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Na pujança do nosso eterno amor

 
Na pujança do nosso eterno amor
 
Numa tarde primaveril, fomos passear à beira-mar, o sol se despedia no horizonte, ia dormir carregado de segredos dos homens, deixando no ar a beleza que realçava a formosura das princesas, eu estava com uma delas, toda ela exalando perfume das deusas do amor. Na areia escaldante da praia deixou a marca da sua passagem, sua fragrância se mescla com o cheiro da brisa que parecia seguir seus passos.
Não muito longe da costa, gaivotas efetuavam mergulhos no dorso das ondas, que vinham deixar suas lágrimas à margem, abeiravam-se das banhistas, bramiam e recuavam calmas para outro lado do recife. Seguia-lhes o recuo acabrunhado entre rochas que acalmavam vagas maiores, e ela, indiferente ao esbracejar das ondas, olhava para mim e sorria. Alucinado com seu sorriso arrebatador quis semear a lua nos seus lábios de sereia e ela, simplesmente disse:
-Não, amor! Prefiro perpetuar a minha divina beleza.
Recuei na minha decisão, pedindo perdão às estrelas que já aplaudiam a iniciativa, queriam quanto eu, que ela retocasse a sua fascinante beldade.
-Vá lá querida é só um retoque celestial da lua – insistia.
Mas ela disse que não com um aceno de cabeça, acompanhado do meigo sorriso que me fez conter a persistente teimosia, abeirei-me dela, enlacei meus braços no seu perfeito quadril e beijámo-nos perdidamente. A meiguice e sabor dos seus lábios me fizeram voltar atrás no tempo, em que a levava aos bailes do Carnaval.
-Lembras daquela tarde em que nossos beijos deram nome ao beija-flor?- quis despreguiçar o tempo.
-Eu me lembro, amor, íamos assistir um desfile de Carnaval na machamba.
Foi neste percurso entre rosas e lírios do campo que a Rita, minha esposa, deu nome à pobre ave que imitava nossos beijos, beijando copiosamente uma flor.
Estávamos tão entretidos, em trazer o passado ao presente, que não demos pela passagem do tempo. A noite ia alta, o céu adormecia e as cegonhas pesqueiras regressavam apressadas aos seus ninhos, agarrei no braço da Rita e fomos correndo para a nossa humilde mansão. À porta nos aguardavam a Maira, a Filipa e o João, frutos do nosso eterno amor.

Adelino Gomes-nhaca


Adelino Gomes

 
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Upanhaca
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 19/03/2016 15:14  Atualizado: 19/03/2016 15:14
 Re: Na pujança do nosso eterno amor
Gostei do conto, meus parabéns!