Poemas : 

Soneto da pergunta insistente

 


Poucas palavras de esperança ninguém vai dizer,
a alma se quedou no alto de um penhasco ao mar
vejo as ondas chicoteando com vigor as falésias
confundindo-se os espirros d’agua com lágrimas.

Ali do alto não vejo passarem invernos, nem outonos,
não sinto o calor das noites quentes flechadas ao luar.
Só me lembro de uma primavera em passado remoto,
chorava copioso abrigado por um salgueiro no quintal.

Aquecia-me o sol germinal acariciando faces infantis
secando-me lágrimas vertidas por ter sido abandonado,
até o arrebol incipiente quando a lua soava voz de prata.

Mirando o luar, e soluçando dizia vez em quando um ai,
entre as flechas do salgueiro fluía minha débil voz:
- Onde estará quem procuro? Onde estará meu pai?

 
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ReflexoContrito
 
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