Poemas : 

A boca em si, nunca se diz, amargurada

 










Amarga-me.
Não a boca.
Nem a colher que se guia só.
Para entregar mel.

Amarga-me o méleo do tempo.
Nas escadas que sobem
para outras descidas.

Amarga-me os grasnidos da gaivota.
Quando por sóis cegados.

Por despertar o facho da loucura,
ancorado nos dentes cerrados.

Os olhos amarguram-me
- ao redor da vida.

Sem me amargarem as partidas.
Nem a corrida ao choro.

Amarguro-me, em única amargura.
Amargurada pela abrasadura do medo,
na boca em labareda, de tão seca.

Amargam-me, os bafos na boca,
com sopros lavrando por dentro.

A boca, em si, nunca se diz amargurada.











Zita Viegas















 
Autor
atizviegas68
 
Texto
Data
Leituras
63
Favoritos
1
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
13 pontos
1
2
1
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
iLA
Publicado: 10/06/2025 21:03  Atualizado: 10/06/2025 21:03
Colaborador
Usuário desde: 25/11/2024
Localidade: Brasil
Mensagens: 699
 Re: A boca em si, nunca se diz, amargurada
.
.
.


Agradeço a leitura.



iLA 🌻