Amor Roubado
Aproximou-se de mansinho,
Lenta e suavemente,
Muito devagarinho
Escondido pela sombra de um sorriso.
Sem sequer saber
Assaltou o coração
Que nunca devia de lhe pertencer.
Saqueou e apunhalou tudo o que no ego lhe cabia.
Magoou de maneiras que não sabia ser capaz de magoar,
Mesmo sem saber o que fazia.
Lágrimas derramadas,
Escorriam-lhe pelo rosto.
Confuso, elaborava perguntas simples
Cujas respostas certas eram tão complexas
Que não queria respostas vagas.
O amor era-lhe negado.
Todo o sentimento fora brutalmente roubado
Numa batalha sem fim,
Onde os vencedores se dão por vencidos
E o brilho dos seus olhos…
Esse para sempre desvanecido.
Doce Ruptura
Olhas para mim.
Um ar gélido paira no ar
Incendiando todos os sentimentos que por ti nutria
Restando apenas a indiferença.
Juntas letras que formam palavras coerentes
E conjuga-las entre si originando frases sem nexo
Que não estou disposta a ouvir.
Silêncio mórbido aquele que se faz sentir…
Não digo nada.
Falo por sinais
Que tu pareces não compreender.
Ou talvez prefiras continuar a fingir não perceber.
As labaredas dos olhares outrora trocados,
Transformam-se em gelo maciço.
Um pouco de ti perdeu-se entre o movimento parado
E pensas ter-te comigo levado
Quando ao longe te vejo a seres iluminado por sombras
Da solidão.
Depois de tudo aquilo por que passei,
Viro-te as costas, sigo caminho
E deixo-te ficar nessa doce ilusão
Da qual não queres acordar.
Castigo-te da pior maneira que podias ser castigado,
Deixando-te a flutuar em memórias
Que erradamente pensas
Comigo partilhar.
Mediocre palavra, desistir
Pensas não poder,
Não ser capaz de ir mais além.
Fraquejas,
Desistes perante o mundo.
Pior.
Desistes perante ti mesmo.
Deixas de acreditar que podes alcançar
Aquele lugar onde as estrelas sobressaem do céu negro
Imperando-se diante das maiores forças da natureza
Sem medo, sem desfalecerem
Brilhando intensamente para todo o universo
Ser capaz de as vislumbrar.
Gostavas de ter essa força
Porém, pensas em palavras tão medíocres
Como desistir.
Mas como por magia,
Uma luz volta a incidir no teu caminho
Guiando-te por locais que nunca pensaste seres capaz de visitar,
Mostrando-te forças desconhecidas que residiam escondidas dentro de ti, mortificadas por emergirem desse lugar obscuro.
As tuas dúvidas definham-se dando a lugar a certezas.
Nasce um poder tão grande dentro de ti,
Que se torna indestrutível
E de repente todo mundo torna-se novo e por descobrir
Como se renascesses e visses todas as maravilhas á tua volta pela primeira vez,
Dando valor a cada segundo precioso e a cada raio de sol que clareia toda esta grande dádiva que é a vida.
De que serve viveres se não aprenderes a viver, com os teus próprios erros?
Hoje, vês-te capaz de perseguir qualquer sonho
Independentemente de qualquer que seja a montanha que tenhas que escalar e de quem quer que tenhas de enfrentar
Porque, finalmente tens consciência do quão imenso é o poder da tua mente,
Do teu querer,
Que pode resistir á sua maior inimiga…
A incapacidade de lutar,
O desistir.
Sussurro
Som de rebentação das ondas
que mergulha profusamente na alma do ser,
pintando, inocuamente, todas as cores
sem permissão para tal indagar.
Pergunto-me quem brilha assim tal qual raio de sol
que refracta pelos vidros estilhaçados
reflexos paradoxais de novos mundos esvoaçantes.
Brisa suave de noite de lua cheia
envolvente de luz em sabor místico,
escondendo na verdade,
toda a ilusão de encantamento.
Perfeição de simetria
induzida pela ironia do destino
e , neste permanecerá envolta
até que ventos longínquos sussurrem
palavras celestiais adornadas de revelação.
Palavras impossíveis
Procuras palavras
Que exprimam significados vazios.
Tentas abraçá-las.
Fingindo ânimo leve,
danças ao sabor do vento.
Esforço escusado.
Tentas traduzir vocábulos
Que neguem sentimentos existentes
Tais palavras nunca conseguirás pronunciar
Mas nem isso move tua ínfima vontade
De vencer tuas sombras.
Puxas pela imaginação
Inventas cores obscuras
Pintas o mundo á tua imagem
Idealizas sonhos
Mas vives pesadelos.
Uma réstia de esperança reside em ti,
Partes assim em busca das tais palavras
Palavras que te sabes incapaz de dizer.
Cicatriz
Qual o propósito da vida?
O que andamos por este mundo a fazer, se tudo aquilo pelo que lutamos não passa de um suspiro fugaz à escala do Universo?
De que valem as lágrimas, as desistências e as esperanças?
De que vale o medo, se um dia se dissipa ou a coragem se é finita?
Sendo a vida um paradoxo inexplicável (ou de explicação tão simples que se torna inacessível à compreensão Humana) de emoções, para quê tentar sequer defini-la?
A verdade é que passamos o nosso tempo a perseguir sonhos, sonhos que moem, sonhos que matam, sonhos que tomam as rédeas do auto discernimento e nos fazem perder qualquer sentido ou razão.
Sonhos que choram, sonhos que nos certificam de que estamos vivos, sonhos…
Mesmo que alcancemos um, não tardará a que outro tome o seu lugar fazendo com que voltemos à estaca zero.
Vivemos para superar. Superar outrem. Superarmo-nos a nós próprios.
A vida resume-se à conquista de sonhos.
Ou lutas, ou assistes passivamente à luta de outros que contrariamente a ti, têm a coragem de ir à guerra.
Sendo assim, e mesmo apesar da ironia paradoxal que é a vida, uma vez que existes vale a pena viver de forma completa, mesmo que por vezes pareça não valer o esforço.
Mas é assim que o mundo funciona e baseia-se numa luta constante pelo alcançar do impossível de hoje, esperando que se torne a realidade de amanhã.
A vida é uma luta e, ironicamente, nem sempre te sentes como um lutador, pois nem sabes como lutar ou se é que o podes deixar de fazer de forma intencional.
Confuso? É na verdade bastante simples.
Vives, sonhas, lutas, ganhas algumas vezes, perdes muitas, cais três vezes, levantas-te quatro e continuas a busca infindável do sentido da vida, pois quanto mais afastado estás, mais perto te sentes sem nunca te esqueceres que as cicatrizes que ficam da batalha não te caracterizam como perdedor mas sim como lutador.