Poemas : 

Amanhã.

 
Não tenho domínio do inseguro,
Do desespero que aflige,
Da mordaça que abafa
Que cala a voz trêmula
Que insiste em me silenciar.

Talvez eu tenha perdido
O Sol se pondo pela janela
Mas deixarei a porta aberta
Para o amanhecer do novo dia.

Minhas esperanças adormecem
Mas aguardo o retorno do ramo da paz
Vindo de algum bico da Ave alvejante.
As águas diluvianas tendem abaixar
Após recuarem para o leito natalício.
As águias americanas
Tendem a fazer pouso em um outro lugar.

Minhas esperanças estão repousadas
Na Caixa de Pandora.
Ninguém está de todo abandonado.
Do outro lado da rua alguém acena e sorri.
Do lado de cá as açucenas estão impedidas de florir.

Os homens merecem o perdão divino
Pois são crianças adultas e não sabem
O que fazem. Pai, por favor, perdoai.

Não vanglorio de estar do lado vencedor.
Pelo conteúdo eu me sinto constrangido.
Meu irmão, meu amigo... Meu amante não é seu inimigo.
Apenas sonhamos sonhos diferentes
Já que adormecemos em outro sítio,
Em camas separadas e distintas
E quando acordamos percebamos que pertencemos ao mesmo mundo.

O riso contido é o choro confesso.
O abraço não dado é o beijo que espera.
Veja como se comporta a animália
E aprenda com ela a arte de ser feliz.

Hoje resolvi dormir mais cedo.
Vou deixar entreabertas as persianas.
Amanhã de manhã beijo o primeiro Sol.
Desejo do fundo do peito que esteja comigo.



Gyl Ferrys

 
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Gyl
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Enviado por Tópico
poetizando
Publicado: 07/10/2018 00:18  Atualizado: 07/10/2018 00:18
Muito Participativo
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 Re: Amanhã.
Lindo! Sensível e emocionante, parabéns

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 07/10/2018 10:52  Atualizado: 07/10/2018 10:52
 Re: Amanhã.
.
Parece-me que, neste poema, o Gyl andou entre conflitos interiores e inquietações políticas. Afinal de contas, hoje o Brasil vive um dia decisivo para o seu futuro.
Gosto da conjugação do pessoal e do político: em ambos, a sensação de uma caixa de Pandora próxima de ser aberta -- sairá pesadelo ou esperança?
Acho que o meu amigo dá a resposta num verso tão simples e tão belo como:
"Do outro lado da rua alguém acena e sorri."