2 coelhos
olharam para o céu
e viram nas estrelas
a sua toca
O NADA É ETERNO
O NADA É ETERNO
Anoitece
as sombras vestem as casas
o sonho envolve os amantes
os pássaros dormitam
parou a eternidade.
Poesiadeneno
Sobre o Nada
Sobre o Nada
by Betha Mendonça
O nada é tudo o que enche um vazio abissal. É a pausa na frase para tentar argumentar o que não tem argumento. O silencio engolido pela vontade de gritar. Um pensamento que se perde antes de ser entendido. O fechar de olhos que boia no escuro para se esconder da luz.
O nada é mão aberta que não acalenta, acaricia nem faz cafuné. Um coração parado. Um beijo frio – não trocado – dado como obrigação e não por desejo. É o arrepio que brota do medo e não do amor.
A semente que não germina. A chuva presa nas nuvens. O lado escuro da lua que tem vergonha do sol. É a falta de ar em movimento que não faz o vento.
O nada é um balão sem ar ou gás, seco e inútil. O bater de asas por fuga e não pelo prazer de voar. É o oco dentro da mente e da gente, que dizem ser alma, quando não está lá...
Antes pouco que nada
Antes pouco que nada
Quem tem pouco não se olha com desdém
E nem se ria do seu infortuno momento
Mesmo que tenha algum mau pensamento
A chuva cai hoje e amanhã o sol já vem
Queira só o necessário pro seu sustento
Jamais se demostre um coitado indefeso
Quem parte não leva da riqueza o peso
Deixa tudo nos bancos e no testamento
Se tiver pouco conserve com muito zelo
Pois derramou suores para poder obtê-lo
Pois o pouco às vezes tem grande valia
Alguém sofre na rua o frio da madrugada
Pois o pouco é muito melhor que o nada
O mais valioso é ter boa saúde e alegria.
jmd/Maringá, 04.01.16
Credulidade
A raiva penetra bem fundo, nos olhos marejados e adocicados da credulidade. Ergo a taça vazia e
sorvo pequenos goles de nada, que me retalha o corpo queimado pelo sol escorregadio de Outubro.
Sinto o nada esguichar em silêncios lívidos, cobertos de heras macias e abandonadas no cemitério dos despojos de alguém
Há sempre um alguém, que se alimenta das farpas dissimuladas espelhadas por ai.
Contemplo no espelho caduco, o rosto daqueles que ainda acreditam, estão desanimados enfraquecidos pela evaporação das energias dispersas desorganizadas, sem pólos de ligação,
O tempo perde-se cansado de conceder o tempo requerido para corrigir a deterioração do todo.
O tu…. distancia-se desta amalgama de conjecturas proporcionais ao desejo dos eternos otários como eu.
E muitos nadas sem lógica, permanecem por ai.
Escrito a 28/09/09
Ser ou não ser
Quero ser maior que o maior
Menor que o menor
Melhor que o melhor
Pior que o pior
Quero ser mais que mais
Ser menos que menos
Quero me anular
Ao tocar os extremos
E ao não ser nada
Quero tudo ser
Quero não caber
Por um mundo conter
Quero não conter
Para caber no mundo
Sem palato ou tacto
Cego, surdo e mudo
Serei nada, tudo, nada
Serei tudo, nada ,tudo
ECO-SISTEMA SEM ECO...
E rir!!!
Rir muito...quá, quá, qua...
Encher a boca de nada e gritar de dentro
uma risada
sonora.
pois só nos resta rir....
Por não pensar,
apenas por um instante
no que passa por dentro dos
carros e becos
neste burburinho humano,
que tipo de rato vive no cano
ou que tipo de teia a aranha mora
alienada
do nada que é isto tudo
que está imersa
do nada que se constitui
o todo caótico
e psicótico.
Sem neurolépitco
nem químico
ou estético
resolva essa dissociação
do mundo
e da sociedade.
Essa máquina moedora
de sonhos, corpos e almas.
Onde todos se ligam nesta
teia.
Todos soros da mesma veia.
Um come,
o outro é comido,
um fode,
o outro...
Fodido!
Um Grão de Loucura
Um grão de areia não tem cor,
não tem cheiro, não tem sabor
pode ser chutado, pisoteado,
esmagado, não sente dor...
Um grão de areia é essência do
deserto sem vida. O lar do escorpião
E da cobra que serpenteia, como se
a vida, fosse eterno verão
Um grão de areia moldado pelo vento,
forma as dunas de curvas sinuosas
que te fascinam. Tem a cor do ouro,
na despedida das tardes que terminam
Um grão de areia forma a praia onde
descansas. De onde se avista o mar,
e a beleza da onda que dança
Um grão de areia aquecido, forma o
vidro que faz teus óculos, tua lupa,
teu telescópio. Misturado à prata
bendita, faz o espelho onde te fitas
Um grão de areia aquecido, faz a garrafa
de teu vinho do Porto. Faz também, o
pequenino frasco onde guardas o teu
teu perfume. Ou o veneno, que te faz morto
Um grão de areia junta-se ao barro que os
teus pés suja, ou ao cimento que o sobrepuja,
e faz a casa que te abriga. O lar, para tua vida
Faz a cela que te castiga, faz o templo onde a
teu Deus você grita, mas que às vezes te é surdo
Pois você, também nem sempre nele acredita
Um grão de areia cai na ostra e se transforma
em pérola. Ou cai no teu olho e reclamas: Que
diabo! Que grão do Inferno!
Um grão de areia é assim. Pequenino e sem vida
Pode ser tudo, e pode ser nada. Pode ser até, fique
a vontade, o mote do teu poema na madrugada.
Rudá
O nada que me cerca
O “nada” que me cerca e não tem fim
Sustenta enfim ativo meus sentidos;
atrai-me, inexorável, ao limiar do infinito
e confirma, da razão que me aprisiona,
a verdade que “sou” pra ele e ele pra mim.
Do que vejo existe pois o olhar;
Do que cheiro só o cheirar existe...
Assim com o tato, paladar e audição.
Nada possuo, e é verdade que não resiste;
- a vida vivida no corpo é como ilusão.
Aqui onde todo me encontro ser,
ser sou se sou do olhar um ser cativo,
se a imagem que me vê pra me conter
inclui-me impresso nas retinas d’um amigo,
Confirmando-me na ilusão que é viver.
Nada
Nada
Vim do nada, vou para o nada
Este nada, que é meu inerte vazio!
Sigo o caminho, vou até ao fim da estrada
Deixo aqui meu olhar de aço frio.
Deixo também uma viva saudade
Do nada que me aconteceu!
Na alma levo a ansiedade
Do vazio que a Vida me deu
A lembrança de nada lembrar
Do nada que acabei de viver
Na memória de quem?!Quem vai recordar?
Se nada fui e nada vou ser?!
Minha poesia talvez floresça como jardim
Será talvez um canto de despedida
Agora que já me abandono a mim
E a mim me abandona a Vida.
rosafogo