Poemas -> Dedicatória : 

A Terra (Gabriela Mistral)

 
Indiozinho, se estás cansado

Tu te recostas sobre a Terra,

fazes igual se estás alegre,

vai, filho meu, brinca com ela...


Que de coisas maravilhosas

soa o tambor índio da Terra:

se ouve o fogo que sobe e desce

buscando o céu, e não sossega.

Roda e roda, se ouvem os rios

em cascatas que não se contam.

Se ouve mugir os animais;

comer o machado a selva.

Ouve-se soar teares índios.

Se ouvem trilhos e se ouvem festas.


Aonde o índio está chamando,

o tambor índio lhe contesta,

e tange perto e tange longe,

como o que foge e que regressa...


Tudo toma, tudo carrega

o corpo sagrado da Terra:

o que caminha, o que adormece,

o que se diverte e o que pena;

os vivos e também os mortos

leva o tambor índio da Terra.


Quando eu morrer, não chores, filho:

peito a peito junta-te a ela

e se dominas o teu fôlego

como quem tudo ou nada seja,

tu ouvirás subir seu braço

que me jungia e que me entrega

e a mãe que estava quebrantada

tu a verás tornar inteira.


LA TIERRA (poema original)


Niño indio, si estás cansado,

tú te acuestas sobre la Tierra,

y lo mismo si estás alegre,

hijo mío, juega con ella...


Se oyen cosas maravillosas

al tambor indio de la Tierra:

se oye el fuego que sube y baja

buscando el cielo, y no sosiega.

Rueda y rueda, se oyen los ríos

en cascadas que no se cuentan.

Se oye mugir los animales;

se oye el hacha comer la selva.

Se oyen sonar telares indios.

Se oyen trillas, se oyen fiestas.


Donde el indio lo está llamando,

el tambor indio le contesta,

y tañe cerca y tañe lejos,

como el que huye y que regresa...


Todo lo toma, todo lo carga

el lomo santo de la Tierra:

lo que camina, lo que duerme,

lo que retoza y lo que pena;

y lleva vivos y muertos

el tambor indio de la Tierra.


Cuando muera, no llores, hijo:

pecho a pecho ponte con ella

y si sujetas los alientos

como que todo o nada fueras,

tú escucharás subir su brazo

que me tenía y que me entrega

a la madre que estaba rota

tú la verás volver entera.


Gabriela Mistral, poetisa chilena. poema traduzido por Jeronymo Rivera.(1889-1957)

Professora primária em zona rural, foi a primeira figura literária feminina a ganhar o Prêmio Nobel no continente americano. É autora, entre outros livros, de Desolacióm, Ternura, Tala y Lagar.

 
Autor
AjAraujo
Autor
 
Texto
Data
Leituras
826
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
0 pontos
0
0
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.