GRITO
Hoje não quero ser boazinha
doce e apaixonada,nem fazer confissões
não quero escrever o poema perfeito
não quero alimentar desejos e ilusões
Hoje não quero ser melodia
não quero ser alucinação em noite tardia
não quero alimentar insónias
de quem me aprecia
hoje sou o lado avesso do desejo
o lado errante da alma
sou a mão trémula que rabisca no papel
sou coração sem qualquer ensejo
sou a rebelde que solta ao vento seu praguejo
Hoje virei-me do avesso
e sem nenhum apreço
grito ao mundo,que o mundo se foda
o amor,a vida, a paz, não têm preço
acabem a gerra e voltem ao começo !
Bélico
Flores bélicas
Rebentavam em todos os canteiros.
Bellum rufava seus tambores
Nas hostes do meu quarto,
Entoando um hino
Repleto de seqüestro e assassinato.
Súbito, então, comecei
A oferecer flores e balas
Nas escolas,
Nos cinemas e teatros,
Em todas as ruas
E casas,
Em ônibus e trens.
Eram lírios e tomilhos
Furibundos,
Narcotizados
E guerreiros,
Lançados dos rifles
E bombardeiros.
E tudo parecia-me terrível e Belo
Como a lua a estuprar-lhe os amantes
E a despregar-se, como um alien,
Sangrenta, crescente,
De nossos ventres.
Colhi todas essas flores
Ao som de desesperadas cigarras
E de justiceiras espadas.
Cheguei mesmo a cultivá-las e traficá-las
Por toda África e Palestina,
Flores fétidas e clandestinas,
Como um jardineiro
A passar tudo a facão,
Como um padeiro a envenenar o próprio pão.
Era preciso cumprir minha pena,
Seviciar todos
Que me maltrataram sem pena
E me entregaram aos chacais e hienas.
Hoje não cultivo mais.
Estou em paz.
Bato ponto,
Leio a bíblia
E entrego o protocolo
A mães que carregam no colo
Filhos e pais
De futuras chacinas.
FALEI COM A SAUDADE
Estive a falar com a saudade e como triste fiquei.
Ela me falou de tanta coisa às quais já não pensava
Falou-me da minha mocidade e eu não me admirei
Dos meus tempos de menino que no jardim brincava.
Das bichas para o carvão, para o petróleo e para o pão.
Era tempo de guerra vivíamos com o racionamento.
A lamparina a óleo que pouco iluminava na escuridão
E os meus deveres escolares feitos com sofrimento.
Contou-me que me viu sofrer como as outras crianças
Que elas como eu também não tiveram mocidade
Acabada a escola era o trabalho que sem esperança
Nos escravizava que nos cansava, todos de tenra idade.
As brincadeiras eram poucas o tempo escasseava
E o pouco que recebíamos era esmola para o pão,
Era pouco mas para viver sempre um pouco ajudava
Quarenta e oito horas de trabalho e um domingo de distracção.
Era assim a vida me disse a saudade. mas mesmo assim
Hoje pensando bem a dificuldade fez de mim um homem
Nos tempos que correm vive-se melhor, é melhor assim
Mas é pena que a mocidade hoje,muito mal a consomem.
A. da fonseca
Limitações
Limitações
Agora vou responder a quem perguntou
Se eu sei resolver os problemas alheios
Se eu tivesse a solução e achasse meios
Resolveria tudo o que já me prejudicou
Se nem Deus que é um ser Onipotente
Consegue fazer se viver bem na terra
E acabar com toda a fome e a guerra
Imagine eu que sou tão incompetente
No mundo não existe ninguém perfeito
Todos falham de um ou de outro jeito
E não dá para se fazer nenhum milagre
O que podemos fazer é tentar ajudar
Manter a amizade e ódio não guardar
E nunca ser "ensaboado" como bagre.
jmd/Maringá, 16.03.20
Quanto tempo já passou?
QUANTO TEMPO JÁ PASSOU?
Sussuravam folhas secas caídas
Pelo chão aos montes douradas
Eram lágrimas dos olhos saídas
Palavras murmuradas.
Quanto tempo já passou?
Havia por perto um loureiro
Tempo de guerra que à aldeia chegou.
Havia fome e pouco dinheiro.
Mas esse tempo já lá vai!?
Dele mesmo não lembro eu
Mas me contava meu pai
Do muito que padeceu.
Quanto tempo já passou?
Tempo agora tão diferente
Mas, ninguém está livre, eu não estou!?
De enfrentar guerra novamente.
É que a paz está apodrecida
A guerra no mundo não acabou
Entra-nos em casa.Como pode ser esquecida?
Quanto tempo já passou!
É longe, se agridem e matam por lá
A todo o dia a toda a hora
Que importa se não é cá?
Mas vejo gente que sofre e chora.
Notícias não quero ouvir
O coração pede que não
Esmaga-se-me o peito de se afligir
Por ver tanta maldade e agressão.
Mas é verdade, deveis sabê-lo!?
Meu pensamento é meu inimigo
Quem me dera adormecê-lo
Ao acordar encontrar um mundo amigo.
Quem ainda consegue dormir?
Com meio mundo em confusão?
Quem pode cantar, sorrir?
Nestes tempos de escuridão?
rosafogo
Este poema foi escrito no ínicio da guerra no
Iraque, guerra que era transmitida em directo
pela televisão.
Mas a guerra continua, parece não ter mais fim,
o ódio persiste em ter mais força que o amor.
Eu nasci em 1943, mesmo no tempo da II Grande Guerra Mundial.
UM HINO À FELICIDADE
UM HINO À FELICIDADE
Amigos!
Vós que tendes uma consciência
Denunciai aqueles que não a têm.
Revoltai-vos contra esta sociedade imunda
Que o planeta inunda
Com guerras, fome, miséria.
Há os que alimentam as guerras
E outros que se alimentam de terra.
Para quando ou em que século
O povo viverá feliz sem sangue derramado,
Sem a tristeza no rosto estampada,
Com terra para cultivar,
Os alimentos e assim deixar
De comer terra para viver,
Ver os meninos a crescer
Rindo, saltando, cantando
Um hino à felicidade
Ao amor e à liberdade.
A. da fonseca
O comboio da morte na Ucrânia
É assustador o que nossos olhos veem
No século XXI
A barbárie do ser humano
O domínio e extermínio
Por causa de quê?
Esse comboio que marcha contra Kiev
Não leva consigo educação,
Saúde ou paz;
Leva, no entanto, destruição e morte.
Oramos pela paz no mundo
Clamamos pelo respeito
Ninguém pode invadir ninguém assim.
Abaixo aos ideais expansionistas
Seja de quem for
Colonialismo nunca mais!
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
www.odairpoetacacerense.blogspot.com
Tibete
Caem lágrimas,
Derramando esperanças.
Param-se corações,
Aniquilam-se multidões.
Gritos de medo, de sofrimento,
Constantemente se ouvem pelo ar,
Chegou mais um exercito de fuzilamento,
E mais vidas preparam-se para roubar.
A bala manda à condição,
Calam-se vozes da revolta,
A chacina parece a solução,
A uma paz que não tem volta.
delatando
188 pétalas ensombradas
Casa de guerra
Província destapada
Foguetes entupindo o ouvido
A garganta borbulhando
Saliva sem sentido
E no presumível termo
Tremo em contorno
Repolho à esquerda
Firmamento de vigias
Ensurdecedoras
Fúrias fibras
Grilos
Leiam mais em http://poeta-perdido.blogspot.com
GUERRA E PAZ -
Guerra e Paz
Elen de Moraes Kochman
Um dia nós germinamos
duma mesma sementeira
e dela nós nos tornamos
ramificação cabal,
força, raiz axial
da videira verdadeira;
também caulificação,
-a galhaça- parte inteira
pra partilha da fração.
Temos o mesmo cariz,
prerrogativa arbitral
para fazermos o bem
ou escolhermos o mal,
e decidir de que lado
vamos ficar e com quem...
Por que escolher a guerra,
essa luta indecente
que assassina e sacrifica
o nosso irmão inocente?
Que mata por ideal,
que mata em nome de Deus,
que mata em seu próprio nome?
Se pra alguns, fazer a guerra
é motivo pra ter Paz,
desprezível é o homem
que no ódio se compraz!
Animal recalcitrante
que vive sem dedicar
amor ao seu semelhante,
Semente que foi plantada
pela mão do Criador,
o mesmo Deus e Senhor.
Não adiantam armistícios
se dentro de cada um
a guerra não for sanada,
nem tampouco artifícios
por essa paz ansiada,
se começa em nossos lares,
da guerra, as preliminares!
É tão triste e dilacera
ver criança explodida
por um míssil governado,
quanto ver um inocente
pelas ruas da cidade,
da violência, nos braços.
Também, ser assassinado,
por uma bala perdida,
pela droga consumida
que contamina seu corpo,
que transforma os seus órgãos
em descartáveis pedaços!
Maldito homem tenaz,
guerreando "em nome de Deus"!
Bendito homem da paz,
que acolhe "inimigos" seus!
Meu blogspot:
http://elendemoraes.blogspot.com.br/2 ... en-de-moraes-kochman.html