Poemas : 

A Cura

 
Dentro da mais rígida, da mais dura,
Dentro da mais ríspida e suja "armadura"
Repousa um ser servil e mui mal amado

Que vive amalgamado em amargura
Com o corpo calmo, o coração gamado
Com a mais estranha e bestial criatura.

Como "cutucaria" minha tia Tuca:
"Quem cria, atura..."
"Quem cria, atura..."

Corredia como a água mais escura
Vai roçando a relva e o arvoredo
Moldando a terra mole e o rochedo
Tanto bate, rebate "inté" que fura...

Traz a língua bifurcada e mui ferina
Onde toca a relva não mais verdura
Faz ser feia a suave brisa matutina
Eclipsa o dia de diamantina alvura...

Tem os gestos frios, frouxos e doentes
Da boca só sai enxofre e malefícios
As mamas murchas, feias e pendentes
As palavras boas? Desperdícios, artifícios...

Usura!.. Usura!... Usura!...

Quando alguém a atormenta
Ela grita, chora, esperneia e urra;
Ridícula, age de forma violenta

Na esperança boba de ser ouvida.
Porém não sabe que nesta vida
Nem para todo mal existe... Cura.



Gyl Ferrys

 
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Enviado por Tópico
Betha Mendonça
Publicado: 01/04/2013 14:22  Atualizado: 01/04/2013 14:22
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Usuário desde: 30/06/2009
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 Re: A Cura
Apreciei muito, Gyl!
O trabalho com as rimas
deu força e vitalidade
a minha leitura
e entendimento do poema.
bj