Poemas, frases e mensagens de Marlene

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares de Marlene

Feição à existência

 
Andei a cambalear pelas ruas estreitas,
Choquei com uma parede quase desfeita,
Muito pequena e mal feita
Em que caiam bocados de paixão,
Viam-se os restos de revoltas desenhadas com exactidão.

Perfuro os pensamentos à vez,
Tento adivinhar o eu de cada um perdido,
Um com o stress do trabalho,
Outro perdeu um familiar, amigo,
E ainda há aquele que vive escondido.

Foco um fantasma abandonado de passagem,
Subitamente percebeu que reparara,
E muda-se desconfortavelmente,
Sentindo, desejando que eu olhe em frente,
E esqueça que ele esteve presente.

São diversas as formas de encarar a vida,
De respirar, seguir viagem,
Muda-se o presente, vira-se o sentido da carruagem,
O comboio não pára,
Há que escolher uma paragem!
 
Feição à existência

Sou o que não sou

 
Sou o que não sou,
Na imensidão da semelhança.

Vagueio nos confins da razão,
Tento alcançar a essência, só!
Encontrar a ponta do fio que percorro,
Abraçar o inquestionável,
Sigo a linha enquanto não morro.

Fujo do que não me encontra,
Nos campos da liberdade.

Corro com o vento, gritando!
Implorando para ser ouvida,
No auge da loucura sã,
Fico na sua melodia perdida,
À espera de ser esquecida…

Vejo cegamente,
Num mundo de míopes.

Contorno as pedras colocadas no caminho,
Nublado, que não consigo ver,
Afasto-me da missão que sigo,
Vou ao centro do que me está a absorver,
Que avisto nos brancos do amanhecer!
 
Sou o que não sou

Laranja e Chocolate

 
No Jardim do éden sumido,
Com os seus florais encantados,
Bebo o néctar da vida,
Respiro os poemas declamados,
Dos mais belos aos mais amargos.

Passeio a minha alma robusta,
Bela fonte enfeitiçada,
Escorre sangue de chocolate,
Com o paladar da laranja amada.

Saboreio os teus dissabores,
Sinto a tua brisa perfumada,
Ignoro toda a dor,
E vivo como uma aprendiz predestinada,
A uma Primavera acordada.

O gosto do sangue de chocolate,
Revigora a minha pobre alma,
Canto no encanto,
Vivo no espanto,
De uma laranja afagada.
Saboreio o sangue de chocolate…
 
Laranja e Chocolate

Amor Faminto!

 
Evoco-te entendimento!
Que outrora ocupaste terreno,
E agora abandonaste,
O barco em pleno Inverno.

Não te quero, necessito-te,
Alma vigorosa que encantou,
Largaste a caixa forte,
Agarraste o vento que te levou.

Em tempos completaste-me,
Guardei-te e dei-te por vencido,
Agora desapareces,
Neste mundo entristecido.

Contigo o dia não tem noite,
O sol percorre todo o meu caminho,
Volta para mim sentimento,
Com calma, de mansinho,
Amor tempestuoso faminto!
 
Amor Faminto!

Tela Mágica

 
Tela Mágica
 
Focada no próprio ser. Clamo!
À existência púrpura,
Ao ponto ancestral esquecido,
Atinjo o auge da loucura e sinto-te!
Estás comigo no meu desconhecido…

Lado a lado por trilhos férteis,
Consumidos por fragrâncias desenvolvidas,
Não sei quem és… Quem sou?
Oh alquimia! Das palavras despidas.

Num abismo abro as minhas asas,
E cobro a beleza por mim espiada,
Voo entre as brumas,
Desfaço-as do nada,
Suavemente com uma risada.

Sigo o curso da água fluente,
O plátano desnuda-se com a minha passagem,
Tento nadar até à nascente,
Subir ao mais alto dos montes… Que imagem!
Manobro a minha viagem…
 
Tela Mágica

Acabou!

 
Acabou!
Agora sim, posso arrumar as memórias de vidro,
Guardá-las na gaveta do esquecimento,
Afundá-las no poço,
Esconder-me no abrigo,
Apagar aquele momento em que fui a princesa do teu castelo maldigo

Passou!
Borrei no meu peito os versos que te tinha escrito,
Voaram com o som e ao sabor do vento,
Quebraram-se assim em pequenos espaços de tempo,
Lançados na esperança, na brisa,
Que gritava por alento.

Perdi-me!
Na doçura da tua voz,
Que aplaudi e louvei no meu silêncio,
No teu abraço terno e meigo,
Que me segurou, agarrado ao peito,
Empurrando no fim para fora do teu leito.

Acabou!
A alegria do meu pecado,
Na loucura adorada do meu amor afagado,
E apenas ficou a tristeza passada,
Agora retornada,
Como os pirilampos brilham no nada,
Ficou o manto da amizade num recanto.
 
Acabou!

Felicidade no Terraço

 
Espero pelas horas que passam,
Incrédula, no tempo que voa,
Falo comigo nos momentos mortos,
Respiro nos intervalos da vida boa,
Enterro os meus fantasmas e deixo os corpos.

Persuado todos os meus pensamentos,
Represento no meu próprio teatro,
Onde todos são crentes da sua própria sorte,
Construo castelos de areia fortes como o aço,
Encontro o paraíso no meu terraço.

Não vou fazer por ser ouvida,
Não vou fazer por ser esquecida,
Apenas trilho os caminhos da vida,
Sejam eles direitos ou tortos,
Sou uma amante da beleza distraída,
Enterro os meus fantasmas e deixo os corpos.
 
Felicidade no Terraço

Refém da Saudade

 
O que somos nós sem memórias, recordações?
Somos como um livro sem histórias, parado na demora,
Ausente das tristezas e ilusões,
Na esperança de enquadrar narrações,
Que introduzam nele linhas brancas de paixões.

Paixões antigas outras que ainda não foram vividas,
Até meras desilusões,
Que trazem com elas sensações,
Sem memórias não existiriam condões,
Estaríamos condenados a pequenas manifestações.

Ah! Saudade que me invades livremente!
Sem desculpas ou perdões,
Arrebatas em mim um vento,
Que grita alto por alento,
Chama com ele novas emoções causadas pelas tais recordações.

Por isso saudade fica comigo,
Faz de mim tua eterna refém,
Quero continuar a relembrar aqueles velhos e bons sentimentos,
Que só tu e eu conhecemos,
E só nós os sentiremos! Já nada nos detém…
 
Refém da Saudade

Encantos

 
Confio-te os meus silêncios,
Envio-os com um sorriso,
Balouço nos teus cânticos,
Apelo-te para ouvi-los.

A tua voz silenciosa,
Apazigua-me a lembrança,
Mande-me de volta,
Para velhos tempos, para a infância…
Embala no ar a fragrância.

Inspiro a tua magia,
Envolvida no teu brilho opaco,
Brinco na fantasia,
Componho para ti poesia,
Escrava da tua Alegria!
 
Encantos

Impressões

 
Oh mar perigoso!
Sou pequena na tua imensidão,
Balanço nas tuas ondas,
Danço ao som da tua canção
Por ti fui inundada,
Desprevenida, apanhada…

A turbulência que me acalma,
A mansidão que me agita,
Gera confusão na alma,
Que permite que se repita.

Chocalham os sinos da alegria,
Um sorriso radia o meu rosto,
Corro pela vida cheia de energia,
Navego pelo mar com gosto,
Aquecida pelo sol de Agosto.

Caminho por trilhos desconhecidos,
Abrangida pelas peso das brumas,
Abraçada pela ausência do todo,
Perdida num vale de lágrimas.

Curvo na estrada vivida,
Desvio-me dos rochedos ali colocados,
Tento não ficar perdida,
Agarrar a luz escondida!
 
Impressões

Caixa Pandora

 
Caixa Pandora
 
Diz-me, porque é que horizonte está tão longe?
Diz-me, porque é que o sol aquece as cores frias?
Espreito um infinito incerto,
Apelo à resposta por magia,
Na companhia das forças da poesia…

Posso ser o vento num dia quente,
Ou uma nuvem escura num dia de sol,
Fui outrora verde rebento,
E agora escuto o sábio cântico do rouxinol,
Oh Voz! Sigo-te como um girassol!

Bebo da nascente do conhecimento,
Retiro dela versos de solidão e companhia,
Não abras a minha caixa te peço,
Podes libertar a agonia.

Furacão dos meus tempos,
Flor rainha do grande Jardim,
Resguarda-te da entrada,
Não deixes que me vejam assim…
Caixa Pandora que vive em mim!
 
Caixa Pandora

Prende-me Liberdade!

 
Prende-me liberdade!
Nas asas da Fénix perdida,
Nos encantos dos florais,
No Amor, na Força da vida!

Prende-me Liberdade!
Eleva-me ao mais alto dos céus,
Coloca-me no extremo de um arco-celeste,
Despe-te dos teus véus.

Prende-me liberdade!
Solta-me na tua magnitude,
Deixa-me mergulhar nas tuas águas,
Afundar na tua Juventude,
E morrer na tua, com a minha virtude!
 
Prende-me Liberdade!

Momentos

 
Na turbulência das tuas águas me perdi,
Na sua calmaria me achei,
Oh Espírito da imensidão que medi!
Da clareza que vi quando os meus olhos fechei.

Ouço o embate nas rochas,
Caminho descalça pelos teus trilhos,
Quando queres dás de beber a quem tem sede,
Outrora tiras o chão aos teus filhos.

Sou amadora na tua sabedoria,
Canto aos ventos o pouco que sei,
Partilho contigo todas as fragrâncias,
Os odores maus que cheirei.

Na tua bola mágica prevejo o meu futuro,
Baço e inquebrável como um rochedo,
Tento contornar essa quimera,
Sigo pelo desconhecido sem medo,
Guardo em mim todos os teus Segredos!
 
Momentos

O Poeta

 
Palavras mudas saem dos seus espíritos,
Inspiradas num portal de sensações,
Com mansidão e turbulência,
É um mar de emoções...

Violentamente arrebatado,
Tenta reproduzir o sentimento,
Desenha as palavras num papel,
Para que quem leia, tenha o mesmo pensamento.

Poeta, lírico ou cantor...
Crê no que diz,
Crê no que sente,
Mas quando escreve, mente!
 
O Poeta

Paralísia do Espírito

 
Não quero saber o que vejo,
Não quero saber o que quero,
Simplesmente sinto e vivo,
A maresia do um céu sincero

Hoje estou mesmo assim,
Numa carência de ti,
Acuso sem estar em mim,
Oh Espírito que eu deflecti.

Agora sou como o mar sem areia para banhar,
Sou como uma águia sem poder voar,
Enraizada na terra,
Que não me deixa avançar.

Mas sei o que sinto,
Sem esse Espírito perdido,
Que não quero, nem vejo,
O que antes era garantido,
Alma penada sem o meu corpo devido…
 
Paralísia do Espírito

Amor fogoso

 
Não posso…
Ser escrava desse sentimento,
Que se diz dono da vida,
Que se diz alegre em quase todo o momento,
Apodera-se de mim,
Invasor do meu coração sem consentimento.

Contenho o meu desejo de te revelar,
Tenho receio, não quero ser percebida,
Escondo-me na minha concha oca,
Espero que passe esta tempestade nociva,
Sou fraca quando por ti sentida.

Repugno-te,
Quando te pretendo.
Nesta loucura do querer e não poder,
Mas vivo-te, acendo-te,
Só para sentir o gosto de perceber,
Do que estou a perder.

Solto as asas da minha fantasia,
Comando-te sentimento,
Que condeno pela minha mágoa e alegria,
Visto a pele do lobo,
Sacio a fome que há muito tempo tinha.

Resguardo-me da tristeza por ti gerada,
Vivendo escondida toda a tua emoção,
Pois desejo-te na vontade de não querer,
Não te anseio apenas por paixão,
Amor fogoso que vivo na minha escuridão.
 
Amor fogoso

Presunção soberba

 
O orgulho e a vaidade, tornam-nos grandes,
Iludem-nos o espaço e o tempo,
Constroem palácios e templos,
Para os que se acham reis e donos da perfeição!
Mas baixemo-nos só um pouco,
Para perceber que neste campo em que vivemos,
Encolhemos nessa situação.
 
Presunção soberba

Morro e nada sinto

 
Com a alma escurecida,
Caminho entre as sombras,
Espero não ser vista,
Escondo-me das pessoas.

Não é dor o que sinto,
Pesam as correntes que puxam,
O que antes era uma planície, tornou-se um abismo,
As flores vivas agora murcham.

Escorre vivo pela fenda,
Aberta que tentei tapar,
Disfarço enquanto segue,
Por um rumo que não tem volta a dar.

Sinto e não sinto,
O gelo que arde, na fortaleza afogada,
As lágrimas escorrem…
A alma está presa, amarrada.

Larguei-me na sarjeta,
Sem amor-próprio, nem piedade,
Agora afundo como uma rocha,
Num mar de liberdade.
 
Morro e nada sinto

Agridoce

 
Ah! Os Perfumes que giram no opaco,
Que colorem toda a imensidão infernal,
Que radiam o vazio, o espaço,
Que trazem os odores do ancestral,
Saboreio-os de forma igual…

O gosto do mel verde,
Do limão açucarado,
Flui pela ribanceira do meu corpo,
Com o seu sabor de amargo agrado.

A alma azeda docemente,
Com os sabores e dissabores da vida,
Bebo rápido o seu elixir,
Para reflorescer a margarida,
Rebelde em mim, vencida!

Como te venero mistério!
Dos espíritos e da vida…
Pois não és agre, nem meloso,
És a medida bastante merecida,
Agridoce da minha certeza movida.
 
Agridoce

Mutações

 
Posso não saber bem o que quero,
Nem que rumo hei-de tomar,
Mas uma coisa tomo como certa,
È de um tempo que estou a precisar,
De ordenar os meus pensamentos, sem neles estares.

Pergunto a todo o momento,
Do que é feito daquele tempo,
Em que abraçava cada segundo como se fosse o último,
Em que havia alegria em toda a brincadeira,
Já não sei viver daquela maneira…

Será que o mundo acinzentou só para mim,
Ou dantes eu o via demasiado colorido?
Serão coisas de mim,
Ou da vida que tenho vivido?
Questiono todo o miserável perdido.

Posso até estar a ser egoísta,
Por não me importar com a energia que de mim deixo trespassar,
Mas quero que se dane,
O que os outros, o mundo esteja a pensar,
Pois não é por eles que estou a mudar.

Há uma vaga de calor humedecido,
Em torno de mim, da alma que me planeia,
Mas como nos climas tropicais,
Vem uma vez uma tempestade
E noutra um clarão que se entremeia.
 
Mutações

Cigarrinha