Poemas : 

sem telhado pra ventania

 





ah, o pão
o pão
menino à margem
não cabe em tua mão
se nem um lapis
fez-se peso
pra educar ess' ação.

menino à margem
d' um quinhão cidadão
não te cabe a nação
não te cabe
chão pra te
correr
e nem te cabe opinião
pra te deixar viver

menino à margem
do bom viver
do abraço quente
do bom futuro
em seio do presente

não te cabe confiança
e nem esperança

menino à margem
da infância




Aquela mania de escrever qualquer coisa que escorrega do pensamento.

Open in new window

 
Autor
MarySSantos
 
Texto
Data
Leituras
679
Favoritos
0
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
12 pontos
4
4
0
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
Gyl
Publicado: 01/09/2018 00:11  Atualizado: 01/09/2018 00:11
Usuário desde: 07/08/2009
Localidade: Brasil
Mensagens: 16075
 Re: sem telhado pra ventania
Um lápis para poder ganhar o pão. Muito bom, Mary! Gostei da abordagem social. Beijo!

Enviado por Tópico
Rogério Beça
Publicado: 01/09/2018 11:05  Atualizado: 01/09/2018 11:05
Usuário desde: 06/11/2007
Localidade:
Mensagens: 1940
 Re: sem telhado pra ventania
"...menino à margem..."
Falham as oportunidades para quem cresce sem o essencial: alimentação equilibrada (pior a escassez), sem abrigo estável (passando a maior parte do seu tempo na rua, dormindo num chão temporário) e sobretudo a educação, que na forma que deste de lápis tem um peso enorme no futuro.

Havendo excepções, quem cresce à margem, torna-se da margem (o comum marginal, daí vem a palavra).

A segunda estrofe está cheia de "...não cabe..." em que a igualdade é uma miragem medieval, em que os sonhos parece coisa dos outros, ou para os outros.

Finalizando o teu poema.
É comum essas crianças serem adultos precoces, com responsabilidades que não deviam ter e com trabalhos que vão contra tudo o que o liberalismo tentou obter.

Além dos meninos de rua, o teu poema fez-me lembrar a geração dos meus pais que aos 10 anos acabavam a escolaridade obrigatória e iam trabalhar para o campo, ou para a casa das senhoras ricas.

Coisas da miséria (decidi não chamar pobreza)...

Bj

Enviado por Tópico
Betha Mendonça
Publicado: 01/09/2018 17:45  Atualizado: 01/09/2018 17:45
Colaborador
Usuário desde: 30/06/2009
Localidade:
Mensagens: 6699
 Re: sem telhado pra ventania
Mary,
Vejo vários meninos assim nas beiras dos rios aqui da cidade e das ilhas. Um poema da realidade, que mescla a tristeza e poesia que nela há.
Bjs

Enviado por Tópico
Luizfeliperezende
Publicado: 03/09/2018 00:20  Atualizado: 03/09/2018 00:20
Super Participativo
Usuário desde: 04/11/2017
Localidade:
Mensagens: 184
 Re: sem telhado pra ventania
Gostei como tratou a questão social. Abraços.