Poemas : 

[ … e esconde-se o dia sem aviso

 
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e esconde-se o dia sem aviso
mesmo que as horas o não desejem.

Porque te desejo tão pela noite?

Excelso sol de tantas cores que tapa iguais sombras,
envelheço-me encarquilhando-me de sonhos perdidos,
no meio de nenhures,

que me desgastam das visões outrora límpidas.

Auroras outrossim de outrora.
Crepúsculos outrossim de outrora.

Perco-me de mim nessas vastidões por onde te procuro,

pudesse o mar ser plano,
com um suave promontório coberto das amendoeiras
um dia em flor,

pudessem bonanças inundar cada palavra,
adormecer-nos ao relento nas ermas ilhas de corais que se espraiam até onde a vista alcança mar,

pudesse eu despir-me do silêncio,
[acendrar-me, porque não?].

Pudesse eu.

Pudesse eu, arrogar-me
das visões que outrora cintilavam pelo infindo horizonte.

Sucumbo-me silenciosamente.


"Floriram por engano as rosas bravas
No inverno:veio o vento desfolha las..."
(Camilo Pessanha)

http://ricardopocinho.blogspot.com/
ricardopocinho@hotmail.com






experimental, palavras rabiscadas numa Moleskine com prazo de validade.

Auroras outrossim de outrora.
Crepúsculos outrossim de outrora. Parei-me aqui. Outrossim como igualmente a, ou da mesma maneira que.
Girará tudo em volta de outrora? Não sei...

Outrossim – da mesma maneira, igualmente
Acendrar – como purificar
Arrojar – apoderar-se de

“Há Momentos que Resulta tão Difícil Chegarmos a um Sentimento”

“Há momentos em que do fogo sobe para a noite
há momentos que resulta tão difícil chegarmos a um
sentimento.
Descubro uma figura que já não
sei seguir. Há momentos
eu vejo o que se senta à minha frente o amável corte
de cabelo o severo intento tomado como correcto
rosto onde a plenitude era possível. Rosto onde o
passado é a tarde de verão a pequena cidade onde o
sol pode dizer-se cai no campo rosto de passados ou
uma tarde de verão para ter tempo.”

(in "Direito de Mentir" João Miguel Fernandes Jorge)


[“do ciclo, as palavras não têm prazo de validade. “ Riva la filotea. La riva? Sa cal'è c'la riva?” (Está a chegar. A chegar? O que estará a chegar?)]
 
Autor
Transversal
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 26/07/2012 04:13  Atualizado: 26/07/2012 04:13
 Re: [ … e esconde-se o dia sem aviso
Caro amigo poeta, uma busca digna de um herói grego, através dos mares ora calmos ou tempestuosos, assim como o coração. E levas-nos contigo nessa busca do amor, cada viagem mais alucinante. Ficou impecável o teu poema. Aproveito para te agradecer as tuas palavras de incentivo no meu último poema. Grande abraço.


Enviado por Tópico
varenka
Publicado: 26/07/2012 09:42  Atualizado: 26/07/2012 09:42
Colaborador
Usuário desde: 10/12/2009
Localidade:
Mensagens: 4210
 Re: [ … e esconde-se o dia sem aviso
Uma busca que merece aplausos.Obrigada.Mil beijos.Varenka


Enviado por Tópico
TRIGO
Publicado: 26/07/2012 10:05  Atualizado: 26/07/2012 10:05
Colaborador
Usuário desde: 26/01/2009
Localidade: Cabeça-Boa - Torre de Moncorvo
Mensagens: 2309
 Re: [ … e esconde-se o dia sem aviso
...

meu caro poeta: hoje o sol queima e nunca há um livro … »

adeus, com um abraço


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 26/07/2012 13:41  Atualizado: 26/07/2012 13:41
 Re: [ … e esconde-se o dia sem aviso
O poeta tudo pode... até imaginar que nada é possível quando as emoções ( de momento) assim o desejem. Emoções passam e retornam para abundar sentires no poeta que necessita delas para 'navegar' suas mensagens no dia e na noite ... do viver e do amar.

Gostei muito!

Um abraço


Enviado por Tópico
jessicaseventeen
Publicado: 26/07/2012 14:42  Atualizado: 26/07/2012 14:42
Colaborador
Usuário desde: 04/09/2011
Localidade: Coimbra, Portugal
Mensagens: 920
 Re: [ … e esconde-se o dia sem aviso
Faltam-me as palavras

Creio que estarão todas (consumidas)
nos seus versos

Você é maravilhoso!
Não só hoje como sempre que venho aqui
E fico
E-m-b-e-v-e-c-i-d-a

Beijinhos *

Jessica


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 26/07/2012 15:16  Atualizado: 26/07/2012 15:17
 Re: [ … e esconde-se o dia sem aviso
Terra e Mar*

Mistérios dessa brisa
-pudesse eu navegar no teu olhar-
Um forte, uma ilha
Um sol que arde
Uma promessa de vida

Embrenhas-me
Teu cheiro é meu perfume
-pudesses tu silenciares-me o anseio-
E o mar traz tua forma
Entre meus dedos
Um verso, um poema terreno

Incógnita atração
-pudesse eu apoderar-me de mim-
Um fio de maresia
Um desejo sem noção

Tal noite na proa
-pudesses tu seres em mim-
Sonhos atracados
Em amorosa compulsão

-e a prosa se faz entre meu céu e teu chão-

Karinna*



'pudesse eu despir-me do silêncio,
[acendrar-me, porque não?].'O Transversal