Poemas : 

O Velho Marinheiro

 
O Velho Marinheiro
 
Repousado sobre o outeiro
(Vistas velhas e cansadas)
Chora o velho marinheiro
Ao olhar as enseadas.

No vetusto rosto lasso
Marcas do sal e do sol
Tatuado no seu braço
Um galeão espanhol.

Barba longa e cristalina
Balançando na cadeira
No peito a medalha brilha
Ganhada em longa carreira.

E vendo o sol no poente
Morrendo em berço marinho
Lembrança em ondas na mente...
Tardes tristes tão sozinho.

Labuta eivada de histórias
Na parede da memória
Ilha de Chipre, Sicília,
Madagascar e outras ilhas.

Sendo só resiliência
Em seu trabalhoso ofício
Cumpriu com seu compromisso
Hoje só reminiscências.

Lembra do Farol de Creta
Da morte do albatroz
Naquela noite indiscreta
Em que ele fora o algoz...

E lembrou dos sete mares,
Das formosas raparigas
Da fúria das tempestades
Em terras desconhecidas.

Balançando na cadeira
Olhos longe no infinito
Apertando a pederneira
Pra acender o seu cachimbo.

Morre o dia e a noite vai
Na memória afetiva
Lembrança daquela vida
Que não volta nunca mais.

Entra a noite em lua cheia
E no peito uma saudade
Ondas brincam com a areia
Luzes, longe, na cidade.






Gyl Ferrys

 
Autor
Gyl
Autor
 
Texto
Data
Leituras
152
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
14 pontos
2
2
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
rosafogo
Publicado: 26/05/2023 15:49  Atualizado: 26/05/2023 15:49
Usuário desde: 28/07/2009
Localidade:
Mensagens: 10484
 Re: O Velho Marinheiro
Gostei desse velho marinheiro com tantas lembranças de saudade, que tanto se parece comigo, a saudade é um fogo interior que jamais se consome.

Belo seu poema.
bj.