Lembro-me bem do meu avô,
Que a meu ver era um deus.
Isso era o que eu imaginava,
Enquanto ele me olhava.
Mas um dia ele se foi
E custei a me acostumar
Sem sua presença
Serena, encantadora e protetora.
Em seu ombro levava coragem,
Enquanto em seu coração, bondade.
No alvorecer do dia,
Bebia seu humilde café,
Sempre cantarolando uma música
Que eu nunca soube de onde tirava,
Saía sorridente e bem disposto,
Para cuidar do roçado,
Que era sua grande paixão.
E só voltava no descansar do sol.
A chuva era sua melhor amiga,
O sol, seu relógio .
A lua, sua grande companheira,
Seu rosário, seu protetor,
E a natureza sua religião.
Às vezes falo com meu avô
Através de um passarinho,
De uma borboleta,
Da chuva molhando a terra
Ou das minhas orações.
Não lembro do meu avô
Sem rugas e de cabelo preto.
Parece que perdi uma grande
Parte da nossa história.
Mas a que escrevemos
Ainda permanece comigo,
Viva e imortalizada
Em meu coração.
Lucineide
A poesia corre em meu sangue
Como a água corre no rio
Sem ela sou metade de mim
Meu nome é fruto de poesia.