
De nossos ancestrais indígenas
Portugueses, espanhóis e africanos 
Dos sem teto aos retirantes da seca, 
Dos favelados, aos sem terra 
Mas, o que resta fazer 
por nossa gente?
- Se tiver que contar com político, 
nem tente! -
O que nos resta fazer
Senão mostrar seu valor, 
lutar por que lhe foi subtraído
e que lhe é de direito?  
Serão apenas números?  
Como a personagem de Jean Valjean 
– Victor Hugo, Os Miseráveis -,
São anônimos, esquecidos,
Que são frios, indiferentes 
e muitas vezes manipulados, 
Que são somente lembrados 
nas eleições como votos.
 
Que flutuam ante a interesses
insensíveis e elitistas, egoísta 
Marca de grande parcela 
da sociedade de consumo capitalista, 
Que reproduz um modus vivendi
individualista, narcisista 
Que por “natureza” é utilitarista, 
excludente, desigual e desumana.
Ah, onde está o coração do homem?
Com certeza segue o pêndulo
Do ritmo das arritmias,
e assimetrias humanas
Bate em algum lugar no peito, 
rubro coberto de vergonha?
Ou vestido pelo pericárdio manto 
da indiferença para muitos?
E, para outros clamando, 
em um chamado vital, 
Como apelo pela justiça, solidariedade, 
E combate às iniquidades de nosso tempo...
 
        
                AjAraujo, poema inserido em um microconto que escrevi na década de 90: Conto de Inverno.