Suga-me a alma,
trinca-me as entranhas
no abismo da minha noite sem fim.
Esvaziada
Morde-me,
morde-me para que desperte na fúria do galope
dos cascos ruidosos de um navio que parte.
Esventra-me de mim
e dos monstros coalhados que me habitam
no rumor tremeluzente do piar de pássaros aluados.
Corvos marinhos,
assassinos, algozes de sonhos e de sonos.
Mastiga-me devagar,
lentamente, lentamente,
na saliva de um mar arrepiado
no fascínio e na procura de asas relampejadas
em esquizofrénicas bordaduras meninas
nas águas crespas da mais nefasta loucura.
Suga-me a alma
na linfa deslizante da palavra.
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