Permaneço aqui, pregada à terra
que me abrigou ao nascer
as serras acastanhadas pelos fogos
alcançam o meu olhar…brilhante
o horizonte longínquo olha-me
Coberta de mar, eu sou…
como esta ilha de mágoas, lutas
e incensos mil, colada ao céu
Já não corro por ai, mas
caminho pelos becos da vida
saudosa daquela poesia esquecida
que abraçava o meu corpo tremulo
num longo verso por escrever
Naquela pagina branca de antes
reescrevo palavras libertas
de encantos e de ilusões
que se aconchegam ao peito
numa arritmia fatal de emoções
Renovo-me
em cada palavra escrita
em cada silaba versada
e em cada rima encontrada
E neste poema interminável
reencontro-te …em mim
como um esvoaçar de asas
beijando-me suavemente
numa eterna nudez
Escrito a 19/02/2022