Sou apenas esse ser admirável,
Colocado na vida por vocação,
Poemas e poesias no coração,
À procura de outro ser amável
Que faça mais feliz o meu sorrir.
De que sou capaz para existir?
Sou eu capaz de me policiar?
Procuro a arte de me conhecer,
Aceitar a mim mesmo
Para, enfim, poder me doar.
Não sou nenhuma ilha.
E, mesmo se fosse, faria —
Creia-me, meu bem —
Uma ponte até alguém,
Somente para amar!
Se eu fosse um astro fosco,
Ou um planeta isento de sol,
Ou mais um cometa louco,
Consumiria todo o meu ser
Para que minha luz chegasse
Até onde sua alma repousasse,
Para morrer dentro de você!
Sei que sou de barro e de pó
E que sou incapaz de viver só.
Preciso de alguém participante,
Que seja um vento refrigerante
E faça alvoroço nas cortinas
Das janelas da minha vida.
Fujo da ambiguidade e do paradoxo.
Sou humano, amo e reconheço no próximo
Um espelho, espelho meu,
Onde encontro um alguém mais bonito
Do que eu.
E dou-lhe existência positiva
Dentro do meu ser.
Amo-te e preciso muito de você!
Proporciono participação do meu mundo
Para que eu possa participar do seu-meu.
Hei de sair do jardim fechado do meu-eu
Para fazer o que, por ora, é o mais importante:
Fazer com que os outros sejam mais importantes
Do que nós!
Gyl Ferrys