Textos : 

O lápis, a borracha e o azul

 
Quis a cultura, em tempo incerto, criar um personagem como um sujeito de barbas longas que apenas tinha em seu poder o pensamento e um lápis.
O sujeito como a mão esquerda acariciava as suas longas barbas para erigir o pensamento que o faria escrever de imediato com a outra mão. A direita.
Mas a cultura não estava só. Existia uma deusa, áurea e bem encorpada, que esfregava o seu corpo aos escritos do sujeito e com esse acto apagava qualquer texto. Uns diziam sexo, outros mais velhos que já não pensavam nisso, diziam liberdade de criar ou expressar esse amor mundano.
O barbas nunca gostou desse amor. A cultura nunca amou o barbas e o azul ficou prisioneiro na bandeira até todos morrerem.
A memória, a bebé de outrora é hoje um velhote abandonado com muitas histórias para contar, mas não há quem o queira ouvir.

(Agora a caneta, o corrector e o vermelho são personagens de um tempo moderno)


Eduardo Montepuez
http://montepuez.blogs.sapo.pt/

O meu último livro:

"O Espírito Tuga" - LUA DE MARFIM (2011)


 
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EMontepuez
 
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Enviado por Tópico
Vera Sousa Silva
Publicado: 20/08/2010 00:42  Atualizado: 20/08/2010 00:42
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 Re: O lápis, a borracha e o azul
Muito bom Eduardo. Gostei muito deste teu texto, com muitas reflexões sobre a Liberdade e a Palavra.

Beijo