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demora-te

 
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demora-te amado
demora-te em cada vaga verbo alongado
ao infinito
no teu jeito de ser, mar revolto, voraz,
intempestivo.

demora-te no grito daquela gaivota
a perfurar-me a cera dos tímpanos
no planar audaz dos gaviões
ou ali além, nos mouchões do rio,
demora-te num velejar espelhos
em velas de chapins …

demora-te sim
uma hora
um dia
uma semana
uma vida inteira, que seja.

esperarei aqui sentada
sem mais nada que não um olhar fotográfico
de tarâmbola dourada
um olhar exangue de ave ferida
embuída em calmia que não sabia existir em mim

serena

esperarei até que minha carne jaza putrefacta
que a pele descasque e se esfarele em brando pó
que a minha alma se escorra líquida
em fogo
em lava
esculpida pela boca das palavras …

ai, aves migrantes te dirão que amando esperei e morri por ti!


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Autor
Mel de Carvalho
 
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