Eu Queria Ser Feliz
Eu queria ser feliz
Carregar um riso medonho
Brindar, como quem diz
Com ginjinha ou medronho
Sentir a vida crepitante
Engenhosa, mas mão certa
Tornar alegre e levitante
O dia a quem em redor desperta
Soltar vocábulo quente
Capaz de afagar o soluço
Réplica de Mãe, o ventre
Pelo menos seu peito quente
Ser feliz não é um arrufo
É mesmo um desejo ardente
Shhhh … É ENTRE UM homem E UMA MULHER
Vejo-te (/beijo-te) e não sou eu
E mesmo assim beijo-te (/vejo-te)
Merda!
Shhhh … …
Não vás por aí
Ordinário! Caminho que renego
Perdoo-te
Como quando foste sanguinário
Lembras-te?
Quando te apossaste do meu ‘Superego’
Fronteira antes sonegada
Por filigrana inviolada
Não há dúvida
Preparaste bem o trilho de outras
Que haverias de descobrir em mim
Melhor assim
Do que andares por aí “feito nim”
D’escafandro ou camaleão
Coração pardo do rateio
Astuta
Nunca te omitiste da labuta
Sempre manobraste a geografia dos teus lugares
Para que
Por entre cefaleias oníricas transpiradas
Fosses tu qu’eu visse ao chegares
Vem
Repousa em mim
A dislexia da tua retina
Ai, con(-)dor
Sim
Mas o sémen com que mitigas
A tua bicada de necrotério
- Em mais esta que p’ra ti se pariu
Não te aflijas!, é obra do teu magistério
Shhhh, usufrui
Não me dês palavras fatigadas,
Prefiro o silêncio
Shhhh, eu vejo-te, e sim, sou eu
E beijo-te.
Sublimação
Morte, passagem universal
P’ra outra dimensão
Real, irreal
Porquê a preocupação?
Pode ser libertação
Purga nobre, celestial
Etérea renovação
Do cordão umbilical
Seria Mais Fácil?
Ser o poeta da alegria
Submeter a noite ao dia
-Sem truques, ilusoes ou magia
Eu queria
Ser a energia que contagia
D'emocao a pele arrepia
O coracao adere a cortesia
Tudo na mais sincera folia
Sem devaneios de alegoria.
Mas
Uma ilusao e uma ilusao
Em sonhos vale, na vida nao
Como o relampago sucede ao trovao
Nao e imaginario, elucubracao
Estremece-nos, prende-nos ao chao
Buscando uns etereo alcapao
Outros enfrentam, mudam de direccao
Com ambas ou uma so mao!
Ainda assim
Acredito no advento
(Da)Esperanca como sustento
Cafeina, morfina, fermento
Dos espacos, firmamento
Quem sabe
Dando sentido ao sofrimento
Daquele Outro que do alto, ao vento
Exprimiu como unico lamento
A nossa falta de atingimento!
Francisco Correia
Penso ... Falo
Penso, na brancura de altas montanhas
Pureza apetecivel
Frescura, saliva das entranhas
Inatingivel
Vejo, Condor
Para ele, trivial
Planar sobre aquele esplendor
Distinto, de um submundo bem mais animal!
Falo, de ti humana criatura
Da forma que herdaste e reverteste
Caricatura
Perdeste
Qual Sisifo condenado
Qual historia,
Dos teus facies estas agrilhoado
Vil memoria
Desespero sem boca
Isso, recua, ate aos confins da tua toca!
Penso num cao
Falo dum leao
Penso num gato
Falo dum macaco
Penso num macaco
Falo dum velhaco
Penso num lobo
Falo dum homem sem probo
Penso numa cobra
Falo de rasteira, manobra
Chega!
Pensamentos e palavras em dissonancia cognitiva
Onda, revolta, cosmica, ostensiva
Quisera ser esforcada tocha, acendalha
E dificil por entre a bruma da cinza da borralha.
De Passagem
Depois de chegar espero
Partir para outro lugar
Caminho de pedras severo
Quisera, mas não posso optar
Poiso, estação, oriente
Porta giratória de gente
Estará toda ela consciente
Que o dia de hoje é o presente?
Em precipitação ordenada
Ou calcanhares em delírio
Que embuste, confusão
A esperança ficou apeada
O futuro feito martírio
Voltar ao ventre a solução
LÍNGUA
Malabarismo biológico
Capaz do melhor
E do pior
Instrumento de prazer
Passado
Presente
Actual
Às vezes fria
- eslava
Outras … suave mel!
Desliza
Corpos errantes
Vocábulos desamparados
Atenção distraída
Em voo rasante;
O palato comprime-se
Numa vaga-recusa
Saliva
Onda profusa
De grunhidos abandonados à sua sorte.
A noite desliza, lá fora
Silêncio perplexo
Sílabas tónicas de outrora
Assomam à janela
Elodem a lama
Cristalizada
Pelas sombras húmidas
Lombas caminhantes
Trazem no seu dorso
Relatos
De alegres tertúlias
Até ao raiar da aurora
Retratos
Conseguidos
Sujeito-Predicado-Complemento
Resgatados
Ostentação?
Persistência?
Sei lá!
Está lá?!
Quem és tu? – para saber o meu nome marque 1, endereço, marque 2, …
Enfim, …
Improvável trama!
Consternação para uns
Desconcerto para outros
Tatuagem tribal
Em versão pack
Prozac sub-lingual
Triunfaremos
Com sorte
Retomaremos o rumo
A-prumo
A-polo … Norte!
TRAIDOR (é o que sou)
[Traí (e traio) a minha mulher]
Arranjei uma concubina
Travestida de douta gueixa
Pro bono da minha Fénix renascida
Não é, assim, uma qualquer
É a Poesia, ‘coisa’ fina.
E entumescido este Luso
Quand il arrive à la Poèmes
Vê que por quem se arrolou
De tantos é Musa e Ninfa
Que por momentos pensa confuso
Je me saisit de ‘La Bohême’!
E, permiti a confidência
Talvez até desabafo
Depois de reunido o oráculo
Ao redor do círculo quadrado
Como plateia vossa audiência
Cativa ao processo, agrafo:
Antes ser corno da ilusão
Do que marquês da obrigação!
VIVA A POESIA