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O grande caderno azul - LVI

 
LVI

Uma típica manhã de domingo gordo de carnaval na terceira Casa bamba/ Vila Embratel. O casalzinho chegou para se vestirem, a reunião é agora pela manhã.Garganta irritada devido um "baseado" que fumei num papel grosseiro na casa de Dr.Oswaldo, o bom vivant ontem a noite depois que deixei meu amado filho na casa dele. Quando contornava a rua do CB-450, encontrei com Periférico sentado na beira do meio-fio cheirando loló, aproveitei e dei uma cafungada num loló meio fraco. Desci a Avenida,passei no Seu Cardoso,o merceeiro que vendia dois ovos para o abusado do Aranha, continuei a minha pequena odisseia. No bar de Dona Jurema, a bela morena simpática com o olhar inocente atendeu-me graciosamente vendendo-me uma lata de cerveja. Com ela na mão andei, mas o clima era morto. Poucas pessoas na avenida e na Praça Sete Palmeira. Olhei a "Ferrari" do meu compadre dr.Oswaldo, o Troira estacionada sobre a calçada dos motoqueiros em frente ao mercado, mas não o vi. Estava em pé encostado nas gôndolas vazias do sacolão de Seu Berete. Assoviou-me. feliz através a estreita pista em sua direção.
- Seu Moleque - Disse-me alegremente ao meu ver - Você eu chamo de moleque. Gosto muito de ti, camarada. Tu é um cara muito legal. Homem de jornal, cara, tu é foda. Vamos fumar uma diamba lá em casa? - Convidou-me casualmente e não hesitei em aceitar.estava mesmo a fim de me enlouquecer, fazia um bom tempo que não dava um tapa na macaca. Como sempre recusei-me a ir na garupa de sua 'Ferrari",preferi fazer a caminhada a pé até sua residência na travessa da Rua 14.
O casalzinho se arrumam.Antenor e suas canções que ninguém entende.Beneplácito patriarca distribuindo migalhas de pão para os gatos abusados que o rodeiam os seus pés. Minha cunhada chega das compras do Mercado é recepcionada efusivamente pela sua chata cadela que late e bana o rabo de contente. Adrielle a princesinha menor ainda dorme toda enroladinha no seu lençolzinho na cama que divide com Larissa. Assisto Globo rural. O sol belo sol radiante enchendo-me de esperança, mas o céu continua fechado. Os gatos entram e saem num movimento continuou. Minha cunhada enfurnada no quarto.

O primeiro passeio de reconhecimento pela Praça do Bacurizeiro, apenas Mizico, Bizico e Turbo bebiam uma litro de conhaque Domus e Dirty Harris perturbando. Comprei dois reais de toucinho defumado e apanhei a língua de boi que deixei pago desde ontem no açougue da Irmãzinha. Na banca de Gorda, a amiga de minha cunhada uma rápida leitura no jornal Itaqui-Bacanga e as mortes da semana. relendo "O Jogador" de meu mestre maior,o russo Dostoiévski, o grande ícone da literatura universal - esse livro tem uma peculiaridade, foi totalmente ditado para uma estenográfica, que seria a sua segunda esposa. A primeira morreu de tuberculose.Adrielle trepada nos meus ombros. Minha cunhada grita no celular, Antenor como um zumbi, anda silencioso no meio da sala.O odor gostos da carne assada na panela de pressão. Assistindo Bob esponja em companhia da pequenina princesa Adrielle.

 
Autor
r.n.rodrigues
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 05/05/2016 14:29  Atualizado: 05/05/2016 14:29
 Re: O grande caderno azul - LVI
Seu caderno bem que me evoca um cruzamento entre dois de seus heróis: Kerouac e Miller... Depois de ver o filme Demónios de São Petersburgo decidi começar a ler O Jogador. Mas só leio quando assisto a partidas de snooker pela tv.

Abraço