se dá por vencido,
Pelos cansaços e sacrifícios da vida,
E sobre chuvas torrentes,
De dificuldade ele persiste...
Quando tudo parece trevas
E em quase todos se vê
Um porto de adeus...
Quando se olha o pouco que se tem
E a resignação nos olhos emite,
Os sorrisos entre lábios mostram,
O quanto à falsidade é triste...
Quando o sacrifício é grande
E o reconhecimento é pequeno,
Ser um fantasma triste,
Faz-te entrar no enredo,
E todos te lembram:
-É crime nesse mundo sofrer de menos.
Quando não se cabe saber,
Por negar, por querer,
A verdadeira realidade...
E se ver em estatísticas absurdas.
Que não é a luta, é a vontade de vencer ,
Que vence.
Quando tudo que se acredita,
Faz peso para os ombros...
E á vida parece ser mais fácil,
Quando se tem um carcereiro...
Quando se quer chorar,
E a vontade é mais fraca que a dor
A certeza é resumida em poucas palavras,
Se não por elas,
Vela-se nos olhos o segredo em rancor.
Quando a luz que nasce,
No corpo não bate...
E os sonhos renascem,
Em uma luta enganosa...
...são tristes as marcas de antigas derrotas.
Quando se põem tudo que ao corpo pertence
Ate o ultimo esforço,
É difícil acreditar que toda essa luta,
Foi um grande e desnecessário alvoroço.
E quando a alma vencer esse mundo,
Fugindo desse corpo... No fim dessa trilha...
Se não for por esse momento,
Haverá pelo menos...
Um sorriso de consolo.
 
Quando...

Tenho

 
Tenho em mim guardado
Sobre sete chaves de tormenta,
Algo que escondo e não é raro
Algo que o mundo inteiro experimenta.

Tenho em mim findado
Coisas que o mundo nem se lembra,
Posto que tudo que é errado
Fazem-se jogos de prenda.

Tenho em mim cravado
Todos os encontros da vida,
Sendo que deles não espero nada
Além de migalhas e feridas.
 
Tenho

invólucro

 
Pende-se tudo que um dia vinga cair,
Assim como o coração tem seu tanto, nem pouco fardo de tristeza.
Por ventura quase nunca indagamos,
Prolixos, pateticamente coerentes a quem sacuda a coroa de cardumes e visgo.
Não devotamos lagrimas alguma a qualquer ser espartano adjacente aos condóminos desta capsula lasciva de anceios Puritanos.
Desejamos o bem querer anbíguo da vertente de nossas fontes, onde Jora-se as margens placitas turbilhões de mentiras invertebradas.
Para assim, indigeridos de nós mesmos, confortarmo-nos da ideia de que somos seres sociáveis.
 
invólucro

Versejo

 
Iludir-se...
Transbordar a taça craniana
Do vazio ilusório que esta cheio
Agarar-se enquanto se cai
Nas sísmicas ranhuras dos pensamentos.
Saudade intransigente de fatos.
Moldes rotulados na perpicasia incoerente.
Ira enlatada sem validade.
Algo que doa...
Tudo que afoga...
Nada que valha a pena um cinismo.
 
Versejo

Desenlace

 
Faltaram-me as horas,
Quando nossos mares se estranharam
Em uma tempestade aterradora
A qual não haveria vencedores
Se não o afogamento de ambos.
Aplaudimos juntos a mesma mentira mesurada
Assim como as palavras em vão
Que um diagnosticava ao outro.
Restringimos o que sobrou de nós
A uma pequena cápsula lasciva de amor
Para tentarmos manter vivo
O que já não podia viver.
Velamos juntos o mesmo cadáver
Com finalidades diferentes.
Dialogamos em um desentendimento incomum...
Premeditando a solidão dolorosa.
Quantas duvidas ficaram espalhadas as milhas
Por todo o chão batido de lastima.
Não houve controvérsia
Na conclusão de nossos pecados...
Eu fiquei estático na sala,
Enquanto minha alma foi espreitá-la na janela
Vendo sua ultima partida...
Derrotados, ambos sabíamos
Que não podíamos acordar os mortos.
 
Desenlace

Insônia

 
É apenas mais uma noite fria, triste e solitária
Como todas as outras...
Todas...
...os olhos não suportam o peso das lagrimas
E Brandam a desaguar sobre a torrente
De doenças incuráveis,
As quais posteriormente falecerei
Sem saber ao menos seus nomes.
Sei que findo aos poucos e que cada dia
Aproximo mais da lapide gelada
E de ver meu amor só,
Chorando o que não tinha percebido
E que ao chegar meu findo
Deu-se o valor necessário e justo
Ao que um dia foi eu.
(a pior das mortes e saber que se morre lentamente de tristeza)
Morro...
Já não querendo morrer.
A noite é um tormento
Quando o sono se põe inimigo
E a mente um único pensamento martela,
A casa parece ser mais vazia do que é.
(ou será apenas meu coração?)
O que sobrou alem do silêncio?
Dos poemas mal escritos?Dessa terrível doença
Que põe meus joelhos a dobrar ao chão...
...e a insônia, insônia, insônia!
(ó meu Deus como quero dormir!).
A cama parece um deserto
Onde sou mais um dos tantos enfermos.
Sempre me dói no peito... sempre me dói.
A solidão se mostra mais amiga que nunca
E faz companhia às dores que antecedem a morte lenta,
Que o silencio e a solidão
Anunciam dentro de mim.
Sempre me dói no peito... sempre me dói.
Nunca foi vergonha chorar somente para si,
Por isso meu palco é fechado sem platéia,
Confinado num labirinto de profundezas
Que pertencem aos meus olhos.
(estou morrendo e não posso fugir)
O tempo passa e somente o relógio parece ser lento...
...fugaz melancolia que se apega a esse corpo.
As horas passam...
Os dias passam...
Os meses se propagam...
E somente uma certeza:
A de que estou me petrificando.
Sempre me dói no peito...sempre me dói.
(não sei por que, tanta dor em mim explode
Se só as minhas me cobrem quando tento dormir.).
 
Insônia

a vida como ela é

 
Manhã de cinzas...
Cheiro desesperançoso do dia passado que não se findou
E agoniza de dor pelo novo dia que começou.
O vento entra janela adentro
Assoprando e dando vida as cortinas da desgraça
Que antes eram da vida,
Lembrado aos moveis cegos
O quanto lutam os sorrisos cada dia para nascer.
A mascara posta a mesa
Que todos os dias a de vir viver
Tirada todas as noites para o rosto verdadeiro
O dono poder voltar a crer.
A escuridão e o vazio
São os verdadeiros inimigos
Sendo que nunca os espere
Mesmo sabendo que um deles possa já ser um delírio.
O pó do tédio contamina as poucas alegrias do dia
Algumas palavras perdidas...
Outras que nem que custasse a vida
Haveria de dizer se não a si
Como um delírio frenético endoidando-se de si
Para não enlouquecer.
(o mundo pode ser um péssimo medico).
Esperança,paz,amor,amizade,alegria e ternura
Esses e outros sentimentos que já nem sei como são seus gostos,
Todos vendidos a culpa.
Basta olhar o mundo
Para ver que todos se tornaram grandes e inúteis jaros de enfeite...
(as amaras doem em todos os peitos)
No corredor: ouvem-se os passos.
La vem o enfermeiro
Desse terrível manicômio.
 
a vida como ela é

temor

 
Temo meu trágico fim
Por muitas razões obscuras
As quais eu não quero saber
Se não pela boca de Deus.
Me arrependo(quais são esses que na beira
da morte não se arrependem?)
por não ter dado de mim
coisa melhor ao mundo
e minhas sementes morrerem
antes mesmo de germinarem.
A valsa dos mortos é a musica
Que embala minha morte, antes que eu viva.
Tudo se tornou tão vazio...
Os quadros...
A cama a dois...
A mesa feita...
Os sorrisos que tomam conta de mim...
Será essa a ultima hora da minha chama
Que a morte a anos esqueceu de verificar
Se ainda existia fogo...
Ao contrario de muitos quero esquecer tudo
Quando me for à gruta dos sepultados vivos
Onde não é permitida a palavra e tudo se basea na mentira
(mentira dos olhos que enganão)
Sei o que me espera no futuro
E somente eu tenho permissão de choralo...
...o espelho me mostra o grande poço
De desilusão em que me tornei.
(não choro mais...
...nunca mais chorarei)
E quando da morte que se tornou essa vida eu partir...
...que da minha esperança nasça uma rosa
E da minha raiva cresça os espinhos
 
temor

Cemitério da alma

 
Meu desejo agora
É calar minha alma a foita de agonia,
Transbordando em mim lagrimas
Da mais pura disritmia.

Morre em mim as vozes
Que antes me meresião,
Deixando somente saudades
No meu cemitério de despedidas

Vejo atravez dos tempos
Aquilo que não queria...
Minha alma sempre chora
Por outra alma perdida.
 
Cemitério da alma

Búrburio

 
Um brinde a Deus
E um elogio a insanidade
Enquanto minha alma se desfacela
Em um labirinto de mediocridade.
Pena de mim por agora...
Pena de nós por amanhã
E sse lodo que nos contamina
E nos afunda cada vez que nos mexemos
Desviando a vida aos sonhos .
Já não nos reconhecemos,
Mas as vestis falam por mim...
Por nós...pelo mundo.
Círculo vicioso a qual nós nos comprometemos
Dês da primeira mentira...
Primeiro beijo.
Somos fadados a viver
De mãos dadas a esperança,
Sempre começando...
Começando.
Guerra travada com a vida
Dês do primeiro segundo em que respiramos.
(entre tristezas e alegrias batalhamos)
Guerra sem sentido?
Talvez não saberei em vida
E a morte me diga
Em um sussurro frio
Calando-me, eternamente.
 
Búrburio

(sem titulo)

 
Está frio e nada escrevo...
Afasta-se de mim os rascunhos, o que vejo.
A caneta treme sobre minhas mãos penosas
Enquanto minha alma é anfitriã
Dos fantasmas que me assombram...
(não me dou satisfeito por nada,
(Pois tudo o que possuo eu os perco.)
Quebrei meus braços nos sonhos,
Quebrei meus sonhos com as mãos,
É curto meu espaçamento de dia,
Às vezes quando encontro o desespero
É buscando o que um dia foi eu
(nunca encontrei se quer vestígios,
(De um dia de satisfação.).
Nada escrevo... Nada...
As folhas se negam a aceitar meu nome,
Torno-me a tragédia da vez,
Minha alma é tão rala Que não sei se morrei.
(por muitas vezes tive amor,
(Por muitas outras o reneguei.).
Se procuro alguém nunca o encontro,
A inconstância de minhas horas é suprema
Assim como meus dias são nulos.
Nas dores que minha carne estúpida,
Nos gritos que minha alma acalenta,
Punge no vento fraco que beija meu rosto
Algo que minha alma não se lembra...
 
(sem titulo)

Posologia

 
E se paro e não sigo,
Se sigo não fardo
Fardo a fadiga
Em um fungo: eu pasmo.
Se me queixo na beira,
Beirando um sonho,
Nas vésperas asneiras
De um clero de sonsos.
Delírio escrito?
Numa lira corrida, estampida, antilhada,
Que muda de forma e ninguém me lê nada.
Holocausto, cadê meu rotulo?
Rotula-me alguma mentira,
Dos dias de gloria
Das horas da rima...de rima....de ripa...de cina...
(Cesário perdoa esse homem por seu campanário!)
Ai de engolir o breu o Adeus,
Assim saberei quando arde,
Ou quando tardamos a falha,
Se falha a malha torta que torço
Diz-me que não é a bandeira desse Pais.
Vai! Punge onde beija os santos montes dos mouros
Um lugar onde não se pode jazer-se.
Manter por sua própria fome, a lei que perjurou em blasfêmia...
Efêmero se torna o principio...
Ordem! Ordem! Pede-nos a clemência.
Na ordem incessante de ecídios; vem que é tempo de afogar em aplausos.
Verde amarela vinde mortalha,
Rasga ainda esse cérebro de marfim,
Rompe essa lapide de talhas,
Mostra o terror aos querubins.
 
Posologia

Estirpe

 
Plagas longínquas ao epitáfio do medo.
O enaltecer das colunas aos beijos de marfim.
Bebe aos enjôos a languidez das despedidas
E lamba os dedos do anseio.
Eu que mora você que padeça,
Nós que nos agreguemos um ao lamento do outro.
Choraremos em vão a latitude da liberdade que nos suportava.
Brindaremos à longitude dos caminhos que não alcançamos.
A de ser só nossas almas esse chacoalhar
Assombrado e esse rugido de maquinas.
Tudo que tenhamos dito é pungido de aspas, cólera, mormaço,
Bens que findam e não se acabam.
Ai! Como meu vicio é doce,
Como é doce o vicio do mundo,
Essa solidão milimetrada.
Esse parentesco com a vertigem.
“Pudor” disse-me uma vez uma velha mentecapta:
“Poderás o que dizes ou qualquer dia amanhecera com a boca cheia de fuligem”
E dês de então eu pondero o ponderar e a canalhice.
Sonho meu, abraça as margens plácidas do meu vazio
E faça meu medo criar asas.
Faça meu enlevo criar harpas
Faça de mim algo alem desse nada.
 
Estirpe

O vazio

 
Foi a mim que o cometa cegou
Dilacerando a carne doente...
...encontrei-me conturbado e cego
Fissurado em sandices vis
Que me devoram por dentro,
Em grandes reboliços de anarquia.
Geme o algoz em minhas profundezas,
Devorando-me de dentro para fora,
Prostrando em minhas entranhas
Que ele faz parte de mim.
Sim...
Foi a mim que o cometa aboliu
E eu sorri quando vi meu reflexo no espelho,
(deu-me pena esse ser grotesco.)
Encontrei apenas um labirinto e seu findamento
Com o vazio suprimindo meu nome.

...Dantesca é minha plenitude,
Tão quanto será meu desfecho...

Eis me aqui a ovelha má abençoada,
O fruto que não vingou...
A semente que se tornou erva daninha...
As palavras rudes e repugnantes,
Que assombram os verdadeiros poetas.

Eis me aqui corroído pelo medo,
Escondido por de traz dos pilares das palavras...
(Acostumei-me a trucidar sonhos e devorá-los faminto de mim.)

Deixei-me em uma estrada qualquer
E esqueci-me de encontrar-me de novo...
 
O vazio

Ébrio

 
Quando em minha alvorada vier devotar-me o amor,
Manda-o ir embora, pois já me açoita o balaustre.
Diga a esse impostor que é demasiada tardia o vingar de sua antologia bipolar.
(De certo que me fizeste falta,
Em outras primaveras sombrias.)
Traga-me a ave agourenta dos segundos
Onde os corvos banquetearam sobre as disipulas dores maciças,
Para que liberto eu possa vangloriarme dessa despedida.
Que eu, cárcere de minha alma, possa enfim amar incondicionalmente a alma devaneia.
Que os bons ventos o tragão a minha estância
E que em meu âmago seja feito o seu lar.
Bem dizidos são aqueles que sobre suas incostancias
Encontran-se elevados nas trombetas celestiais do amor.
 
Ébrio