A vida hoje, pesa em anos, são trinta e cinco,
Várias vezes encontrei e perdi amores
Perdi-me encontrando as maiores dores
Encontrei-me perdido no que não sinto .
Não tenho na alma espaço para véu de flores
Nada do que mais ensejo em mim persisto,
E aos olhos mortais nenhuma beleza consinto
Pálpebras pensantes envolvidas em temores
Cerro os olhos,me inclino numa pequena sesta
Consulto velhos sonhos à muito desgastados
É o meu tudo, no nada que ainda me resta.
Nada: acordo de olhos rubros, encharcados
Ódio de amor em cada assimétrica aresta,
Tantos delírios iniciados e logo apagados.
Paulo Alves