Textos : 

a morte de quem morre às mãos de uma morte viva

 


não tirem o vento às gaivotas - sampaio rego sou eu


a morte é sempre uma porta de recurso para os desesperados – sinto muitas vezes que não a tenho como inimiga. pelo contrário. muitas vezes é esta que tráz novamente para dentro de mim uma vida que custa a suportar – agrilhoar a morte e descer nas suas crenças é a única atitude de alívio. excogitar o seu interior é perceber o caos que existe no exterior. posso então rir das bestas que pensam que parti acorrentado num palavrão de um qualquer portuga – saio muitas vezes fodido. encaralhado. “putizado” e tudo terminado em “filhos de uma putana” mas é neste horror colorido que me penduro nas mortes que encontro dentro de mim – todos os dias encontro um pedaço de mim sem vida. mas sempre que tenho necessidade desse pedaço morto faço-o renascer às garras da besta que me devorou a vontade de viver – arrependido vivo todos os dias. arrependo-me das mãos mortas e fico sem saber se morreram por opção ou foram assassinadas pela dor que nasceu para sempre dentro de mim – mesmo assim é nestas que deposito a esperança para descrever as mortes que todos os dias experiencio – as mortes também renascem dentro de mim. em dias de sol negro. sobrevivem como os insectos. às vezes em menos de um dia. partem para mais tarde parir outras mortes. sempre diferentes. sempre iguais. como todas as coisas diferentes deste mundo – eu também me sinto diferente.
 
Autor
sampaiorego
 
Texto
Data
Leituras
1387
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
20 pontos
20
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Valdevinoxis
Publicado: 10/05/2010 22:51  Atualizado: 10/05/2010 22:51
Administrador
Usuário desde: 27/10/2006
Localidade: Aguiar, Viana do Alentejo
Mensagens: 2097
 Re: a morte de quem morre às mãos de uma morte viva
A morte não "é sempre uma porta de recurso para os desesperados". Se o fosse não seria tema do texto mas sim o próprio.
Muito interessante este preâmbulo (ou quase) sobre uma temática mais do que "metralhada" nas páginas dos sítios de escrita e leitura.
O título poder-nos-ia fazer temer por uma dominância exagerada de um certo fatalismo mas o autor desenrola o monólogo com uma fluidez vivaz, nunca deixando cair o contexto no tema.
Gostei.
Um senão para "muitas vezes é esta que trás novamente para dentro de mim" que, sendo uma forma do verbo "trazer"... (mais não digo)

Valdevinoxis


Enviado por Tópico
Joel Pereira de Sá
Publicado: 10/05/2010 23:11  Atualizado: 10/05/2010 23:11
Muito Participativo
Usuário desde: 02/11/2007
Localidade: São Paulo
Mensagens: 59
 Re: a morte de quem morre às mãos de uma morte viva
Ah, issso é verdade: morremos em vida a cada desventura. A morte viva é pior que a morte morta.
Abraços.


Enviado por Tópico
Margarete
Publicado: 11/05/2010 09:46  Atualizado: 11/05/2010 09:46
Colaborador
Usuário desde: 10/02/2007
Localidade: braga.
Mensagens: 1199
 a morte de quem morre ao sampaio(r)ego
logo hoje que ando assim turva e a imaginação me falha. havias de morrer. logo hoje. não sei por que dizer que estou assim turva, se encontrar um lugar diferente para ficar, não sei porque chorar os teus silêncios, quando os há, ou quando dentro de mim construo um sítio arvoredo onde morrer natureza. nem sempre a diferença chega a minha porta mas estás no bom caminho para um dia destes me entrares porta adentro como defunto. havemos de morrer os dois.

um beijo,
margarete














Enviado por Tópico
maquiavel
Publicado: 11/05/2010 12:19  Atualizado: 11/05/2010 12:19
Muito Participativo
Usuário desde: 11/05/2010
Localidade:
Mensagens: 69
 Re: a morte de quem morre às mãos de uma morte viva
Rego é concerteza sugestivo. Não me admiram nada estes textos portanto. Tenho caimbras nos neurónios.

rsrsrsrsrsrs