Dobro águas do rio grande Pra calar bocas do vento. Tapo o céu com pedaços de sombra Pra sufocar fofocas e, Como não bastasse, Inda ouve-se o cochichar Das bocas do vento Por detrás das janelas da vida. Na fofoquice, Palavras vestem-se da incerteza e, Antes de desfilarem pelo céu-da-boca, Procuram ouvidos alvos Pra destemperarem suas inverdades. De fofoca a fofoca, O mundo afoga na dúvida Da palavra dita. Cada fofoca tem seu peso n’alma E nos pêndulos da balança, Despidos da verdade Na hora do dizer, Dizer que não devia ser dito Com todo o vento da boca.