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a loucura disseminada às veias

 


Correu. Ora parado, ora a andar, ou a conduzir. Ora a ler, ora a arrumar, ou a escrever. Ora fora, ora dentro, ou então à linha imaginária que divide o que é dentro e fora, como se isso fosse um lugar possível. À noite tudo é possível, daí o impossível poder ter lugar, daí ser necessário as mãos e uma folha em branco.

Saiu. Fora expelido ao oxigénio que ia sendo ora inspirado, ora expirado, mesmo sem suar. A palavra transpirou inodora, mas com paladar, não se sabe se acre ou doce, talvez agridoce. Mas também que se foda o sabor.

As reticências são o vazio a que as palavras se alimentam. Carne fresca a ser devorada pelos dedos numa batalha sem cessar, como gladiador até à morte.

Não me falem em jejum! Eu quero a carne e o corpo, a carne no corpo, da pele aos ossos, o insane desejo de pecar à comunhão dos corpos.



 
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Moreno
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Enviado por Tópico
Caopoeta
Publicado: 02/04/2010 13:46  Atualizado: 02/04/2010 13:46
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 Re: a loucura disseminada às veias
" dá-lhe fortinho...dá-lhe fortinho"


Enviado por Tópico
AnaMartins
Publicado: 05/04/2010 18:24  Atualizado: 05/04/2010 18:24
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 Re: a loucura disseminada às veias
Excelente! Basta um adjectivo, e crescento a tal interjeição: DASS!

Beijo