Crónicas : 

Tipo Estranho

 
Eu não sou normal. As vezes a minha estranheza é tamanha, que chego a perguntar-me se sou eu mesmo. As razões para minhas atitudes estranhas, desconheço, não tenho a menor noção de quaisquer influência para essa estranheza aguda. Careca, por vezes com a barba grande, alto, musculoso, com a cara sapecada, joelho estourado, calço 46 na forma das sandálias legítimas, tenho pelinhos no peitoral... Eu sou muito estranho.
Vejamos: Formei-me em Matemática e vivo a escrever; gosto de livros, de jogos interessantes que usem de estratégias e ao mesmo tempo sou musculoso de maneira similar a um lutador de MMA, músculos esses conseguidos após três anos de intensa atividade física diariamente na academia "O Porão".
Conheces alguém que já sofreu preconceito por ser "meio intelectual e musculoso ao mesmo tempo"? Pois é, euzinho. Estava na Conferência Estadual de Cultura como Delegado no eixo temático: Livro e Escrita, antes de começarem os trabalhos passeava eu com minha camiseta apertada no corpo, devido aos músculos, quando um Senhor com trajes estranhos olha para minha cara e diz; "Algumas pessoas não têm nada haver e estão por aqui", no final do encontro esse mesmo senhor disse que eu fui uma grata surpresa. Eu sou estranho.
Recentemente fiz uma prova de concurso, fiquei em primeiro lugar em minha área (Matemática), mas um detalhe, jamais passaria despercebido, minha pontuação foi a seguinte: 86% em Português, 93% Nos conhecimentos de LDB, 60% em conhecimentos contextuais e 20% em Matemática; que patético! Ter rendimento de 20% na área de formação e ainda assim ficar em primeiro. Eu sou estranho.
Meus alunos dizem que sou doido, aloprado: ando desengonçado e depois de uma cirurgia no joelho fiquei pior; monto a minha lambreta amarela e saio a 110, 120Km/h cantando ao embalo do vento no rosto. Salto de tirolesas, escrevo crônicas, contos e poesias (mal, mas escrevo)
Crio dois cachorros: um pitbul e uma puldo (perdão pela escrita). Quando saio com a puldo na rua as pessoas ficam a olhar: um monstro que cuida de um bichinho tão pequenino. Eu sou estranho.
Sou baiano. Não gosto de axé, não gosto de farinha, não gosto de pimenta, não gosto de carnaval em Salvador.
Falo sozinho, canto sozinho, moro sozinho e até gosto de tudo isso, ao menos assim não têm nenhuma pessoa para ser testemunha das inúmeras vezes que jogo um moeda para o ar e olho qual lado da moeda caiu para cima quando a mesma aquieta-se no chão: cara para mim é um sim, coroa um não. Eu sou estranho.
O sol, ai meu Deus! O sol. 5 minutos diante dele, com a cara rebocada de protetor solar provoca "queimaduras" (não sou albino) de consequências catastróficas, que o digam minha dermatologista.
Eu sou tão estranho, que chego a acreditar não ser daqui, devo ter vindo de um planetazinho que fica entre a Terra e a Lua chamado Wiltió e lá todos devem ser assim, normais, por isso aqui entre vós sou tão estranho..

 
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Sóstenes10
 
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