Como cata-vento, vivo em estado de alerta
basta o uivo dum lamento e tudo em mim desperta…
Colho ventos, tempestades que aprendi a adivinhar…
Se sinto a brisa forte, dum vento que sopra de norte,é porque algo está para chegar.
Mas eu aguento, sou cata-vento…
Leio o sinal do monte, o círculo da lua
a linha do horizonte, toda a verdade, nua…crua.
Já tremi de frio, dei poiso a ave ferida
escutei o seu cantar que mais parece lamentar
a má sorte da vida.
Tudo isto já fiz…
Mas às vezes sou tão feliz por escutar cada lamento,
que meus braços escapam por um triz
a tanta força do vento…
Quando amaina a tempestade há um misto de alegria que se entrelaça na saudade.
Que o vento volte a uivar num qualquer dia cinzento,
faz-me bem o seu queixar…
Afinal, sou cata-vento…