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Suga-me a alma

 
Suga-me a alma,
trinca-me as entranhas
no abismo da minha noite sem fim.

Esvaziada

Morde-me,
morde-me para que desperte na fúria do galope
dos cascos ruidosos de um navio que parte.

Esventra-me de mim
e dos monstros coalhados que me habitam
no rumor tremeluzente do piar de pássaros aluados.

Corvos marinhos,
assassinos, algozes de sonhos e de sonos.

Mastiga-me devagar,
lentamente, lentamente,
na saliva de um mar arrepiado
no fascínio e na procura de asas relampejadas
em esquizofrénicas bordaduras meninas
nas águas crespas da mais nefasta loucura.

Suga-me a alma
na linfa deslizante da palavra.


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Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 26/06/2007 15:29  Atualizado: 26/06/2007 15:29
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Usuário desde: 04/10/2006
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Mensagens: 4098
 Re: Suga-me a alma
Querida Mel, gostei do poema, desse sugar e mastigar de almas...

Beijinhos